EUA e Israel encerram negociações e o cessar-fogo em Gaza permanece incerto
Organização atribuiu ocorrência à categoria de “terremoto”; americanos acusam Hamas.

A decisão inesperada dos Estados Unidos de se retirarem das negociações de cessar-fogo para a Faixa de Gaza gerou um “choque” na quinta-feira (24) na capital do Catar, local onde as discussões estavam em curso.
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É um terremoto. Estamos lidando com o tremor secundário, afirmou uma fonte com conhecimento direto das negociações.
As autoridades americanas e israelenses já partiram de Doha, e os negociadores egípcios também devem deixar a capital, segundo duas fontes.
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O Hamas critica a reação dos Estados Unidos, e as negociações de um cessar-fogo se mostram instáveis.
Ainda assim, uma autoridade israelense sênior ressaltou à CNN que as discussões não fracassaram de forma alguma, apontando que ainda há uma oportunidade para que as discussões sejam retomadas.
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A entidade responsável afirmou que a última declaração do Hamas estava “fora da realidade”, ressaltando que Israel não concorda com o número de prisioneiros palestinos que o grupo solicitou em troca dos reféns israelenses.
Se o Hamas atender a essas condições, a fonte ressaltou que Israel está pronto para enviar uma delegação de volta a Doha.
Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, anunciou sua saída das reuniões de Doha devido à alegação de que o Hamas estaria negociando de forma “má-fé”. O grupo palestino criticou a autoridade americana, argumentando que essa justificativa ia contra as discussões mais recentes.
Após essa declaração, a fonte israelense afirmou que Israel espera que o Hamas “se reconecte à realidade” para que as lacunas restantes no acordo possam ser preenchidas.
Compreenda o conflito na Faixa de Gaza
Desde outubro de 2023, Israel tem conduzido ataques intensos na Faixa de Gaza, após o Hamas realizar um ataque terrorista contra o país.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, o Ministério da Saúde de Gaza comunicou que pelo menos 58 mil palestinos perderam a vida e mais de 138 mil ficaram feridos. Essa contagem engloba mais de 7.200 mortos desde o término do cessar-fogo em 18 de março deste ano.
O Ministério não diferencia entre civis e combatentes do Hamas em sua contagem, porém relata que mais de metade dos falecidos são mulheres e crianças. Israel afirma que pelo menos 20 mil são combatentes.
Desde o final de maio, quando a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), sediada nos EUA, iniciou a distribuição de alimentos, a ONU (Organização das Nações Unidas) comunicou que 798 pessoas perderam a vida após tentar obter alimentos.
Das mortes relatadas, 615 ocorreram em áreas próximas a instalações da GHF e 183 em trajetos de convoyes humanitários, sobretudo da ONU.
O Órgão Central de Estatísticas da Palestina anunciou, em 10 de julho, que a população de Gaza havia diminuído de 2.226.544 em 2023 para 2.129.724. A estimativa indica que aproximadamente 100 mil palestinos deixaram Gaza desde o início do conflito.
Entre 7 de outubro de 2023 e 13 de julho de 2025, de acordo com dados oficiais israelenses, cerca de 1.650 israelenses e estrangeiros perderam a vida em razão do conflito.
Inclui 1.200 mortos em 7 de outubro e 446 soldados mortos em Gaza ou na fronteira com Israel desde o início da operação terrestre em outubro de 2023. Desses, 37 soldados foram mortos e 197 feridos desde o ressurgimento dos confrontos em março.
Acredita-se que cerca de 50 israelenses e estrangeiros ainda estejam em cativeiro em Gaza, entre eles 28 reféns considerados mortos e cujos corpos permanecem sob custódia.
Desde 18 de março deste ano, as Forças Armadas israelenses emitiram 54 ordens de deslocamento, que cobriram aproximadamente 81% da Faixa de Gaza. O PMA da ONU declarou que mais de 700 mil pessoas foram compelidas a se deslocar nesse período.
Em 9 de julho, 86% da Faixa de Gaza encontravam-se em áreas militarizadas israelenses ou sob ordens de deslocamento. Diversas pessoas procuravam abrigo em locais de deslocamento superlotados, abrigos improvisados, edifícios e vias danificadas.
Fonte por: CNN Brasil