Empresários do setor de autopeças solicitam ao presidente Lula que revogue a isenção fiscal concedida à BYD

Associações questionam o desconto de impostos para o sistema SKD, considerando que componentes são importados do exterior e não há produção nacional.

28/07/2025 16h32

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(Imagem de reprodução da internet).

A Abipeças e o Sindipeças encaminharam, na segunda-feira (28.jul.2025), uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para expressar sua oposição à redução das alíquotas de importação sobre veículos SKD (Semi Montados) e CKD (Completamente Montados).

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O documento aponta que a medida fragiliza a indústria nacional e beneficia fabricantes estrangeiros, notadamente a chinesa BYD. Consulte o documento integral (PDF – 237 kB) assinado pelo presidente da Abipeças e do Sindipeças, Cláudio Sahad.

A correspondência também foi direcionada a outros membros do governo, incluindo o vice-presidente e o ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Uallace Moreira, e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres.

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A proposta, apresentada pela própria BYD e em avaliação na Camex, poderá ser votada na quarta-feira (30.jul), em reunião extraordinária do Gecex.

A fabricante chinesa solicitou ao governo a diminuição do imposto de importação de kits SKD e CKD, de 5% para veículos elétricos e 10% para híbridos. As alíquotas vigentes são, respectivamente, 18% e 20%.

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As organizações sustentam que a ação geraria uma competição singular com os veículos fabricados no Brasil e representaria um prejuízo fiscal indevido, além de acionar uma série de consequências.

A conjugação prejudicial dessas circunstâncias certamente causará redução na produção e perdas de postos de trabalho para a indústria automotiva brasileira, além de uma revisão inevitável dos investimentos divulgados por fabricantes e pela nossa área.

As importações de veículos asiáticos cresceram aproximadamente 190% em 2024 e seguem em trajetória ascendente, impulsionadas por uma revisão gradual das taxas de imposto.

O documento também afirma que a concessão do benefício contrasta com programas do próprio governo Lula que buscam impulsionar a competitividade da indústria nacional, como o Mover (Mobilidade Verde e Inovação).

As empresas solicitam que Lula revogue o pedido e alertam sobre o perigo de a decisão pavimentar o caminho para novos processos semelhantes por outras fabricantes.

A BYD não respondeu até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestação.

A carta enviada pela cadeia de fornecedores reforça preocupações já apresentadas pelas quatro principais montadoras instaladas no Brasil. Em 15 de junho, os presidentes de Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors também se posicionaram contra a medida em carta conjunta a Lula. No texto, eles preveem a revisão de pelo menos R$ 60 bilhões em investimentos e apontam risco de demissão de até 50 mil trabalhadores na cadeia automotiva, caso o governo avance com a decisão.

As fabricantes defendem que o modelo SKD – no qual os veículos chegam ao Brasil quase finalizados e recebem apenas a montagem no país – não demanda muitos empregos e não inclui a participação de fornecedores nacionais.

A principal beneficiada pela medida seria a montadora chinesa BYD, que investe em uma unidade em Camaçari (BA), onde Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil e ex-governador, construiu sua trajetória política.

A coordenação da proposta é realizada pelo próprio Rui, a pedido do Palácio do Planalto, o que tem causado incômodo no setor automotivo.

Fonte por: Poder 360

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