Com a destituição de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Nacional do Futebol, em 15 de julho, Fernando Sarney assume a liderança da entidade, empresário de 70 anos e membro do Comitê Executivo da Fifa. Sua atuação se estenderá até a escolha de uma nova diretoria para a CBF.
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A remoção de Ednaldo foi determinada por liminar do desembargador Gabriel Zefiro, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada em uma ação que questiona o acordo que o levou à presidência da confederação.
O filho do ex-presidente José Sarney (MDB) acionou o TJ Fluminense na última segunda-feira, 12, buscando anular o acordo. Ele sustentou, com base em laudo pericial, que o vice da CBF, Antônio Carlos Nunes Lima, não possuía condições cognitivas para assinar o contrato homologado pelo Supremo Tribunal Federal.
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Alinhado à oposição, ele não integrou a chapa de reeleição do presidente, vencedora por aclamação no dia 24 de março.
Fernando, natural de São Luíz (MA), é proprietário do Sistema Mirante – conglomerado de emissoras de rádio e televisão no estado – e atua na confederação desde 1998. Ele ocupou o cargo de vice-presidente em 2004, durante a gestão de Ricardo Teixeira.
Em 2015, após a renúncia de Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo assumiu o lugar dele no Comitê Executivo da Fifa.
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No entanto, Ednaldo o afastou. Houve, então, uma ruptura entre o então presidente da CBF e Fernando, que recentemente retomaram o contato.
Conhecido nos bastidores, ganhou destaque ao declarar que apoiaria a seleção argentina após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo de 2022. “Precisamos manter a unidade. Na hora da decisão, todos somos Argentina. Eu pessoalmente torço para a Argentina na decisão do Mundial, espero que ela chegue à final e que traga esse título para a América do Sul.”
Fernando Sarney possui um histórico de polêmicas com a Justiça, sendo indiciado em 2009 pela Polícia Federal pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de influência e falsificação de documentos. As apurações ocorreram no âmbito da Operação Faktor, inicialmente denominada Operação Boi Barrica.
Em determinado ano, o maranhense entrou com uma ação contra o jornal O Estado de S. Paulo para impedir a publicação de reportagens sobre interceptações telefônicas realizadas na investigação. Ele abandonou o processo no final de 2009, porém o “Estadão” manteve o processo. Dez anos depois, uma decisão do Poder Judiciário do Distrito Federal determinou o arquivamento do caso.
Em 2010, a Polícia Federal o acusou novamente de crime de evasão de divisas. Os investigadores constataram que o empresário transferiu um milhão de dólares para uma conta bancária em Xangai, China. O envio, não declarado às autoridades fiscais, tinha como destino a conta da empresa Prestige Cycle Parts & Accessories Limited.
Antes de chegar à China, o dinheiro passou por bancos de Nova York. A autorização para a transferência dos dólares para Qindao foi feita por Fernando Sarney, cuja assinatura consta em um dos documentos obtidos pela investigação.
A transferência foi suspeita de ter servido para compensar outra transação financeira internacional efetuada por Fernando Sarney, operação conhecida como dólar-cabo. Além da ligação chinesa, a investigação da PF identificou indícios da existência de contas em paraísos fiscais do Caribe e da Europa.
Fonte: Carta Capital