A alta do IPCA-15 de setembro veio em linha com o esperado, mas os analistas do mercado se mantêm atentos para os dados no segmento de serviços, como afirmaram à CNN.
O índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), tido como uma prévia da inflação, registrou aumento de 0,35% em setembro, comparado a uma elevação de 0,28% no mês anterior.
O economista da XP, Alexandre Maluf, considera o dado e as medidas subjacentes como um “sinal neutro para a condução da política monetária”, preservando as previsões para o IPCA em 2023 e 2024, sendo 4,8% e 3,9% respectivamente.
O resultado está em linha com o consenso, destaca Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital. Ela explica que o IPCA-15 apresentou uma abertura benigna da inflação. Embora tenha ocorrido uma alta na inflação de Serviços devido ao aumento das passagens aéreas cujo preço saltou 13% no período.
A inflação de serviços subiu de 0,13% em agosto para 0,53% em setembro. No acumulado de 12 meses, a taxa de inflação de serviços aumentou para 5,59%, comparado a 5,37% em agosto. O IPCA-15 também teve um aumento de 5% no mesmo período.
Uma surpresa altista na inflação de serviços foi destacada por Rafael Costa, analista e membro da equipe de estratégia macro da BGC Liquidez. Este evento foi explicado por uma variação de preços de passagem aérea maior do que o esperado.
Para o especialista, contudo, os itens dos serviços apresentaram resultado um pouco conflitantes no período: enquanto a inflação de mão de obra e condomínio aumentaram para patamares historicamente altos, as inflações de aluguel residencial e empregado doméstico ficaram em patamares historicamente baixos.
“A inflação de serviços foi alta para o período, mas se excluirmos a passagem aérea e a alimentação fora do domicílio da conta, o resultado foi melhor, abaixo da mediana histórica”, explica.
Destaca Alexandre Lohmann, economista-chefe da Constância Investimentos, que houve alta substancial dos preços dos serviços subjacentes. Esses excluem a alimentação fora do domicílio e a passagem aérea da conta. Apresentaram aumento de 0,27% no IPCA-15 de agosto e de 0,34% no IPCA-15 de setembro, embora abaixo da mediana histórica.
Isso ocorre devido à recomposição dos preços de taxa e aluguéis, que voltou a subir 0,40%. “[Serviços] é um segmento bastante acompanhado pelo mercado e pelo Copom nesse estágio do ciclo de desinflação”, destaca o especialista.
Até o fim do ano, os serviços, segundo Lohmann, devem continuar sendo pressionados devido aos reajustes de querosene de aviação e à sazonalidade em transporte de aplicativos e pacotes turísticos.