Empresas procuram independência do modelo SaaS, optando por soluções de código aberto

Analista destaca restrições de softwares sob modelo de assinatura e propõe nova fase com foco em controle e adaptabilidade.

20/05/2025 10h07

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(Imagem de reprodução da internet).

O modelo SaaS transformou o acesso à tecnologia ao longo da última década. Com poucos cliques e um cartão de crédito, empresas passaram a integrar softwares robustos às suas operações.

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Contudo, o incremento nos custos de capital e a necessidade de otimização têm levado a uma revisão desse modelo.

De acordo com Fred Amaral, CEO da Lerian, diversas empresas passaram a considerar o SaaS como uma dependência custosa. “O que antes proporcionava facilidade, atualmente representa um gasto fixo elevado e, em diversos casos, com resultados em declínio”, declara.

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Empresas arcam com custos elevados por licenças não utilizadas.

Empresas de mídia podem investir entre US$ 7 mil e US$ 11 mil por funcionário anualmente em softwares SaaS.

Uma parcela significativa desses gastos está relacionada a shelfware, softwares contratados que não foram efetivamente utilizados.

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Para Amaral, o modelo baseado em licenças transforma o software em um custo. “Quando a empresa interrompe os pagamentos, o sistema é desligado. Não há valor residual ou ativos desenvolvidos internamente”, explica.

A ausência de personalização e controle técnico restringe a inovação.

Soluções SaaS foram criadas para crescer por meio da padronização, porém, segundo o fundador da Lerian, isso gera dificuldades para empresas que necessitam de integração profunda e flexibilidade.

Amaral afirma que as APIs são rígidas, os pedidos de novas funcionalidades se acumulam e as equipes técnicas passam mais tempo lidando com restrições do que inovando.

Diante do avanço da inteligência artificial e das plataformas low-code, surge a questão de por que investir em soluções padronizadas quando se pode criar soluções personalizadas com maior rapidez e adequação ao negócio?

Empresas de baixo fumo têm dúvidas sobre a escalabilidade de modelos SaaS.

Empresas com margens menores estão entre os primeiros a repensar o modelo.

Empresas de tecnologia financeira informam elevação dos custos por cliente com o aumento da carteira.

Empresas de healthtech alocam até 60% da receita em licenças para sistemas de gestão e cobrança.

As empresas de transporte lidam com tarifas por rota, usuário ou acesso, o que afeta significativamente sua lucratividade.

O modelo SaaS, em diversas situações, transformou-se em um fator limitante, em vez de um motor de crescimento, conforme avalia Amaral.

Open source se consolida como alternativa estratégica.

Diante das restrições do modelo SaaS, soluções open source conquistam espaço como alternativa para empresas que desejam maior controle.

Conforme Amaral, três requisitos se tornaram essenciais: domínio do código, capacidade de personalização profunda e liberdade de infraestrutura.

O CEO ressalta que o open source proporciona três entregas por definição: ausência de taxas recorrentes, sem restrições, e total transparência sobre o que está sendo executado.

Software de código aberto assume importância em grandes organizações.

A adoção do software livre tornou-se uma prática comum em diversos setores.

Pilhas abertas como Apache Fineract estão ganhando força no setor financeiro. Ferramentas como Kubernetes, Git e Terraform são predominantes no desenvolvimento corporativo.

Até mesmo o modelo de nuvem passa por revisão. A 37signals, por exemplo, trouxe de volta sua infraestrutura da AWS para servidores dedicados, economizando milhões.

Empresas no campo da inteligência artificial estão treinando modelos locais para evitar a exposição a APIs externas.

“O mercado está retomando o controle da própria tecnologia”, afirma Amaral.

Empresas precisam analisar a estrutura e os acordos de software.

O idealizador da Lerian afirma que empresas que adquirem sistemas de software devem revisar seus contratos, descartar funcionalidades desnecessárias e buscar maior flexibilidade.

Atualmente, quem propõe soluções deve apresentar opções além do modelo SaaS convencional: código aberto, diversas alternativas de hospedagem e custos determinados pelo consumo efetivo.

Amaral observa que o SaaS não cessou, porém o modelo tradicional está sendo posto em dúvida.

Para ele, a nova fase demanda equilíbrio entre autonomia, eficiência e flexibilidade. “Na Lerian, denominamos isso de liberdade no cerne. É o começo de um ciclo mais inteligente”, conclui.

Fonte: Carta Capital

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