Ex-presidente do Banco Central declara que governo Lula adota medidas de controle cambial
Para Tony Volpon, a IOF representa “início do fechamento da conta de capital”; críticas foram divulgadas em seu perfil no X.

O ex-diretor do BC, Tony Volpon, criticou a decisão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Segundo o economista, a medida representaria um “controle cambial”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Volpon publicou em seu perfil no X (antigo Twitter) que a imprensa não está percebendo que aplicar IOF de 3,5% em todos os investimentos feitos por brasileiros no exterior é o início do fechamento da conta de capital. As postagens foram feitas nesta 5ª feira (22.mai.2025) após o anúncio do aumento do imposto.
LEIA TAMBÉM:
● Trump prorroga o prazo para acordo com a União Europeia até 9 de julho
● Entenda a regulamentação da União Europeia relacionada à proteção e às florestas
● Barroso interpreta “Garota de Ipanema” com o diretor do iFood em um jantar
Ademais, ele também declarou que “não existe país sério que cobra isso de empresas” e que “todo desequilíbrio fiscal acaba devido a um ajuste, uma crise ou repressão financeira e controle de capitais”.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O Imposto sobre Operações Financeiras é um tributo devido pelo governo em operações de crédito, câmbio, seguros e investimentos.
Aumento do IOF
O aumento do IOF foi anunciado com antecedência nesta quinta-feira (22.mai) pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em evento na B3 (Bolsa de Valores do São Paulo).
A comunicação ocorreu antes do anúncio oficial do Ministério da Fazenda e do Ministério do Planejamento e Orçamento. O decreto foi publicado no Diário Oficial da União na tarde da quinta-feira. Segue a íntegra (PDF – 142 kB).
A Fazenda projeta que o aumento do imposto arrecade R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41,0 bilhões em 2026.
As alterações sugeridas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, impactarão os cartões utilizados em viagens ao exterior. O imposto nessas operações estava em 3,38% em 2025 e sofreria uma redução progressiva até 0% em 2028. A equipe econômica decidiu que a transição não seria implementada e estabeleceu uma taxa fixa de 3,5%.
A redução gradual da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras foi definida pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Haddad, em entrevista a jornalistas, expressou seu pesar em relação ao vazamento de informações sobre o aumento do IOF.
O IOF assegura que não foi desviado da Receita Federal. Aqui não há desvio de recursos. Pode ter certeza de que quando se trata de assuntos da Fazenda e do Planejamento, há uma questão de protocolo interno.
Haddad afirmou que os dividendos não entram na incidência do IOF. Segundo ele, o tema já é tratado na reforma do Imposto de Renda. O economista defendeu não “misturar os temas”.
Banco Central
O Banco Central não se manifestou em relação ao aumento do IOF, e Haddad declarou que nenhuma das medidas foi “negociada” com a autoridade bancária.
No X, Volpon declarou que o Banco Central compreende “o que pode ocorrer com essa tentativa disfarçada de restrição financeira”.
O Brasil precisa de um novo modelo de cooperação com o Banco Central, que vá além do que temos hoje. É preciso que o Banco Central entenda que o país não é uma ilha, e que a inflação não é apenas um problema brasileiro. Precisamos de um diámais aberto e transparente com o Banco Central, e que o Banco Central entenda que o país não é uma ilha, e que a inflação não é apenas um problema brasileiro.
Fonte: Poder 360