Efeito Cantillon: Entenda o que é e a relação com a inflação

Efeito Cantillon: Descubra como a inflação impacta de forma desigual a economia, com o funcionamento e a teoria por trás desse fenômeno.

05/10/2025 18:04

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Efeito Cantillon: Entenda o que é e a relação com a inflação
(Imagem de reprodução da internet).

Efeito Cantillon: A Real Distribuição de Riqueza na Política Monetária

A forma como os bancos centrais injetam dinheiro na economia pode ter consequências muito diferentes do que se imagina. A teoria do efeito Cantillon, proposta há séculos, revela que a expansão monetária não é um processo neutro, mas sim um mecanismo que beneficia de forma desigual os diferentes grupos da sociedade. A resposta a quem se beneficia mais não é aleatória: aqueles que recebem o dinheiro primeiro tendem a comprá-lo antes que os preços subam, acumulando riqueza, enquanto trabalhadores e a população em geral sofrem com a inflação que corrói o poder de compra.

Essa dinâmica é resultado de um processo hierárquico. Quando um banco central aumenta a oferta de dinheiro, os bancos e instituições financeiras mais próximas a ele têm acesso prioritário a essa liquidez. Esses agentes, por sua vez, utilizam o capital barato para investir em ativos antes que os preços subam, enquanto o restante da população só recebe o dinheiro quando a inflação já está em curso, reduzindo o valor do que conquistaram.

O conceito, originalmente desenvolvido por Richard Cantillon, um banqueiro e economista irlandês do século XVIII, se torna particularmente relevante no contexto das políticas monetárias modernas, onde os bancos centrais injetam trilhões de dólares ou reais na economia. A observação de Cantillon, que notou que os primeiros beneficiados eram os nobres, grandes comerciantes e banqueiros com conexões diretas com o comércio colonial, permanece válida, apenas substituindo o ouro e a prata pela liquidez digital criada pelos bancos centrais.

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Entendendo o Mecanismo em Ação

Para visualizar o efeito Cantillon, considere o que acontece quando um banco central reduz as taxas de juros e expande a base monetária. Os grandes bancos, com acesso imediato a esse capital barato, direcionam-no para seus clientes mais privilegiados: fundos de investimento, empresas de grande porte e investidores qualificados. Esses agentes utilizam o capital para comprar ativos antes que os preços subam, gerando lucros e aumentando seu patrimônio.

À medida que esse dinheiro circula, os preços começam a subir devido ao aumento da demanda, mas essa alta não é uniforme. Primeiramente, os preços de ativos financeiros, como ações, sobem, seguidos por imóveis, commodities e, por fim, bens de consumo e salários. Essa sequência explica por que o IPCA oficial pode parecer controlado, enquanto ações e imóveis disparam, criando a falsa impressão de que não há inflação significativa.

Exemplos do Efeito Cantillon no Brasil e nos EUA

Nos Estados Unidos, após a crise de 2008, o Federal Reserve injetou US$ 4,5 trilhões através dos programas QE1, QE2 e QE3. Bancos como Goldman Sachs e Citigroup receberam esses fundos a juros próximos de zero e os usaram para comprar ativos desvalorizados. O resultado foi que o S&P 500 subiu 300% entre 2009 e 2020, gerando US$ 20 trilhões em ganhos para investidores. Enquanto Wall Street celebrava, o restante da população encarava um cenário diferente: o desemprego chegou a 10%, os preços de alimentos subiram 15%, mas os salários permaneceram estagnados. O patrimônio do 1% mais rico cresceu 50%, enquanto o dos 50% mais pobres caiu 20%.

No Brasil pós-2014, o padrão se repetiu com números igualmente impressionantes. A injeção de R$ 1 trilhão via redução de compulsórios bancários beneficiou principalmente bancos que especularam com títulos públicos. O resultado foi que o patrimônio dos mais ricos cresceu 50% através de ações e imóveis valorizados, enquanto trabalhadores perderam uma década de ganhos reais.

Implicações para Investidores

Para investidores, entender o efeito Cantillon significa ter uma vantagem estratégica ao antecipar movimentos de mercado baseados em políticas monetárias. Quando há sinais de expansão monetária, saber que ativos financeiros subirão antes de bens de consumo oferece uma oportunidade de posicionamento de carteira. Além disso, esse conhecimento ajuda a identificar o momento correto para realizar lucros, reconhecendo quando a inflação está migrando de ativos financeiros para bens de consumo, sinalizando o fim do ciclo de alta.

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