Falece o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, figura emblemática da esquerda na América Latina

Com 89 anos, o ex-mandatário enfrentava um câncer de esôfago, detectado em maio de 2024.

13/05/2025 16h35

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica faleceu na terça-feira, 13, aos 89 anos, após ser diagnosticado com câncer de esôfago em maio de 2024.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Na segunda-feira, 12, a ex-primeira-dama, Luciana Topolansky, declarou que o ex-presidente encontra-se em estado terminal, recebendo cuidados paliativos para aliviar suas dores e ansiedade.

A condição clínica delicada impediu Mujica de comparecer à eleição regional para o governo de Montevidéu, na qual foi eleito seu ex-ministro da Economia, Mario Bergara.

Leia também:

“Quisemos fazer um esforço para votar, mas sair de carro era demais para ele e a médica recomendou que não fosse”, disse a esposa. “Estou com ele há mais de 40 anos e estarei com ele até o fim. Foi o que prometi. O que tentamos fazer é preservar a privacidade da nossa família, mas, com um personagem como o Pepe, é meio impossível.”

O candidato da Frente Ampla de Esquerda, Bergara, venceu o postulante da coalizão de centro-direita, Martín Lema, ex-ministro de Desenvolvimento Social durante o governo de Luis Lacalle Pou (2020-2025), que assumiu a Presidência com Yamandú Orsi seis meses antes das eleições regionais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Bergara agradeceu a Mujica após ser eleito. “Obrigado, Pepe. Esta vitória também traz a sua marca: a de quem semeia sem pedir nada em troca, a de quem sempre acredita nas pessoas. Porque você não fala sobre pessoas: você fala com pessoas. E esta lição nos guiará em nossa tarefa”, escreveu, em seu perfil no X.

Pepe Mujica foi um político uruguaio, conhecido por seu estilo de vida simples e sua postura crítica em relação ao poder e à desigualdade social.

Em 20 de maio de 1935, nascido em Montevidéu, capital do Uruguai, Mujica completaria 90 anos. Foi o 40º presidente do Uruguai, tendo exercido o cargo entre 2010 e 2015.

A presidência de Mujica gerou avanços sociais e econômicos no Uruguai, destacando-se sobretudo pela imagem do líder, marcada pela preferência por um estilo de vida simples e distante de luxos.

Pepe Mujica substituiu a residência oficial, o Palácio de Suárez y Reyes, pela permanência em sua casa de campo, chamada La Puebla, nos arredores de Montevidéu. “Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade”, declarou, à Época.

Como presidente, doava 90% do salário para um fundo que sustentava o programa governamental de habitações populares. Ele possuía um Fusca fabricado em 1987, conforme declarado.

Sob a presidência de Mujica, em 2013, o Uruguai iniciou o processo que culminaria com a legalização da maconha no país. Além das transformações culturais e legais, a esquerda uruguaia, com Mujica e Tabaré Vazquez à frente, conseguiu que o PIB per capita crescesse três vezes — passando de 4.720 para 15.560 dólares.

Após concluir o período presidencial de cinco anos, Mujica ocupou o cargo de senador até outubro de 2020, momento em que renunciou.

Pepe Mujica justificou a decisão antecipada com base no cenário da pandemia e fatores de risco, considerando sua condição de saúde, a Síndrome de Strauss, uma doença autoimune que, com a idade avançada, o coloca em risco para a Covid-19.

Isto não implica o desengajamento político, mas sim a retirada da linha de frente, por acreditar que um bom líder é aquele que permite que outros o superem com vantagem. Agradeço, com muitas recordações e profunda nostalgia. A pandemia me derrubou, afirmou.

A trajetória política de Pepe Mujica iniciou-se na juventude, como ativista contra a ditadura uruguaia. Inicialmente, Mujica integrou a União Popular, movimento de esquerda composto por descontentes do Partido Nacional, um dos maiores do país. Posteriormente, tornou-se membro do grupo guerrilheiro MLN-T (Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros). Os Tupamaros passaram a atuar a partir de 1965, oito anos antes do início da ditadura uruguaia, que se estendeu até 1985. O grupo executava ações armadas, incluindo atentados e sequestros, contra o regime uruguaio.

Fonte: Carta Capital

Ative nossas Notificações

Ative nossas Notificações

Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.