Exames de fezes são utilizados para rastrear o câncer colorretal
30/04/2025 às 14h32

O câncer colorretal, também chamado de câncer de intestino, é o terceiro tipo mais comum entre homens e mulheres no Brasil, com cerca de 46 mil novos casos por ano, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar de mais frequente em pessoas com mais de 60 anos, há um aumento notável em adultos jovens. Geralmente, o desenvolvimento da doença é discreto e a progressão lenta, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Um estudo da Fundação do Câncer projeta um crescimento de 21% nos casos até 2040. A Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) aponta que aproximadamente 75% a 80% dos tumores de intestino são diagnosticados em estágios avançados, o que diminui as chances de cura e demanda tratamentos intensivos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias complexas. O câncer colorretal pode ser curado quando detectado precocemente.
O diagnóstico precoce é um dos principais desafios da saúde pública. O Inca recomenda o início da triagem a partir dos 50 anos, mas, com o aumento dos casos em faixas etárias mais jovens, entidades como a SBCP passaram a sugerir o início do rastreamento já aos 45 anos, mesmo sem sintomas.
Um teste acessível pode auxiliar nessa investigação: o de sangue oculto nas fezes. “É crucial a busca ativa de novos casos. O sangue oculto é um exame simples e importante de rastreio que pode levar ao exame padrão ouro para o diagnóstico, a colonoscopia”, explica o oncologista clínico Rodrigo Fogace, do Hospital Israelita Albert Einstein, em Goiânia.
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Mutirão em Goiás
Durante o “Março Azul”, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de intestino, a SBCP se uniu à Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) para promover um mutirão de rastreamento da doença em Goiânia (GO). Foram distribuídos 8 mil kits de exame de sangue oculto nas fezes para indivíduos com idade entre 45 e 70 anos.
Foram conduzidos aproximadamente 2.500 testes, dos quais 8% obtiveram resultado positivo. Um total de 563 pessoas foram encaminhadas à colonoscopia, exame considerado o mais preciso para a detecção desse tipo de câncer. Deste grupo, 423 realizaram o procedimento, incluindo aquelas com alterações no exame de fezes e indivíduos que já haviam solicitado a colonoscopia e aguardavam agendamento no sistema público. Identificaram-se 462 lesões (pólipos) em 231 pacientes (54% dos examinados) e quatro casos de câncer avançado foram confirmados.
De acordo com a SBCP, esses números evidenciam a relevância do acompanhamento ativo. “Diferentemente de outros tipos de tumor, o câncer de intestino pode ser evitado em quase 100% dos casos. Isso significa que buscamos diagnosticar lesões pré-cancerosas, antes que se transformem em câncer, e tratá-las nessa fase”, afirma o coloproctologista Helio Moreira, diretor da SBCP e coordenador geral da campanha. “Aproximadamente 15% dos pólipos adenomatosos apresentam risco de evoluir para câncer; e 54% dos pacientes que realizaram a colonoscopia apresentavam alguma lesão. Foram identificados quatro casos de câncer. Em média, detectamos dois pólipos por pessoa.”
Apesar do baixo custo, o exame de sangue oculto apresenta limitações. Sua sensibilidade mediana é de cerca de 60%, o que significa que, de cada 100 pessoas com sangramento, 60 terão o exame positivo. “Este exame deve ser utilizado apenas como rastreio”, afirma Fogace.
Prevenção
O câncer colorretal apresenta causas multifatoriais, incluindo fatores genéticos e o estilo de vida. Além da adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de atividade física, é fundamental informar sobre a importância do diagnóstico precoce, pois a prevenção ainda é o melhor caminho para diminuir a mortalidade associada a essa doença.
Não é suficiente modificarmos a alimentação, se persistirmos sedentários. Não é suficiente reduzirmos o etilismo, se continuarmos consumindo embutidos em excesso. A forma mais eficaz de reduzir a mortalidade desse câncer, além de mudanças dos hábitos de vida, é a conscientização da população.
Fonte: Agência Einstein
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Fonte: Metrópoles