Falantes de línguas indígenas sobem quase 50% em 12 anos, aponta Censo 2022

Censo 2022: Proporção de falantes de línguas indígenas cai para 28,5% da população.

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(Imagem de reprodução da internet).

Aumento Significativo no Uso de Línguas Indígenas no Brasil

Um novo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela um notável crescimento no número de falantes de línguas indígenas no Brasil. Publicado em 2022, o Censo Demográfico ─ Etnias e Línguas Indígenas, demonstra um aumento de 47,7% entre 2010 e 2022, elevando o número de indígenas com 5 anos ou mais que falam essas línguas de 293.853 para 433.980.

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Esse avanço é particularmente notável quando se considera o aumento do número de falantes fora das terras indígenas, que mais que dobrou em 12 anos, passando de 44.590 para 96.685 pessoas.

Expansão do Uso de Línguas Indígenas e Concentração Geográfica

O Censo de 2022 também identificou 295 línguas indígenas faladas, superando as 274 contabilizadas em 2010. As maiores concentrações de falantes estão no Amazonas (137.421 pessoas), Mato Grosso do Sul (58.901) e Mato Grosso (42.511). Em 1.990 municípios, pelo menos uma pessoa indígena com 2 anos ou mais de idade fala língua indígena.

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A distribuição geográfica desses falantes é um fator crucial para o desenvolvimento de políticas públicas que reconheçam e promovam essas línguas.

Importância do Mapeamento e Políticas Públicas

Segundo Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, mapear onde estão esses falantes é fundamental para que os municípios possam desenvolver políticas públicas adequadas. “A oficialização das línguas faladas pelos povos indígenas contribui decisivamente para o acesso à cidadania e para o exercício de direitos, uma vez que facilita a tradução dos documentos formais e viabiliza a presença de intérpretes nos órgãos públicos”, afirma.

A identificação dessas áreas prioritárias é essencial para garantir o reconhecimento e a valorização das línguas indígenas.

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Dados Adicionais e Tendências

O Censo de 2022 revelou que 99 municípios em Manaus concentram a maior quantidade de línguas indígenas declaradas, seguido por São Paulo (78 línguas) e Brasília (61 línguas). Além disso, a língua Tikúna se destaca como a que registra o maior número de falantes (51.978 pessoas), sendo 87,69% residentes dentro de Terras Indígenas.

A língua Nheengatu, por sua vez, é a mais falada em áreas urbanas, com 13.070 falantes, predominantemente em cidades.

Declínio Percentual e Valorização das Línguas

Apesar do aumento no número absoluto de falantes, houve uma queda percentual em relação à população indígena total. Em 2022, os falantes representavam 28,51% da população indígena, que era de cerca de 1,7 milhão de pessoas, em comparação com 37,35% em 2010 (897 mil).

No entanto, o percentual de falantes aumentou para 63,22% em 2022, em relação a 57,35% em 2010.

Papel da Educação e Fortalecimento Linguístico

Fernando Damasco ressalta que a educação e a alfabetização são cruciais para o fortalecimento linguístico, mas enfatiza que a alfabetização não deve ser feita apenas em português, pois isso pode levar ao abandono das línguas indígenas. “A alfabetização, se for feita de forma a simplesmente incentivar a substituição da língua indígena pelo português, pode ser absolutamente nociva.

Agora, quando ela é uma educação bilíngue ou uma educação na língua indígena, ela contribui muito para o fortalecimento linguístico”, defende.

Avanço do Português e Desafios

Os dados divulgados mostram que houve um aumento dos falantes de português, que representam 86,32% da população indígena do país em 2022. No entanto, o IBGE também identificou áreas onde o uso do português diminuiu, tanto em termos absolutos quanto percentuais, indicando a necessidade de políticas que equilibrem o uso das línguas indígenas e do português.

Conclusão

O Censo Demográfico de 2022 oferece um panorama valioso sobre o uso de línguas indígenas no Brasil, destacando o aumento significativo no número de falantes e a importância de políticas públicas que promovam o reconhecimento e a valorização dessas línguas, garantindo o acesso à cidadania e o exercício de direitos pelos povos indígenas.

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