Especialistas e representantes do setor privado manifestaram críticas ao pacote econômico proposto pelo ministro Fernando Haddad, considerando-o uma opção em relação ao possível retrocesso no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O feedback dos setores aponta para dois efeitos centrais que as medidas podem provocar: impacto no crédito e elevação de preços.

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As medidas anunciadas elevarão o custo do capital no Brasil. A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, defende que as propostas visam o aumento de impostos, notadamente sobre o setor financeiro e sobre o rendimento de títulos de renda fixa, atualmente isentos.

Ademais, profissionais do mercado financeiro indicam que a questão fiscal central não está sendo abordada adequadamente, solicitando reformas estruturais e redução de despesas.

O economista-chefe da Way Investimentos, Alexandre Espírito Santo, afirmou: “O mercado adquiriu a crença de que o Congresso seria responsável por mudanças estruturais, mas não foi o que observamos com os anúncios”.

Essa análise é corroborada por Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, que ressaltou em entrevista à CNN Money a ausência de propostas estruturadas que possam resultar em menor despesa pública nos próximos anos.

Acompanhe a repercussão entre entidades em relação ao pacote alternativo ao IOF.

Abrainc

O presidente da Abrainc, Luiz França, afirmou em entrevista à CNN Money na segunda-feira (9) que a taxa de juros para o financiamento imobiliário será elevada devido à tributação das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

O comprador de classe média que financia imóvel no Brasil enfrentará um aumento em sua prestação. Estimamos que essa alta na taxa de juros será de 0,7%, e essa situação acaba excluindo compradores do mercado.

A nova tributação deverá refletir-se na busca por financiamento no Brasil e impactar o mercado imobiliário, em um cenário de taxa Selic em nível elevado, conforme aponta Luiz França.

CBIC

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, declarou em entrevista à CNN Money que as medidas anunciadas na véspera pelo ministro Haddad resultarão em menor investimento na habitação do país.

O setor demonstra grande preocupação com [as novas medidas]. Compreende-se que o governo, para alcançar o equilíbrio fiscal, necessita ajustar as receitas, mas também a eficiência dos gastos, e não tem observado ações de corte de despesas visando esse equilíbrio com a menor carga tributária possível, afirmou.

O presidente da CBIC destacou que há uma carência habitacional de aproximadamente 7 milhões de unidades residenciais. Ele afirmou que as novas medidas impactarão sobretudo a classe média que procura obter financiamento para a compra de um imóvel.

Frente Parlamentar da Agropecuária

A Frente Parlamentar da Agropecuária manifestou nesta segunda-feira (9) que há “profunda preocupação” com a proposta de tributação em 5% dos rendimentos de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), que atualmente são isentas.

A iniciativa foi apresentada pela equipe econômica na noite da última segunda-feira (9), após reunião com líderes partidários.

A responsabilidade pelo pagamento será do consumidor, que terá o aumento refletido no valor dos alimentos, conforme declara a FPA em comunicado.

Entenda.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no domingo (8) alternativas ao decreto que eleva o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). a arrecadação estimada para atender ao arcabouço fiscal será alcançada por outros meios.

Após extensa reunião com os líderes partidários da Câmara dos Deputados, Haddad comunicou que a compensação passará por maior cobrança das empresas de apostas esportivas, as chamadas bets, e pelo fim da isenção de rendimentos de títulos de renda fixa.

Entre as alterações estão a recalibração do IOF, uma medida provisória com compensações de arrecadação, uma PEC para revisão de benefícios tributários e o compromisso com o controle e revisão de gastos primários.

As propostas ainda necessitam de aprovação no Congresso Nacional.

Fonte por: CNN Brasil