Empresa estrangeira retém 94% dos lucros dos novos campos de petróleo no Brasil
Operário denuncia leilão que transferiu o agronegócio para a BP com apenas 5,6% para o país

A recente descoberta de um reservatório de petróleo e gás no Brasil, na Bacia de Santos, pela multinacional British Petroleum (BP), gerou indignação entre representantes do setor de petróleo do país. A empresa venceu o bloco em leilão de 2022, realizado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deixará o Brasil com apenas 5,6% do excedente de petróleo. Para Tadeu Porto, diretor da Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Petróleo da Northern Fluminense (Sindipetro-NF), a operação reflete o enfraquecimento da soberania energética do Brasil.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“As perdas são significativas, e vemos isso com grande indignação”, disse Porto em uma entrevista à Radio BdF. Ele explicou que a Petrobras, que anteriormente tinha preferência em leilões de participação na produção, foi deixada de lado após mudanças legais implementadas pelo ex-presidente Michel Temer (2016-2018) que eliminaram o requisito para a empresa estatal operar todos os campos.
A BP adquiriu o bloco oferecendo apenas o excedente mínimo exigido. “A Petrobras geralmente deixa uma participação excedente de óleo de 10 a 15%. Isso vai diretamente para o governo brasileiro, e sabemos o valor de um barril de petróleo”, afirmou ele.
LEIA TAMBÉM:
● Leilão de petróleo beneficia a BP, gerando impacto negativo na soberania nacional, declara líder sindical
● Petróleo BP avança 1,9% após achado no Brasil
● Petrobras anuncia maior achado de petróleo no país desde 1998
Risco para a tecnologia e o meio ambiente.
Porto alertou que, além da perda de receita, ceder exploração a empresas estrangeiras como a BP, que possui um histórico de acidentes ambientais e dificuldades financeiras, também enfraquece a liderança tecnológica do Brasil em operações de águas ultraprofundas. “É como se um time de futebol reforçasse seus rivais”, comparou.
Porto mencionou desastres ambientais como o vazamento de 2010 da Chevron e o catastrófico vazamento do Deepwater Horizon no Golfo do México, da BP. Segundo Porto, o Brasil deve proteger sua expertise e vincular a exploração de petróleo a uma transição energética justa. “Temos um plano para a receita do petróleo financiar uma transição justa, incluindo trabalhadores, dentro do quadro da soberania nacional”, afirmou.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Ele argumentou que o país precisa retomar os investimentos em refinarias e construção pesada para agregar valor à produção nacional. “Eram o caminho certo. Infelizmente, os Estados Unidos nos atacaram com a Operação Lava Jato, mas conseguimos recuperar. Se permitirmos que [Presidente] Lula faça o grande trabalho que ele e [ex-presidente] Dilma Rousseff estavam fazendo, tenho certeza de que chegaremos lá, para nos tornarmos um país soberano”, disse ele.
Fonte por: Brasil de Fato