Filme documental mostra a atuação da classe trabalhadora alemã no Quarto Distrito de Porto Alegre

A produção do Goethe-Institut ocorreu a partir de caminhadas em dezembro de 2024.

04/08/2025 13:20

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Filme documental mostra a atuação da classe trabalhadora alemã no Quarto Distrito de Porto Alegre
(Imagem de reprodução da internet).

Em 2024, no ano em que se comemoraram os 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul, o Goethe-Institut, em parceria com o historiador Frederico Bartz, organizou uma visita guiada por Porto Alegre para explorar outra vertente dessa história: a classe operária alemã da Capital.

O evento resultou em um documentário, lançado no início de julho pela Goethe, intitulado “Operários Alemães em Porto Alegre – Um percurso histórico pelos bairros Floresta e São Geraldo”. “A caminhada foi para lançar luz sobre uma história praticamente desconhecida”, comenta Frederico Bartz. Antes do passeio temático, ele já coordenava o projeto Caminhos Operários em Porto Alegre, criado para resgatar a memória da classe trabalhadora.

O evento, ocorrido em 2 de dezembro de 2024, reuniu aproximadamente 30 participantes em locais históricos do movimento operário alemão na região do Quatro Distrito, com duração de três horas. Durante o percurso, foram visitados oito locais que representam a experiência dessa comunidade. “Eu proponho uma caminhada por esses bairros operários perspectivando uma visão alternativa dessa história”, afirmou.

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Ele argumenta que os bairros Floresta e São Geraldo, nas zonas central e norte da cidade, representavam o centro da classe operária e do sindicalismo, onde surgiram grupos sociais, partidos e sindicatos. “Não se encontra muito debate sobre a presença da classe trabalhadora e da classe trabalhadora organizada”, detalha Frederico. “A proposta era mostrar que esses alemães não só como alemães, mas como operários. E também como sujeitos que se organizavam e que estavam em contato com o restante da sociedade”.

Em meio à produção industrial, diversos imigrantes se uniram em pontos de resistência ao nazismo e ao fascismo. Dentre os locais mais importantes, destaca-se a antiga Livraria Internacional, um centro antinazista organizado por um casal de anarquistas alemães, Frederico Kniestedt e Elisa Augusta Hedwig, na rua dos Voluntários da Pátria.

Uma parte dessa história foi esquecida com o tempo e com as mudanças em Porto Alegre e na região. Muitos dos prédios históricos visitados não têm mais qualquer indicação além de que já houve e seu significado para a comunidade. “Eu pesquiso história do movimento operário já tem alguns anos. Por conta dessa preocupação da memória da classe trabalhadora, encontrei muita coisa sobre pessoas de “língua alemã”, digamos assim, e uma presença que eu percebi que não tinha expressão no debate dos 200 anos da imigração”, aponta Bartz.

A conservação da memória

A proposta surgiu com Frederico, que sugeriu uma caminhada abordando o movimento operário. Não para celebrar figuras famosas, mas sim pessoas menos conhecidas que participaram de movimentos políticos, ressalta Augusto Paim, um dos responsáveis pela programação cultural do Goethe-Institut, instituição que promove a cultura e a língua alemã em Porto Alegre e em outras cidades. “A gente pegou a ideia dele, que era muito interessante, e incrementou o projeto com o documentário”, comenta. “E a caminhada faz parte de observar a cidade, desacelerar”.

A produção do documentário se justifica, em parte, pelo registro e pela valorização dos espaços de memória, bem como pelo valor do próprio patrimônio. Os locais foram severamente afetados pelas inundações de maio de 2024 e, com a destruição e a ausência de recuperação dos espaços, tornaram-se alvo de especulação imobiliária.

“Acredito que o documentário tem o objetivo de disseminar essas ideias e torná-las mais acessíveis. O que é desconhecido pode ser mais facilmente destruído”, afirma Bartz.

Paim concorda. “O principal é que agora se tem um registro disso. Independentemente do que aconteça com os locais, há um registro do que ocorria ali.”

Goethe aceitou a proposta de Frederico também por oferecer outra visão sobre a comunidade teuto-brasileira (descendentes de imigrantes alemães) e como a Alemanha é representada no Brasil. “Quando se pensa em Alemanha, se pensa em imigrantes alemães de dois séculos atrás, do sul da Alemanha. O que não representa a sociedade hoje”, afirma Paim. “Para nós é bem importante que a revisão da história aconteça em diálogo com o que acontece hoje”, conclui.

Artista apresenta edificações históricas contempladas na percurso.

O artista Bruno Lorenz foi convidado para ilustrar os edifícios históricos contemplados na documentário e na caminhada, produzindo desenhos que foram incorporados ao vídeo. Ele divulga suas obras através do projeto chamado Uns Predinhos.

“Possuo este projeto denominado ‘Uns Predinhos’, que atualmente é meu trabalho, embora tenha iniciado como um hobby. Tenho um ateliê onde o realizo no Vila Flores e o pessoal do Goethe tem uma parceria com o Vila, sendo um convite natural”, comenta Bruno Lorenz.

Ele aprecia particularmente porque se relaciona com o que já faz: conhecer os locais que ele desenha, ressalta. Segundo Bruno, ele gosta de “caminhar e imaginar o que acontecia” nas casas que desenha.

Sempre leva-se à ideia de que esses lugares possuem uma história e devemos nos conectar com esses edifícios, conhecer suas histórias. Querendo ou não, essas histórias nos levaram até o que a gente é como cidade, como a cidade se formou, por que a gente está aqui. A gente começa a entender um pouco a origem das coisas, complementa.

“Não apenas a história da imigração dos grandes feitos, mas uma história que se aproxima dos operários, da classe operária. É perceber uma história diferente”, finaliza o historiador Frederico Bartz.

Fonte por: Brasil de Fato

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