“Foi um susto”, declara ex-presidente do INSS sobre operação da PF

Stefanutto afirma que “não houve nenhuma concessão” por sua parte e que sua gestão atuou contra os descontos indevidos em benefícios.

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, declarou ter ficado assustado quando a PF (Polícia Federal) invadiu seu apartamento em Brasília, no âmbito da operação Sem Desconto, conforme divulgado em entrevista à CNN Brasil na segunda-feira, dia 12 de maio de 2025.

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Foi uma surpresa e um susto. Nunca, ao longo da minha carreira como servidor público, estive envolvido em qualquer operação policial. Ser acordado pela Polícia Federal foi, de fato, uma situação inesperada e difícil.

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Stefanutto e mais cinco indivíduos foram afastados de suas funções durante a operação que revelou irregularidades nos descontos aplicados por associações nas folhas de pagamento de aposentadorias e pensões.

Os descontos foram praticados sem a autorização do responsável e sem a oferta de qualquer serviço. O valor total desviado ficou estimado em R$ 6,5 bilhões entre 2019 e 2024.

Segundo Stefanutto, sua gestão implementou mecanismos e procedimentos de segurança, incluindo a criação de um passo a passo para consultar descontos ativos, solicitar o cancelamento e exigir biometria no cadastro.

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É evidente que medidas estruturantes desse tipo demandam tempo para serem implementadas, sobretudo em uma instituição do porte do INSS, com obrigações complexas e voltadas à proteção de milhões de segurados.

O ex-presidente da autarquia declara-se “tranquilo”, assegurando “plena consciência” de sua inocência e ressaltando a importância de que as investigações sigam em frente para identificar os verdadeiros responsáveis.

Entendo como inevitável, em razão do desgaste envolvido, a substituição da presidência do INSS. No entanto, isso não implica que eu tenha praticado alguma irregularidade, acrescentou.

Stefanutto afirmou que, durante sua gestão, nenhum novo ACT (Acordo de Cooperação Técnica) foi celebrado. Ele ressaltou que, sob sua presidência, nenhuma entidade nova foi admitida como conveniada ao INSS.

“O que ocorreu […] foi o aumento no número de segurados cadastrados por entidades que já possuíam acordos vigentes. Como gestor público, eu não poderia simplesmente cancelar esses acordos sem um processo formal de apuração e respeito ao contraditório.”

Stefanutto determinou a implementação de um procedimento apuratório, que exigia das entidades a apresentação de amostragens comprovando que os associados haviam autorizado os descontos.

Na entrevista, Stefanutto foi questionado sobre as anotações apreendidas pela PF em sua posse, com a mensagem: “agradecer o CNPS – 150.000.000”, e na posse do lobista Antônio Carlos Antunes, o “Careca do INSS”, com a mensagem: “5% Stefa”.

A menção ao CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) está relacionada a uma proposta de reforço orçamentário, afirmou. O INSS, como todos sabem, tem limitações orçamentárias e solicitações de incremento são parte da rotina administrativa de qualquer gestor público.

Quanto à anotação do lobista, que, segundo a PF teria recebido R$ 53,58 milhões e atuava como figura central no esquema, o ex-presidente do INSS declarou não poder comentar, uma vez que sua defesa até o momento não teve acesso ao material. “O que posso afirmar com absoluta convicção é que essa anotação não corresponde a qualquer vantagem recebida por mim nem direta nem indiretamente”.

Quem é Alessandro Stefanutto?

Alessandro Antonio Stefanutto assumiu a presidência do INSS em julho de 2023, nomeado pelo ex-ministro da Previdência Social Carlos Lupi. É procurador federal de carreira e atua na autarquia há 25 anos. Já ocupou o cargo de procurador-geral do órgão de 2011 a 2017.

Bacharel em Direito pela Universidade Mackenzie, possui pós-graduação em gestão de projetos e mestrado em gestão e sistemas de seguridade social pela Universidade de Alcalá, na Espanha. É membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Na sua gestão, a fila do INSS atingiu quase 2 milhões em fevereiro de 2025, o maior número desde 2020.

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Fonte: Poder 360

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