Eleições em Portugal: imigração é principal tema; compreenda o que está em jogo
Aproximadamente 1,5 milhão de estrangeiros vivem no país, correspondendo a cerca de 14% da população total.

Os portugueses votarão neste domingo (18) para a sua terceira eleição geral em pouco mais de três anos.
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Verificamos algumas das principais questões que estão em jogo na votação:
Qual o motivo das eleições antecipadas?
O primeiro-ministro Luíz Montenegro não obteve aprovação no parlamento em março, em uma votação que ele mesmo propôs, após a oposição questionar sua integridade em relação às negociações com a empresa de consultoria em proteção de dados de sua família.
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Isto motivou o presidente Marcelo Rebelo de Sousa a dissolver o parlamento e a convocar eleições.
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O líder da Aliança Democrática (AD), de centro-direita, rejeitou alegações de irregularidades. Pesquisas de opinião indicam que sua reputação permanece praticamente inalterada, conforme a percepção pública considera uma questão ética sem implicações criminais.
Quais são os resultados das pesquisas de opinião.
O AD chegou ao poder após vencer uma eleição no ano passado, com aproximadamente 29% dos votos e 80 assentos em um parlamento de 230 lugares. Estudos de opinião indicam que o partido retomou a liderança antes das eleições, porém ainda com chances reduzidas de obter uma maioria efetiva.
O agregador de pesquisas da Rádio Renascença apresenta o AD com pouco mais de 32%, 10 pontos percentuais inferior ao apoio que uma maioria plena de 116 cadeiras lhe proporcionaria.
Os socialistas de centro-esquerda ocupam a segunda posição nas pesquisas, com 27%, ligeiramente inferior aos 28% registrados há um ano, sendo seguidos pelo partido de ultradireita anti-imigração Chega, com 17%, com pouca diferença em relação à eleição anterior, quando quadruplicou sua representação parlamentar.
A Iniciativa Liberal, de direita, ocupa a quarta posição e é considerada por diversos especialistas uma possível parceira de coligação para o AD, embora apresente apenas 6% nas pesquisas, o que ainda a colocaria fora da maioria.
O descontentamento popular cresceu devido às eleições frequentes e à instabilidade do governo, e especialistas preveem um aumento da abstenção eleitoral após 6,47 milhões de pessoas não terem votado em 2024.
Imigração é principal questão.
Aproximadamente 1,5 milhão de estrangeiros vivem em Portugal, o que representa cerca de 14% da população total, um número quase triplo daquele registrado há uma década. Entre 2015 e 2023, sob o governo socialista, Portugal implementou um dos regimes migratórios mais acessíveis da Europa.
O incremento de chegadas, notadamente da Ásia, tem promovido um sentimento anti-imigração e fortaleceu o Chega nas eleições do ano passado, embora o partido de extrema-direita tenha perdido força nas pesquisas de opinião posteriormente.
O governo de Montenegro intensificou as normas de imigração, em linha com os esforços de outras regiões da Europa contra o extremismo de direita, ainda que o país permaneça relativamente receptivo, particularmente para migrantes do Brasil e de países africanos de língua portuguesa.
Migrantes frequentemente lidam com empregos instáveis e salários reduzidos, embora economistas sustentem que eles contribuem de forma relevante para o desenvolvimento econômico e a proteção social.
Estabilidade política
A pesquisa de opinião indica que os eleitores portugueses estão cada vez mais insatisfeitos com as elites políticas e um sistema eleitoral que perpetua um ciclo de governos de curta duração e dificuldades legislativas.
A instabilidade política pode gerar atrasos em reformas estruturais e grandes projetos, como a exploração de lítio no norte, e pode comprometer a aplicação eficaz de recursos da União Europeia e a privatização da companhia aérea TAP, que há muito tempo está adiada.
Salários e impostos
O salário médio em Portugal, em torno de 2.000 euros (R$ 12.730,00) mensais, é inferior à média da União Europeia de 3.155 euros e a mais baixa da Europa Ocidental, o que leva muitos portugueses a procurar oportunidades de emprego com melhores salários em outros países.
O governo de Montenegro implementou diversas ações para combater a saída de profissionais qualificados, incluindo reduções de impostos e vantagens salariais direcionadas a jovens e às empresas que os empregam.
Diante do aumento contínuo dos custos de vida, após longos períodos de inflação acima da média, os eleitores esperam por ações mais efetivas para elevar salários, diminuir impostos, aprimorar a segurança no trabalho e reforçar o sistema de assistência social.
Economia, comércio
Portugal alcançou a maioria dos países da UE em crescimento econômico, com superávits orçamentários e diminuição da dívida, sob governos de centro-esquerda e centro-direita.
A economia apresentou crescimento de 1,9% no ano anterior e a previsão é de um avanço acima de 2% no corrente ano. Contudo, o Produto Interno Bruto reduziu-se 0,5% no trimestre compreendido entre janeiro e março, devido à queda nas exportações líquidas, o que demonstra a fragilidade do país diante das tensões comerciais internacionais.
Os superávits recentes elevaram a dívida pública abaixo de 100% do PIB, recebendo reconhecimento de Bruxelas e investidores. A projeção é de um superávit de 0,3% para 2025, inferior aos 0,7% do ano anterior.
Crise imobiliária
A habitação é uma questão eleitoral central que o novo governo deverá tratar.
O crescimento do turismo impulsionou a economia, porém também gerou uma crise imobiliária, deslocando moradores dos centros urbanos e de áreas suburbanas próximas. Os preços dos imóveis em Portugal aumentaram 9% no ano passado, um valor superior à média da União Europeia.
Saúde
A sobrecarga do sistema público de saúde é uma preocupação, com serviços em declínio, falta de profissionais e longas aguardes. Médicos entraram em greve devido a baixos salários e condições inadequadas, e pacientes sofrem com atrasos de meses para obter tratamento.
Fonte: CNN Brasil