Ex-diretor do INSS recebe recursos de lobista e foi investigado pela PF

O ex-diretor de Governança, Planejamento e Inovação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alexandre Guimarães, recebeu recursos do indivíduo apontado como lobista de entidades suspeitas de descontos irregulares em aposentadorias e pensões.

Guimarães assumiu a direção do INSS em maio de 2021, durante o mandato de Jair Bolsonaro, e renunciou ao cargo no início do governo Lula.

Foi realizado um mandado de busca e apreensão na operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal na quarta-feira (23/4) para aprofundar as investigações sobre a cobrança de R$ 6,3 bilhões, em sua maior parte indevida, por meio de descontos na folha de pagamento dos beneficiários do INSS.

O caso teve início com reportagens publicadas pelo Metrópoles.

A reportagem constatou que Alexandre Guimarães recebeu recursos de Antonio Carlos Camilo Antunes, também conhecido como Careca do INSS, e que este último é apontado como lobista de entidades investigadas pela Polícia Federal por descontos irregulares.

Antonio Camilo Antunes também foi alvo de busca na Operação Sem Desconto. Ao autorizar a busca, o juiz do caso afirmou que ele integra o “alto escalão” deste grupo criminoso e atuava para conseguir dados cadastrais de aposentados e pensionistas – que, posteriormente, seriam repassados às entidades investigadas.

O lobista teve o passaporte apreendido no sábado, ao chegar ao Brasil em um voo proveniente de Portugal.

Os valores foram repassados ao ex-diretor do INSS através da empresa Vênus Consultoria, de Alexandre Guimarães.

A defesa de Guimarães afirmou que a empresa possui como especialidades de atuação, entre outras, a de Educação Financeira e, no caso em questão, a relação com o Sr. Antônio Camilo não possui qualquer ligação com associações vinculadas ao INSS.

Qualquer matéria que conecte tais aspectos não representa, em absoluto, a realidade dos fatos.

De acordo com a defesa do ex-diretor, “a empresa Vênus e o Sr. Alexandre Guimarães não estão envolvidos em nenhuma questão relacionada às investigações conduzidas pela Polícia Federal”.

A Operação Desconto investiga entidades, operadores e pessoas vinculadas ao INSS relacionadas aos descontos bilionários na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.

Na quarta-feira (23/4), a Polícia Federal executou mais de 200 mandados de busca e apreensão, prendeu seis indivíduos e afastou seis funcionários.

De seis afastados, cinco eram membros da alta cúpula do INSS. Dentre eles, Alessandro Stefanutto, que na época era presidente do INSS e foi demitido pelo presidente Lula (PT) após ser afastado pela Justiça.

Fonte: Metrópoles