O CADE transformou a análise da operação entre as empresas Marfrig e BRF do rito sumaríssimo para o ordinário nesta segunda-feira (4.ago.2025). A decisão responde ao recurso apresentado pela Minerva, concorrente direta e interessada no processo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A Superintendência Geral do Cade havia, inicialmente, aprovado a operação sem restrições. Contudo, o Conselho identificou complexidades que justificam uma análise mais aprofundada. Dentre elas, a participação do fundo Salic (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company) nas três empresas envolvidas.
A recorrente sustenta que a Salic, por meio da subsidiária SIIC (Salic International Investment Company), possui participação relevante na BRF, adquirida em 2024, além de manter investimentos significativos na própria Minerva e ser fornecedora da BRF. A Minerva afirma que o ato de concentração contemplaria a migração dos atuais acionistas da BRF, incluindo a Salic, para a estrutura acionária da Marfrig mediante troca de ações.
LEIA TAMBÉM!
Os fatos alegados, se comprovados, podem indicar um risco concorrencial que ainda não foi adequadamente avaliado nos estudos técnicos, o que reforça a necessidade de uma análise mais aprofundada e abrangente da operação, afirma o documento assinado pelo presidente do Conselho, Gustavo Augusto Freitas de Lima.
A BRF e Marfrig reconhecem que o fundo possui participação minoritária em seus quadros, com 11,3%. As empresas sustentam que a presença da Salic na fusão seria objeto de notificação futura ao Conselho, considerando-se um evento futuro e incerto.
O fundo de investimento Nova Almeida Participações, que detém participação minoritária na Marfrig e na BRF, também protocolou pedido contendo informações sobre a estrutura de controle societário. O documento aponta potenciais riscos concorrenciais decorrentes do poder de marca e do portfólio das empresas envolvidas, além de questões de governança corporativa.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O conselho ordenou a notificação das empresas Salic e SIIC para fornecer informações acerca de sua participação no capital das empresas envolvidas, abrangendo dados sobre controle direto ou indireto, participações acionárias e direitos de preferência.
A decisão estabelece que a Marfrig e a BRF devem submeter um novo comunicado em até 15 dias.
Fonte por: Poder 360