Estudo aponta baixa eficácia da vigilância por câmeras em SP

Estudo aponta que a Smart Sampa não impactou os índices criminais em São Paulo, ao comparar regiões com e sem o sistema de monitoramento.

30/07/2025 12h57

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São Paulo (SP), 04/07/2024 - Inauguração da central de monitoramento por câmeras do programa Smart Sampa na rua XV de novembro. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Uma pesquisa do CESEC analisou o efeito do programa Smart Sampa, que consiste em monitoramento e vigilância por câmeras nas vias de São Paulo. Os resultados indicaram que o programa não gerou um impacto relevante nos indicadores de segurança pública.

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A pesquisa analisou três índices de criminalidade (roubos, furtos e homicídios) e dois de produtividade policial (prisões por mandado e por flagrante).

De acordo com a análise, não observou-se alteração nos índices em relação a outras cidades do Estado. O estudo conclui que o programa é caro e ineficaz.

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Apesar de ser continuamente promovido pelo prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP), o programa, que engloba câmeras da prefeitura e de particulares em uma rede com dezenas de milhares de pontos de observação, monitorados em uma central de vigilância terceirizada, não evidenciou melhorias significativas nos indicadores.

Utilizando os métodos Difference-in-Differences e event-study, para evitar falhas e ambiguidades nas análises, o estudo comparou dados criminais em delegacias de regiões com adesão ao programa com os de delegacias de regiões sem essa adesão, empregando-se as últimas como grupo de controle.

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Os índices apresentados já possuíam dinâmicas próprias, de declínio ou crescimento, que foram mantidas em relação às demais localidades, conforme o centro de estudos.

A falta de impacto mensurável, mesmo após um ano de operação e com o uso massivo de recursos públicos e agentes de segurança, indica que o reconhecimento facial tem sido mais eficaz como ferramenta de propaganda política do que como política pública baseada em evidências.

A pesquisa evidenciou ocorrências de erros de identificação documentados, que, aliada à ausência de regulamentação específica e ao histórico de vieses raciais relacionados a essa tecnologia, suscita sérias preocupações sobre o impacto social do programa.

Em um cenário de restrição orçamentária e serviços públicos precários, é urgente reavaliar prioridades: a segurança pública deve ser pensada a partir de políticas eficazes, com base em evidências e respeito aos direitos fundamentais, não em soluções tecnológicas que promovem vigilância massiva sem resultados concretos, afirma o CESEC.

A administração municipal apoia o programa.

A Prefeitura de São Paulo declarou, em comunicado, que as comparações apresentadas no estudo eram inadequadas, baseadas em uma metodologia falha e geraram conclusões incorretas.

A prefeitura afirma que o programa é o maior sistema de monitoramento da América Latina, com mais de 31 mil câmeras, e seus resultados comprovam sua eficácia, incluindo a prisão de quase 3.000 indivíduos em flagrante, a captura de mais de 1.550 foragidos e a localização de aproximadamente 80 pessoas desaparecidas.

A metodologia de análise também apresenta falhas ao comparar a capital com cidades do interior do estado, que possuem uma realidade social, econômica e criminal distinta da metrópole São Paulo, que sozinha representa mais de 25% da população do estado e possui um Produto Interno Bruto superior ao de países. Os estudiosos também falham ao apresentar uma introdução com afirmações politizadas, sem qualquer base nos dados analisados no próprio estudo ou em estatísticas e evidências técnicas.

O estudo, disponível no site do CESEC, destina dois anexos a questões técnicas.

A prefeitura declarou que o sistema paulistano valida os alertas com avaliação de agentes humanos, e que não há registro de prisões incorretas em situações de uso do sistema.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte por: Poder 360

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