“É difícil como encontrar uma agulha num palheiro”, diz PM durante busca por helicóptero em SP
05/01/2024 às 10h05
O Major Joscilênio Fernandes, da Polícia Militar (PM), responsável pelas buscas do helicóptero que desapareceu no litoral norte de São Paulo, afirmou à CNN que a operação é “como procurar uma agulha no palheiro”.
Às 7h30 desta sexta-feira (5), começou o quinto dia de buscas pelo helicóptero desaparecido. A aeronave sumiu do radar no domingo (31), mas as operações de resgate começaram no dia seguinte.
Segundo o Major, neste quinto dia de operação, cinco tripulantes da PM voaram em direção à Ilhabela para auxiliar nas buscas. De lá, retornam para São José dos Campos, onde uma base foi montada.
Para o PM, a maior dificuldade na operação está nas condições climáticas, que não são favoráveis desde o dia do desaparecimento. Além disso, é uma região montanhosa e de serra do mar, fatores que dificultam a visualização da aeronave.
“O helicóptero é cinza, e se ele tiver debaixo das árvores, uma vegetação espessa, fica muito mais difícil o trabalho visual, por mais que a gente seja treinado para isso e estejamos voando baixo”, afirma Fernandes.
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O Major relata também que já voou na região e teve que fazer um pouso de emergência na época. “A decisão do piloto de fazer um pouso de emergência, próximo a uma represa, foi uma decisão sensata no meu modo de ver”.
O raio de buscas está sendo mantido na serra do mar, entre Salesópolis, Natividade da Serra e Caraguatatuba.
“É uma área muito extensa, pois não sabemos qual foi a tomada de decisão do piloto após ter feito o pouso forçado. Ele iria pra Ilhabela, depois Caraguatatuba e talvez Ubatuba. Não vamos cansar enquanto não acharmos o helicóptero. Mas não é um trabalho fácil”.
Quem pilota o helicóptero?
A aeronave que sumiu era pilotada por Cassiano Tete Teodoro, que tem 44 anos. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) cassou sua licença e habilitações devido a “condutas que representam um risco sério para a segurança da aviação”. Cassiano tentou recorrer, mas a decisão foi mantida.
Cassiano Tete Teodoro foi cassado por várias razões, incluindo evasão de fiscalização, fraudes em planos de voos e práticas de transporte aéreo ilegal, segundo a Anac.
Segundo a agência, em outubro de 2023, depois de um período de dois anos, que é o máximo permitido por lei para a penalidade de cassação administrativa, o piloto conseguiu obter uma nova licença para ser um Piloto Privado de Helicóptero (PPH), e voltou ao sistema de aviação civil. No entanto, é importante ressaltar que essa licença não permite que ele realize voos comerciais de passageiros, conforme informou a Anac.
A advogada Érica Rodrigues Zandoná, que está representando o piloto, afirma que a defesa não irá comentar até investigar todos os fatos com o cliente.
Quem mais estava a bordo
O empresário Raphael Torres, de 41 anos, convidou sua amiga Luciana Rodzewics, de 46 anos, e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, para irem no voo.
O namorado de Letícia, o militar Henrique Thiofilo Stellato, disse que eles pretendiam fazer uma viagem rápida para Ilhabela.
Na quarta-feira, o Stellato disse que a família ia fazer uma vaquinha para contratar pessoas que possam ajudar nas buscas. No entanto, depois eles decidiram suspender a ideia.
Helicóptero chegou a fazer pouso de emergência
Devido à pouca visibilidade, o piloto teve que fazer um pouso de emergência em uma área de mata. Letícia enviou uma mensagem ao namorado dizendo que o tempo estava ruim e que não era seguro voar. Ela não sabia exatamente onde o avião pousou.
Às 14h42, o piloto Cassiano Tete Teodoro entrou em contato com o heliponto onde iria pousar e informou que estava com problemas para atravessar a serra. Às 14h49, ele disse que ainda estava procurando um local com céu claro para subir com o helicóptero e passar pelas nuvens. Pouco mais de cinco minutos depois, Cassiano comentou que iria tentar passar por cima da serra.
Por volta das 15h13, o operador do heliponto tentou novamente entrar em contato com o avião, mas não recebeu resposta. O último sinal registrado nos radares ocorreu por volta das 15h, quando o helicóptero estava sobrevoando a Serra do Mar próximo à cidade de Caraguatatuba, no litoral norte.
Como o helicóptero está? Ele desapareceu?
O helicóptero que iria para Ilhabela é um modelo Robinson R44, fabricado em 2001. Ele pode levar até três passageiros junto com o piloto.
De acordo com a Anac, o helicóptero PR-HDB não pode ser utilizado como táxi aéreo. No entanto, o certificado de verificação da aeronave está em ordem e só precisa ser renovado em junho de 2024.
A aeronave desaparecida está pintada com as cores preta e cinza. Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (4) o especialista em segurança aérea Lito Souza afirmou que as cores do equipamento dificultam as buscas, já que podem gerar uma espécie de camuflagem em relação à vegetação.