EUA examinam as terras raras do Brasil, gerando preocupações sobre danos ambientais e sociais

Professor Wagner Ribeiro recorda atrocidades da mineração e propõe modelo sustentável à transição energética.

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(Imagem de reprodução da internet).

O crescente interesse dos Estados Unidos em explorar os minerais de terras raras do Brasil, um grupo de 17 elementos críticos utilizados em indústrias de alta tecnologia e na transição energética, está gerando preocupações sobre os riscos sociais e ambientais associados à mineração.

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O Brasil detém a segunda maior reserva de minerais raros do mundo, ficando atrás apenas da China, e poderá em breve se tornar um alvo da estratégia geopolítica dos Estados Unidos, segundo Wagner Ribeiro, geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP).

Os minerais de terras raras não são, na verdade, raros, eles ocorrem com frequência. O desafio real reside em localizá-los e processá-los, explicou Ribeiro em uma entrevista à Radio BdF. “Esses materiais são extremamente importantes e estratégicos para a transição energética que estamos vivenciando”, ele acrescenta.

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O professor destacou que o presidente dos EUA, Donald Trump, e outros setores do governo americano buscam ativamente garantir o acesso global a essas matérias-primas. Os Estados Unidos negociaram até mesmo com a China para obter seus suprimentos de terras raras. “Embora tenham algumas terras raras, não na mesma escala que o Brasil e a China”, afirmou Ribeiro. “É parte de uma estratégia de longo prazo dos EUA”.

A mineração no Brasil possui um histórico de crimes ambientais.

Ribeiro enfatizou que o problema reside na extração desses recursos, que depende da mineração, uma atividade com um histórico bem documentado de crimes ambientais e violações de direitos humanos no Brasil.

“Infelizmente, temos um histórico de casos criminais envolvendo grandes empresas, deixando para trás danos ambientais que se estendem muito além das áreas de impacto imediatas”, declarou ele, citando os desastres causados pela gigante mineradora Vale no estado de Minas Gerais.

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Essas atividades afetam as comunidades quilombolas afro-brasileiras, povos indígenas e pequenos agricultores, ameaçando sua forma de vida. Isso é profundamente preocupante. Não podemos ignorar as consequências de longo prazo que esse modelo pode ter na vida de milhares de pessoas que vivem nessas áreas, alertou Ribeiro.

Como alternativa, o professor defende uma transição energética que não dependa de recursos minerais finitos. “Com a biodiversidade, é possível produzir e regenerar materiais, permitindo um maior controle sobre o ciclo de produção”, ele afirmou.

A transição energética que prejudica as comunidades não é aquela que eu apoio. É preciso considerar um modelo de produção de energia que preserve os povos indígenas e as comunidades onde vivem. Afinal, eles estão ali há séculos e são um participante fundamental na preservação da qualidade da vida do planeta”, conclui o professor.

Fonte por: Brasil de Fato

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