Economista afirma que a política tarifária de Trump desafia a ordem neoliberal

As medidas dos EUA visam o Brics e devem impulsionar a diversificação do mercado brasileiro.

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(Imagem de reprodução da internet).

A economista e pesquisadora Marilane Teixeira declara que as tarifas de 50% aplicadas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos importados do Brasil e de outros países emergentes “questionam a ordem neoliberal”. Segundo ela, a ação visa o BRICS e pode representar uma chance para o Brasil diversificar seus mercados e diminuir a dependência da economia americana.

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O que se observa atualmente é um processo similar à abertura dos anos 90, impulsionado por uma iniciativa da maior economia do mundo […]. Tem como alvo também o BRICS, não tenho dúvidas a respeito, esse é o objetivo. Isso significa que o BRICS está incomodando o governo (do presidente dos EUA, Donald) Trump, o que é notório.

Teixeira considera que a ofensiva tarifária dos EUA tende a isolar o país geopoliticamente. “Você vai criando outras alternativas com outros países e outros continentes que, de alguma forma, vão substituindo essa dependência da economia americana.” […]. O governo Trump sai fragilizado desse processo todo, acho que vai ser derrotado. […]. Estamos num momento em que o neoliberalismo está em xeque, ele nunca esteve tão em xeque como está nesse momento.

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A pesquisadora considera que essa situação pode criar condições para “um novo modelo econômico e político que não esteja baseado no liberalismo nem no autoritarismo”.

Os efeitos no país.

As tarifas entraram em vigor nesta quarta-feira (6) e o governo brasileiro apresentou um plano de emergência para reduzir os efeitos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estima que aproximadamente 2% das exportações brasileiras incorrerão em perdas diretas e não poderão ser facilmente direcionadas, destacando, em particular, o setor de fruticultura.

Teixeira, por sua vez, adverte que o impacto pode ser concentrado e atingir fortemente determinadas regiões e cadeias produtivas. A economista cita, por exemplo, o setor de hortifruti, voltado principalmente para a exportação, e que pode deixar de colher produtos por considerar pouco lucrativo vender no mercado interno. Já no setor de calçados e artigos de viagem, como bolsas e malas, ela destaca uma concentração produtiva no Sudeste, Sul e também no Nordeste do país.

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Estudos apontam para um impacto em torno de 140 a 150 mil empregos. O desemprego afeta uma comunidade, uma região, sobretudo quando é muito concentrado. Isso pode ter um efeito multiplicador.

Ela defende que o cenário atual demanda intervenções rápidas do governo, incluindo a facilitação do crédito, a diminuição das taxas de juros, a preservação dos empregos com apoio estatal e o aumento dos gastos públicos, principalmente com produtos agrícolas. A economista também critica a falta de interesse tradicional dos grandes produtores no mercado interno.

Apresenta um elevado potencial de lucratividade e, frequentemente, é realizado em prejuízo do mercado interno. O mercado interno não é prioridade, muitas vezes, para esses segmentos.

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Fonte por: Brasil de Fato

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