Ex-chefe da Aeronáutica afirma que ainda é chamado de “melancia” pelo STF

Carlos Almeida Baptista Júnior declarou ter sido compelido a desativar sua conta no X.

21/05/2025 20h49

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Júnior declarou, ao Supremo Tribunal Federal na quarta-feira 21, que continua sendo alvo de ataques nas redes sociais devido à sua recusa em validar uma tentativa de golpe de Estado em 2022.

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Atualmente, ainda existem perfis no Twitter que realizam ataques diários pela manhã, acusando-me e uma pequena parcela de generais, utilizando o apelido de “melancia”. O militar afirmou ter que encerrar sua conta no Twitter.

“Melancia” é um termo depreciativo utilizado por apoiadores de Bolsonaro para provocar certos militares que seriam “verdes por fora e vermelhos (ou comunistas) por dentro”.

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Baptiste Júnior assumiu o papel de testemunha da acusação, sendo incluído na lista apresentada pela Procuradoria-Geral da República.

Assembleia fraudulenta

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O ex-chefe da Força Aérea Brasileira também declarou que se considerou, em uma reunião no final de 2022, a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Tratava-se de uma estratégia para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a vitória eleitoral de Lula (PT).

O procurador-geral Paulo Gonet indagou a testemunha se ocorreu a discussão sobre a prisão de autoridades, em algum encontro com Bolsonaro e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

“Sim, senhor, do ministro Alexandre de Moraes”, respondeu a testemunha. “Isto ocorria nas sessões de ideação. Isto aconteceu. Recordo que houve essa consideração de prender o ministro Alexandre de Moraes, que era presidente do TSE. E amanhã o STF irá conceder um habeas corpus para libertá-lo e vamos prender a todos?”. Estava na fase de brainstorming e surgiu o incômodo.

A Justiça Federal em São Paulo acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro de obstrução de justiça e divulgação de informações falsas.

Baptista Júnior confirmou que o general Freire Gomes, então chefe do Exército, informou que haveria necessidade de prender Bolsonaro caso o então presidente tentasse concretizar um golpe de Estado no final de 2022.

Freire Gomes se mostrou polido e educado, não utilizou agressividade, ele não faria isso. Contudo, foi o que ele disse. Com muita tranquilidade e calma, ele colocou exatamente isso: “se fizer isso, vou ter que te prender”, declarou o ex-chefe da Aeronáutica ao STF.

Gonet questionou o depoente se Bolsonaro sabia que não houve fraude na eleição em que foi derrotado por Lula. “Sim, através do ministro da Defesa. Além de reuniões que eu falei, o ministro da Defesa despachava sobre esse assunto”, respondeu.

O relatório da Polícia Federal sobre a investigação da trama golpista aponta que Bolsonaro redigiu o texto do documento conhecido como “minuta do golpe”, o decreto que buscaria consumar o golpe. Em 7 de dezembro de 2022, o então presidente realizou ajustes no documento e convocou os comandantes das Forças Armadas para uma reunião no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro buscaria, naquele encontro, apresentar o documento e incitar as Forças Armadas a adotarem o plano de extinção do Estado Democrático de Direito.

Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se opuseram a qualquer plano que privasse o governo legitimamente eleito de seu poder, conforme concluiu a polícia. Já o comandante da Marinha, almirante Garnier, se colocou à disposição para cumprimento de ordens.

Dois dias após, em 9 de dezembro, Bolsonaro quebrou o silêncio após a derrota para Lula e se dirigiu a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, incentivou as manifestações golpistas após a eleição e fez referências aos militares.

Nada está perdido. O fim, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês, declarou o ex-capitão.

A Polícia Federal apura que o pronunciamento seguiu a linha da organização criminosa, com o objetivo de sustentar a expectativa dos manifestantes de que o então presidente, em conjunto com as Forças Armadas, interviria para modificar o desfecho das eleições presidenciais, situação que se desenrolava naquele instante.

Fonte: Carta Capital

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