Famílias das vítimas da Air India informam que receberam corpos incorretos, afirma advogado

Em um caso específico, o perito forense identificou que o material genético de vítimas distintas estava presente em um mesmo ataúde.

24/07/2025 3h13

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(Imagem de reprodução da internet).

Pelo menos dois corpos de cidadãos britânicos foram devolvidos incorretamente após o acidente de avião envolvendo o voo AI 171 da Air India, no mês passado, conforme informado por advogados que representam as famílias das vítimas. O incidente representa o acidente mais fatal da aviação em uma década.

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O advogado James Healy-Pratt, especialista em aviação internacional, declarou à agência de notícias britânica PA media que ocorreram falhas na identificação dos corpos, e fragmentos mortais foram trocados e enviados para o Reino Unido.

Em um caso, um legista em Londres verificou que o DNA de vítimas distintas estava misturado em um único caixão. As alegações suscitam questionamentos acerca dos procedimentos implementados pelas autoridades indianas na identificação e repatriação dos corpos.

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A Dra. Fiona Shaw identificou alterações no DNA após as autópsias, segundo Healy-Pratt.

“Minha compreensão era de que a mistura estava evidente desde o início, o que alertou a Dra. Wilcox para a necessidade de uma verificação completa e absoluta da identificação dos restos mortais que chegavam”, complementou o advogado.

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Ela então conseguiu determinar que um familiar específico não era quem a família pensava.

Todos, com exceção de uma pessoa, dos 242 passageiros e tripulantes faleceram em 12 de junho, após o avião perder sustentação e colidir em um bairro afastado em Ahmedabad, no oeste da Índia.

O avião com destino a Londres, logo após sair da pista do Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, perdeu o controle e caiu no alojamento do BJ Medical College and Hospital, ceifando também a vida de 19 pessoas no local.

As autoridades ainda não divulgaram a causa definitiva do acidente, mas um relatório preliminar indicou que os interruptores de controle de combustível na cabine do Boeing 787 Dreamliner foram acionados, impedindo o fornecimento de potência aos motores.

De acordo com a avaliação do Departamento de Investigação de Acidentes de Aeronaves da Índia, divulgada na semana passada, uma gravação de áudio da caixa revela um dos pilotos perguntando ao outro por que ele acionou os interruptores.

Logo em seguida, os comandos foram emitidos para restabelecer o fluxo de combustível. Os dois motores foram reiniciados e um iniciou a “retomada”, porém, já era tarde demais para evitar a queda brusca da aeronave.

Das vítimas a bordo, pelo menos 169 eram cidadãos indianos, sete portugueses e um canadense. O único sobrevivente foi Vishwash Kumar Ramesh, um dos 53 passageiros do Reino Unido naquele dia, que informou à mídia local ter conseguido escapar agarrando-se a um pequeno espaço próximo ao assento, ao lado de seu lugar.

Profundamente perturbadores.

Os familiares de três vítimas declararam-se “profundamente abalados” com a notícia de quarta-feira (23), solicitando às autoridades que exerçam “cuidado, coordenação e respeito”.

Os avanços recentes apenas confirmaram o que muitos temiam: que falhas graves foram cometidas e que a dignidade e os direitos das vítimas e de suas famílias não foram devidamente protegidos, declararam em um comunicado.

A família de Akeel Nanabawa, sua esposa Hannaa Vorajee e sua filha de quatro anos, Sara Nanabawa, declarou que, apesar de estarem “confiantes” em relação ao recebimento dos “corpos corretos”, permanecem “profundamente preocupados com o que isso implica para outras famílias que ainda buscam confirmação e um encerramento”.

Não se trata apenas de uma tragédia pessoal; trata-se de uma tragédia coletiva, declararam os familiares.

O Ministério das Relações Exteriores da Índia tem trabalhado em estreita colaboração com o Reino Unido desde que essas preocupações e questões foram levantadas, segundo um porta-voz.

As autoridades realizaram a identificação das vítimas utilizando “protocolos e requisitos técnicos estabelecidos”, afirmou o porta-voz Randhir Jaiswal, em publicação no X na quarta-feira.

“Todos os restos mortais foram tratados com o máximo profissionalismo e com o devido respeito à dignidade do falecido”, acrescentou Jaiswal.

Seguimos trabalhando com as autoridades do Reino Unido para tratar de eventuais questões relacionadas a este assunto.

O incidente ocorreu após uma reunião em Londres entre o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e o britânico, Keir Starmer, que teve como pano de fundo a assinatura de um acordo comercial histórico entre os dois países.

Healy-Pratt, que defende a necessidade de “justiça financeira” para as famílias, acredita que as alegações estarão na pauta das negociações desta semana.

Fonte por: CNN Brasil

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