Em Nova York e sem acesso ao governo Trump, Mauro Vieira discute Palestina
O chanceler discutiu o conflito no dia em que autoridades brasileiras buscavam contato com o governo Trump para abordar a questão do aumento tarifário.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve em Nova York na terça-feira (29.jul.2025), em reunião com o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Mustafa, em tentativa de estabelecer um canal de acesso do governo brasileiro ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
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O encontro entre Vieira e Mustafa ocorreu três dias antes do prazo estabelecido por Trump para a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, na sexta-feira (1º de agosto).
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reiterou o apoio do Brasil ao direito inalienável à autodeterminação do povo palestino e à solução de dois Estados. Ele enfatizou a necessidade urgente do fim das operações militares em Gaza e condenou o aumento da situação humanitária na Faixa de Gaza, caracterizada pela fome.
Em 9 de julho, o presidente norte-americano divulgou na sua rede Truth Social uma carta direcionada a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando o aumento da alíquota.
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A medida foi justificada, entre outros fatores, pela recente decisão do STF de ampliar a responsabilidade das grandes empresas de tecnologia por conteúdos publicados por usuários e pela utilização de estratégias de busca por “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento de 2022, referente à tentativa de golpe de Estado.
As justificativas de Trump fortaleceram, no poder, uma linha de defesa da soberania nacional, o que elevou a popularidade do governo Lula, que enfrentava dificuldades.
Com a aproximação da implementação das tarifas, autoridades brasileiras buscam contato com o governo Trump. Uma delegação de 8 senadores, coordenada por Nelsinho Trad (PSD-MS), permanece desde o domingo na capital dos Estados Unidos, porém, até agora, não estabeleceu um canal de comunicação com o governo Trump.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), indicado por Lula para liderar as negociações com os EUA, declarou nesta semana que existe o “empenho” do governo brasileiro em responder à taxa de 50%. Lula, contudo, já afirmou que Alckmin não consegue dialogar com os EUA.
Ninguém pode afirmar que o Alckmin não deseja conversar. Ele liga para pessoas diariamente e ninguém quer dialogar com ele. Assim, o presidente declarou: “Este país é um país do bem”.
O presidente Lula indicou interlocutores que não fará contato telefônico com Trump. Conforme apurado pelo Poder360, o Itamaraty esperava um “sinal” de Washington para prosseguir com o diálogo.
Apoiadores do petista afirmam que o plano de negociação está na carta confidencial enviada ao governo americano em 16 de maio, contendo sugestões do lado brasileiro.
O documento, encaminhado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao embaixador Jamieson Greer (alto cargo do Representante Comercial dos EUA), não recebeu resposta.
O próprio Mauro Vieira afirmou em 28 de maio que, até então, não havia tido contato com o seu homólogo norte-americano, o secretário de Estado Marco Rubio, desde a posse do republicano no cargo.
O chanceler brasileiro afirmou, em audiência pública na Câmara, que encaminhou uma carta ao então senador, na época de sua indicação por Trump, oferecendo sua disposição. Nunca obteve resposta de Rubio, que ocupava a Secretaria de Estado por quatro meses.
Fonte por: Poder 360