Ex-PRF afirma que governo Bolsonaro ordenou blitz no 2º turno com foco no Nordeste
O diretor de operações da corporação determinou o reforço das abordagens de veículos com destino ao Nordeste.

O coordenador de Inteligência da PRF, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Adiel Pereira Alcântara, declarou em depoimento no STF que o então diretor de Operações da corporação, Djairlon Henrique Moura, determinou que o órgão intensificasse as abordagens de ônibus e vans durante as eleições presidenciais de 2022 – vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Alcântara foi indicada pela PGR (Procuradoria Geral da República) como testemunha de acusação no julgamento por tentativa de golpe em 2022. A 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou os depoimentos do núcleo 1 nesta segunda-feira (19.mai). Bolsonaro e o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques são réus.
O ex-coordenador relata que o diretor de Operações desejava que a área em que ele atuava auxiliasse na abordagem de veículos com destino ao Nordeste, região eleitoral de Lula.
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O inspetor Djairlon, diretor de Operações, solicitou apoio ao inspetor Reischak [Luis Carlos Reischak Junior], da Inteligência, para que esta apoiasse a área de Operações no indicativo de abordagens de ônibus e vans que tinham origem nos estados de Goiás, São Paulo, Minas e Rio de Janeiro e destino no Nordeste.
Ele acrescentou que, ao questionar o motivo da abordagem, observou apenas os veículos com destino àquela região, e recebeu como justificativa que esses estados apresentavam elevada incidência de acidentes naquela época.
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Não me convenci e expressei que achei estranha aquela ordem. E ali ele falou, não sei qual foi o contexto que ele falou, mas ele disse mais ou menos o seguinte: “Existem coisas que são, e existem coisas que parecem ser. É hora da PRF tomar partido. A gente tem que fazer jus às funções de direção e aquilo era uma determinação do diretor-geral [Silvinei Vasques]”, declarou.
Lembre-se do ocorrido.
Na segunda rodada das eleições presidenciais de 2022, em 30 de outubro, a PRF conduziu operações de blitz em diversas cidades do Nordeste.
As ações desrespeitaram a determinação do então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, que havia proibido a corporação de realizar operações que pudessem atrapalhar as eleições e são acusadas de tentar impedir os eleitores do petista de votar.
A Justiça Eleitoral apontou que a intervenção causou atrasos aos eleitores naquela eleição.
Testemunhas
O plenário do STF começou a ouvir o núcleo 1 nesta segunda-feira (19.mai). As sessões ocorrem por videoconferência e não haverá transmissão pública.
A mídia acompanha testemunhos por meio de um painel instalado na sala da 1ª Turma do STF. Contudo, os jornalistas estão proibidos de realizar qualquer tipo de gravação.
Incluem no núcleo 1, além de Bolsonaro:
Serão ouvidas 82 testemunhas, incluindo os ex-comandantes das Forças Armadas Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica), além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Fonte: Poder 360