“Final do mundo”: desligamento de energia por 5 dias em Embu das Artes
09/11/2023 às 12h24
Moradores de um condomínio residencial em Embu das Artes, na Grande São Paulo, estão enfrentando uma falta de energia elétrica há cinco dias. Eles relataram ao Metrópoles nesta quarta-feira (8/11) que estão tendo prejuízos com alimentos estragados, problemas de higiene pessoal e até impactos na saúde. Até o momento, não há previsão para a resolução do problema, que ainda persiste às 14h30.
Várias áreas do estado tiveram falta de energia devido a um temporal e ventania na última sexta-feira (3/11). Cerca de 2,1 milhões de pessoas foram afetadas. Até hoje de manhã, ainda havia 11 mil imóveis sem energia, de acordo com a Enel, a empresa responsável pela distribuição de energia.
Isto aconteceu no condomínio residencial Parque das Artes, no bairro Jardim Indaiá, na estrada Ponta Porã, no quilômetro 26 da Rodovia Raposo Tavares. Uma árvore caiu sobre a rede elétrica na sexta-feira, por volta das 16h, e derrubou um poste que fornecia energia para o condomínio.
Moradores contaram que a administração do condomínio retirou a árvore há dois dias para fazer um serviço elétrico da Enel. Mas ainda não fizeram a manutenção dentro do condomínio. O lugar tem aproximadamente 350 casas onde vivem cerca de 1.500 pessoas.
Compra de gerador
O empresário Eduardo Leite Galina, 43 anos, afirmou que a situação foi tão dramática que ele decidiu investir R$ 45 mil na compra de um gerador (incluindo cabos e mão de obra). “Tenho três filhos, dos quais dois são pequenos. A comida dos menores estava congelada até o final do ano, pois minha mulher está viajando a trabalho, e perdemos tudo”, contou.
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Eduardo viajou na sexta-feira com as crianças e voltou apenas no domingo à noite, mas a luz ainda não tinha voltado. Ele chegou a procurar um gerador para alugar, mas não encontrou. “Acabei comprando o equipamento para nunca mais ter que passar por isso.”
Nos últimos dias, o empresário teve que aquecer água para banhar seu bebê de 1 ano e meio. Ele e sua filha de 7 anos estão tomando banho no local de trabalho. Para tornar a situação ainda mais difícil, Eduardo disse que o gerador só será entregue na próxima segunda-feira (13/11).
“No final, o equipamento só será útil na próxima vez que faltar energia”, disse. A energia na casa do empresário voltou por volta das 15h30, mas uma parte do condomínio ainda estava sem luz.
Outro morador do condomínio, o advogado Thiago Luiz de Oliveira Reis, 41 anos, também comprou um gerador. “Foi difícil. Ou não encontrava gerador, ou tinha muita gente na fila”, conta.
Na segunda-feira (6/11), Thiago comprou o equipamento. Ele gastou com o gerador, cabos, peças e mão de obra. Para mantê-lo funcionando, ele precisa gastar R$ 120 por dia com a gasolina. O equipamento fica ligado das 8h às 22h, mas depois disso, precisa ser desligado devido ao barulho muito alto.
O advogado decidiu investir porque teve problemas durante o apagão. Sua esposa, que usa um aparelho chamado CPAP para dormir, e suas filhas tiveram que passar a noite na casa de parentes. Além disso, seus peixes do aquário estavam quase morrendo.
“Os problemas aqui são recorrentes, mas nunca foi tão grave como desta vez”, afirmou. A casa de Thiago continuava sem energia até a manhã desta quinta-feira (9/11).
Envie emails e faça ligações para a Enel.
O geólogo José Maria Azevedo Sobrinho, de 63 anos, disse ao Metrópoles que os moradores fizeram ligações e enviaram e-mails à concessionária, mas não tiveram o problema resolvido.
Ele chegou a abordar dois caminhões da concessionária que apareceram no condomínio durante esse período. “Fizeram anotações e foram embora”, afirmou José. Segundo ele, os moradores estão desesperados.
José tem mal de Parkinson e mora com a esposa e o filho. “Preciso fazer exercícios, mas não posso porque não tenho como tomar banho depois”, disse. Segundo José, é o problema mais grave que o condomínio já enfrentou.
“Moro há 19 anos aqui. Desse jeito, nunca vi acontecer. Já peguei 24 horas, 48 horas [sem energia], mas 120 horas é o fim do mundo.”
Problema de saúde
O jornalista Daniel dos Santos Filho, de 54 anos, mora no condomínio há 15 anos. Além dos problemas com comida e eletrodomésticos, que os vizinhos contaram, ele também teve um problema de saúde.
Daniel tem apneia do sono severa, que o deixa com falta de ar enquanto dorme. Ele precisa usar um aparelho chamado CPAP, que depende de energia elétrica. “Tenho que dormir na casa de um amigo, em uma cidade vizinha”, disse ao Metrópoles.
O jornalista disse que teve que comer antecipadamente algumas comidas que estavam em sua geladeira e o resto ele doou ou teve que jogar fora.
De acordo com Daniel, os moradores do condomínio estão se preparando para entrar com um processo contra a Enel. Isso já aconteceu outras vezes, quando houve falta de energia, e segundo ele, os moradores ganharam os casos.
O Metrópoles entrou em contato com a Enel, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos.