Estudo aponta que microplásticos conseguem atravessar a placenta e são detectados no cordão umbilical

Pesquisa realizada com gestantes do sistema público em Maceió revelou a presença de microplásticos em cordões umbilical e placenta.

31/07/2025 13h51

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(Imagem de reprodução da internet).

Microplásticos foram detectados, pela primeira vez na América Latina, em cordões umbilicais e placentas de gestantes atendidas pelo SUS em Maceió (AL). O resultado é fruto de uma pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com a Universidade do Havaí. O coordenador da pesquisa, Alexandre Borbely, ressalta a seriedade dos achados. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele enfatiza que a presença de partículas nos cordões, em quantidade superior à encontrada nas placentas, indica que “a placenta não está bloqueando [os microplásticos], está permitindo que passem”.

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É a primeira vez que identificamos esse dado. […]. Acreditávamos que eles iriam para a placenta, ficariam retidos nessa barreira, que é muito eficiente, e não ultrapassariam. Mas este nosso estudo agora […], demonstrou essa passagem para o cordão umbilical, explica. Segundo Borbely, o principal plástico identificado foi o polietileno, comum em embalagens e sacolas descartáveis, mesmo tipo que já aparece em altas concentrações nas praias e lagos da região.

Uma pesquisa, publicada na última sexta-feira (25) na revista Anais da Academia Brasileira de Ciências, foi conduzida com dez gestantes do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e do Hospital da Mulher Dra. Nise da Silveira. As amostras foram analisadas por espectroscopia Micro-Raman, evidenciando 110 partículas de microplástico nas placentas e 119 nos cordões.

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Apesar dos impactos diretos à saúde humana ainda estarem sendo investigados, Borbely destaca que estudos com animais já indicam riscos ao desenvolvimento. “Qualquer pequena coisa que altere esse delicado equilíbrio […], vai alterar a formação desses órgãos. Seja uma alteração visível, seja uma alteração genética, molecular, isso só aparecerá após muitos anos”, alerta.

A Universidade Federal de Alagoas já iniciou uma nova fase do estudo, com o objetivo de reunir 100 participantes e aprofundar a análise sobre possíveis vínculos entre a presença de microplásticos e doenças gestacionais. “A pesquisa brasileira consegue competir de igual para igual fora [do país], só precisamos de investimento”, defende o pesquisador, que relata ter enfrentado dificuldades de financiamento até 2022, quando conseguiu avançar com os estudos.

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Fonte por: Brasil de Fato

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