Edinho Silva sobre respostas a Trump: “É o momento do povo brasileiro debater que país nós queremos”

Líder do PT argumenta a favor da soberania nacional e questiona a pressão dos Estados Unidos em relação à aproximação do Brasil ao Bloco de Países Emerg…

26/07/2025 14h17

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(Imagem de reprodução da internet).

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, defendeu que o Brasil responda com firmeza e autonomia à ofensiva do governo de Donald Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre a importação de produtos brasileiros.

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Edinho ponderou que o momento histórico e a mobilização popular em defesa da soberania nacional possibilitam que o governo dispute com o Congresso uma pauta mais à esquerda, próxima da que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, e que a discussão deve partir do povo.

A declaração foi proferida ao Brasil de Fato durante o Ato em Defesa da Soberania Nacional, que ocorreu no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), localizado no Largo São Francisco, no centro da capital paulista.

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Edinho, que recentemente assumiu a presidência do PT com o apoio de Lula, considerou que o ataque de Trump também busca minar o protagonismo do Brasil no BRICS e em outras alianças multilaterais. Para ele, há interesses em jogo quando se trata da atuação brasileira em tecnologias estratégicas e setores como terras raras e o Pix. “Não somos um puxadinho dos Estados Unidos”, declarou.

Com trajetória ligada à comunicação e à articulação política, Edinho é visto como figura de conciliação interna no PT e nome-chave na coordenação da possível campanha de reeleição de Lula em 2026. Ao assumir o comando da sigla, afirmou que seu papel será organizar o partido para os desafios do próximo período – e, segundo ele, a defesa da soberania nacional está no centro dessa tarefa.

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Assista à entrevista na íntegra.

Qual os sentidos que essa palavra assume nesse contexto histórico?

Edinho Silva: Penso que estamos vivendo um momento histórico, um ato organizado pelas entidades da sociedade civil, pelas lideranças da sociedade civil brasileira, em demonstração de defesa da nossa soberania. E penso que o nosso governo, o governo do presidente Lula, está acertando.

Qual deve ser a atitude do Brasil frente às críticas dos Estados Unidos?

Se o debate se refere à questão tarifária da relação comercial entre os dois países – onde os Estados Unidos têm um superávit de 400 bilhões de dólares nos últimos 15 anos –, então vamos nos sentar à mesa e negociar, vamos conversar, encontrar o ponto de equilíbrio. Se a questão é essa, não? O diálogo tem que prevalecer. O esforço do governo do presidente Lula é pelo diálogo.

Se a questão é o direito do Brasil participar dos BRICS, o direito do Brasil construir relações multilaterais, construir relações econômicas que nos dê mais alternativas para as nossas exportações, importações, trocas de tecnologia, acho que esse debate tem que ser feito de forma soberana. O Brasil tem o direito de construir outras relações.

Considerando que o debate se refere ao Pix, um sistema de pagamento que é um patrimônio do povo brasileiro, gratuito, e que pode estar prejudicando os interesses das empresas de crédito dos Estados Unidos, entendo que o Brasil deve conduzir esse debate de maneira soberana. Ninguém tem o direito de determinar como o povo brasileiro realiza seus pagamentos.

Diante do debate sobre terras raras, onde o Brasil detém 25% das reservas globais, o país deve conduzir esse diálogo de maneira soberana.

Qual é a causa subjacente para essa disputa, em sua opinião?

Acredito que o Brasil não é um mero apoio dos Estados Unidos. Somos um país, um povo, uma nação – e desejamos ser tratados como tal, não é? E essa afirmação indica: a defesa da soberania do povo brasileiro, a defesa das nossas instituições.

É uma chance para o governo promover um debate sobre um programa mais à esquerda, alinhado com o que foi proposto pelo presidente Lula em 2022, e não com a agenda definida pelo Congresso Nacional.

Acredito que é o momento do governo brasileiro — não apenas do governo, mas sob a liderança do presidente Lula — do povo brasileiro debater que país nós queremos.

Não é apenas a questão da renda que o presidente Lula tem apresentado, ou seja, extinguir os privilégios e acabar com a renúncia fiscal de 860 bilhões, que muitas vezes não se justifica. Afirmo que temos renúncia fiscal de forma permanente no Brasil. A renúncia fiscal muitas vezes se justifica para que uma cadeia produtiva se organize, se consolide comercialmente, se fortaleça economicamente.

Não há nenhum lugar do mundo que possui isenção fiscal para sempre. Quando a isenção fiscal é permanente, quem paga a conta é o povo brasileiro. A educação tem que funcionar, a saúde tem que funcionar, a segurança pública tem que funcionar. E se nós não estamos arrecadando, se as empresas não estão contribuindo, quem está contribuindo é o povo.

Se há empresa não pagando tributo, ou pagando indevidamente, o que paga é quem compra o pãozinho, o arroz, o feijão, o medicamento. Nós não queremos um país de privilégios – queremos um país de igualdade de oportunidades. Então esse debate está colocado. E agora, o debate da soberania nacional.

Não nos sujeitaremos a nenhum país do mundo. Desejamos dialogar de maneira igualitária com todos os países, mas submissão, não. Porque nós não somos um povo submisso. Nós não somos um país submisso.

Fonte por: Brasil de Fato

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