Festival de Cannes 2025: tudo o que você precisa saber sobre a premiação
O Festival selecionou aproximadamente 3.000 filmes e confirmou a presença de grandes artistas na etapa final.

Em maio, Cannes recebe um número maior de estrelas do que nunca, comparável ao céu ou ao antigo estúdio da MGM. Este ano, o festival de cinema francês será ainda mais glamouroso, com a presença de grandes nomes de Hollywood.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Cannes se anuncia como um ano promissor, impulsionado por um sucesso notável no Oscar, com diretores aguardando convites para o tapete vermelho e o desafio das críticas veementes de jornalistas.
A delegação dos EUA no festival, que começa nesta terça-feira (13), é numerosa. Tom Cruise retorna a Cannes três anos após “Top Gun: Maverick” com “Missão: Impossível – Acerto Final”, na esperança de repetir a fórmula de sucesso que levou “Maverick” a arrecadar US$ 1 bilhão de dólares nas bilheterias. Robert De Niro, habituado a Cannes, receberá o prêmio em vez de Cruise; o prêmio será entregue a um ano do 50º aniversário da vitória de “Taxi Driver” na Palma de Ouro. Spike Lee, que foi presidente do júri em 2021 (sem polêmicas), também retorna com “Highest 2 Lowest”, sua releitura de “Entre o Céu e o Inferno” (1963), de Akira Kurosawa, estrelado por Denzel Washington como um magnata da música alvo de um esquema de sequestro.
Leia também:

Davi e Leo se envolvem em confusão com o Barão

Dona Déa afirma que só voltará a ver Paulo Gustavo após sua morte

Áudio de Fernanda Montenegro diz: “acordou” Linn da Quebrada
“Highest 2 Lowest” será exibido fora da competição, assim como a comédia “Honey Don’t!”, de Ethan Coen, sucessora de “Drive Away Dolls”, o segundo título de sua chamada “trilogia lésbica de filmes B”. Seja por conta da agenda cheia ou questões envolvendo janelas de exibição e a legislação francesa (o filme de Lee chegará ao Apple TV+ em setembro, o que provavelmente inviabiliza uma estreia nos cinemas franceses), o fato de pesos-pesados como esses estarem fora da disputa pela Palma de Ouro demonstra a boa saúde do festival.
A disputa pelo prêmio principal indica uma mudança de gerações. Alguns veteranos permanecem na competição: os irmãos Dardenne, da Bélgica, vencedores da Palma duas vezes com “Young Mothers”; o ucraniano Sergei Loznitsa com “Two Prosecutors”; e a escocesa Lynne Ramsay (“Precisamos Falar Sobre o Kevin”, “Você Nunca Esteve Realmente Aqui”), cuja adaptação do romance “Morra, Meu Amor”, de Ariana Harwicz, conta com Jennifer Lawrence e Robert Pattinson.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Wes Anderson retorna à competição pela quarta vez com “The Phoenician Scheme”, contendo nomes já conhecidos (Bill Murray, Jeffrey Wright) e algumas adições encantadoras (Riz Ahmed, Mia Threapleton, filha de Kate Winslet). Junte-se a isso Tom Hanks, Scarlett Johansson, Benicio Del Toro, Willem Dafoe e outros, e você tem o tapete vermelho mais estrelado do festival.
Joachim Trier, que alcançou destaque em Cannes antes de ganhar popularidade com o aclamado “A Pior Pessoa do Mundo” (2021), colabora novamente com Renate Reinsve em “Sentimental Value”, também com Stellan Skarsgård. O cineasta iraniano Jafar Panahi, cuja obra “Isto Não É um Filme” (2011) foi introduzida no festival através de um pen drive escondido em um bolo, compete com “A Simple Accident”, sequência de “No Bears” (2022), vencedor do Festival de Veneza. Kelly Reichardt, a renomada diretora de cinema independente americana, retorna com “The Mastermind”, um drama de assalto de época estrelado por Josh O’Connor, que também participa do filme “The History of Sound”, dirigido pelo sul-africano Oliver Hermanus e com Paul Mescal no elenco.
Filme brasileiro disputa a Palma de Ouro em Cannes.
forma clara
Hermanus é um dos diversos participantes da competição, ao lado da espanhola Carla Simão, vencedora da Berlinale em 2022, que estréia em “Romería”, e da diretora alemã Mascha Schilinski com “Sound of Falling”. Este último, anteriormente intitulado “O Médico Diz Que Estou Bem, Mas Estou Me Sentindo Azul”, acompanha quatro gerações de mulheres unidas por traumas, e tem gerado grande expectativa há meses – ainda mais notável considerando o perfil discreto de Schilinski.
Reichardt, Ramsay, Simón e Schilinski estão entre as sete diretoras indicadas à Palma, representando um terço do total da competição, o que representa um avanço positivo na busca do festival por maior representatividade de gênero. Nenhuma, contudo, segue uma vitória anterior como Julia Ducournau. Após vencer com “Titane” em 2021, ela retorna com “Alpha”, supostamente um horror corporal ambientado em meio à epidemia de Aids. Já adquirido pela NEON, o público pode esperar mais um filme provocador.
Ari Aster (”Hereditário”, “Midsommar”) faz sua estreia em Cannes com “Eddington”. O filme, com um pôster que evoca a crise da AIDS dos anos 1980 e rumores sobre sua ambientação durante a pandemia de Covid-19, reúne Aster com Joaquin Phoenix, de “Beau Tem Medo”, que interpreta um xerife do Novo México em conflito com o prefeito interpretado por Pedro Pascal.
O júri da Palma de Ouro, coordenado pela atriz francesa Juliette Binoche e com membros como Halle Berry e Jeremy Strong (de “Succession”), avaliará os 22 filmes em competição e definirá o vencedor em 24 de maio.
Assunto do momento
Além da competição principal, cineastas estão assumindo a direção. Na categoria Un Certain Regard, destinada a novos talentos, Kristen Stewart dirige Imogen Poots em “The Chronology of Water”, adaptação das memórias de Lidia Yuknavitch. “Eleanor The Great”, estrelado por June Squibb, e “Urchin”, escrito e dirigido por Harris Dickinson, ambientado nas ruas de Londres, também se destacam. “My Father’’s Shadow”, que pode ser o primeiro filme nigeriano na seleção oficial de Cannes, também se destaca.
O festival não hesitou em programar filmes que abordam eventos globais atuais, e a guerra Israel-Hamas será referida nas telas. O diretor israelense Nadav Lapid trará sua sátira social “Yes!”, ambientado no pós-ataque de 7 de outubro. Já “Put Your Soul On Your Hand And Walk”, da iraniana Sepideh Farsi, será exibido na seção ACID e retrata a documentarista de guerra Fatima Hassouna. O filme ganhou nova relevância após Hassouna, que cobria o conflito em Gaza, ter sido morta em um ataque israelense um dia após o anúncio da programação do festival.
Fora das exibições, o mercado de cinema de Cannes provavelmente avaliará se a sugestão do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas a filmes “produzidos em países estrangeiros” será levada adiante, e, caso ocorra, como seria implementada.
A cerimônia de premiação da temporada.
Cannes chega à nova edição com confiança, sem anúncios políticos de última hora. O festival avaliou cerca de 3.000 filmes para definir sua seleção oficial e incorporou grandes nomes no último momento. Muita coisa precisaria dar errado para que 2025 não se torne um ano memorável.
Em tom baixo, porém notável, foi a reviravolta. Durante boa parte dos anos 2000, Cannes enfrentava uma “guerra fria” com o Festival de Veneza pela liderança dos títulos mais esperados. Cannes competia em desvantagem; Veneza aceitava produções de plataformas de streaming com orçamento elevado, enquanto Cannes afirmava “não” acolher sua inclusão na competição principal. Veneza se tornou vista como o ponto de partida da temporada de premiações.
Cannes alcançou uma vitória notável com “Parasita”, de Bong Joon Ho, vencedor da Palma de Ouro em 2019 e do prêmio de melhor filme no Oscar de 2020 – o primeiro filme em língua não inglesa a receber o principal prêmio da Academia e o primeiro a conquistar a Palma e o Oscar desde “Marty”, em 1955. O festival, defensor do cinema mundial e normalmente avesso ao gosto hollywoodiano, reconheceu a importância do momento. Foi uma vitória dupla, reposicionando Cannes no circuito do Oscar sem comprometer sua missão.
Desde então, Cannes tem se destacado nas premiações (sem dúvida, auxiliado pela internacionalização da Academia). Incluindo “Parasita”, quatro dos últimos cinco vencedores da Palma foram indicados ao Oscar de melhor filme. Os premiados “Anatomia de uma Queda” e “A Zona de Interesse” estrearam em Cannes em 2023, assim como “The Substance”, “Emilia Pérez”, “Flow” e “Anora”, que brilharam no Oscar e conquistaram a dobradinha Palma de Ouro e melhor filme.
Apesar do brilho e de convidados famosos, o principal atrativo do festival é a oportunidade de revelar novos talentos e impulsionar cineastas e seus filmes ao sucesso. Qual será o próximo grande destaque de 2025? Ainda não se sabe e é justamente isso que torna a expectativa tão excitante.
O Festival de Cannes ocorre entre 13 e 24 de maio.
Plataforma online focada em cinema divulga as produções mais destacadas da década de 2000.
Fonte: CNN Brasil