Fomo para Satisfação: a relevância das comunidades para o consumo
Grupos se formam a partir de vínculos, permitindo que indivíduos escapem da sensação de perder algo (FOMO) e experimentem satisfação (Fulfillment).

Você já sentiu o FOMO? O termo “Fear of missing out” – traduzido para o português: “Medo de ficar de fora” – significa a sensação de apreensão por estar perdendo informações, eventos ou experiências.
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Esse sentimento é frequentemente observado em indivíduos de diferentes idades e foi abordado no painel From Fomo to Fulfillment: The Science of Consumer Behavior, realizado no evento SXSW, em Austin, nos Estados Unidos.
O painel discutiu a mudança do Fomo para o Fulfillment, que representa a passagem do vazio para a satisfação, a experiência de exclusão para a inclusão.
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Especialistas analisaram aspectos psicológicos e neurocientíficos que afetam as escolhas dos consumidores, notadamente em um contexto digital marcado por tendências como “TikTok me fez comprar” e “Must-haves”, além de discutir os impulsos inconscientes que influenciam o comportamento de compra.
Uma pesquisa da Trope, em parceria com a Youpix, revelou que 40% da Geração Z prefere realizar compras por meio de redes sociais e 59% afirma que influenciadores digitais exercem influência nas decisões de viagens e visitas a novos locais.
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Kelly Goldsmith, especialista em marketing comportamental da Owen Graduate School of Management – Universidade Vanderbilt, ressaltou que muitos consideram os consumidores preguiçosos, míopes e egoístas nas decisões, porém a verdade é que a maioria age com base em objetivos, mesmo que de forma inconsciente.
Uma ilustração disso foi a disputa pela máscara durante a pandemia: não se tratava apenas de garantir suprimentos, mas também de uma reação psicológica à incerteza, buscando retomar alguma sensação de controle sobre o futuro.
A compreensão desse comportamento possibilita que as marcas desenvolvam estratégias mais empáticas e eficazes, em vez de assumir que os consumidores tomam decisões irracionais.
Adicionalmente, argumento que é essencial que as empresas compreendam as transformações de comportamento, notadamente das novas gerações, se almejam estabelecer um vínculo autêntico com esse público-alvo, considerando que as Gerações Z e Alpha apresentam padrões de consumo não lineares.
O especialista em marketing da Leeds School of Business, Lawrence Williams, destacou que o marketing frequentemente se concentra no consumidor individual, negligenciando o impacto das redes sociais e das relações interpessoais.
Ele afirmou que nossas decisões não são apenas individuais, mas também influenciadas pelo nosso círculo social. O consumo está diretamente relacionado ao pertencimento e à aceitação em um grupo.
Quanto à Geração Z, considero que o conceito de “comunidade” é ainda mais relevante. As comunidades são grupos de pessoas que compartilham interesses em comum e que fazem com que se sintam pertencentes a algo.
Essas comunidades emergem a partir da conexão, valorizada pela GenZ, que as torna responsáveis por tirar as pessoas do medo de perder algo (Fomo) e promover o sentimento de realização (Fulfillment).
As marcas dentro da economia criadora já começaram a perceber a importância de se envolverem na formação dessas comunidades e de participarem das conversas, em vez de tentarem constantemente criá-las.
Ao abordar os novos consumidores, é necessário adotar uma estratégia eficaz para atrair o público, visto que as pessoas, especialmente a GenZ, identificam quando uma ação é imposta e realizada unicamente para satisfazer momentaneamente. Se a comunicação não for sustentada a longo prazo, a conexão emocional será perdida.
Isto contrasta com outro ponto discutido no painel, que é a tênue linha entre influenciar e manipular o consumidor, ressaltando que o sucesso genuíno das marcas reside na construção de conexões duradouras, e não apenas em técnicas para impulsionar vendas imediatas.
Acredito que essa mudança efetiva só acontece quando as marcas escolhem indivíduos do público que desejam alcançar, posicionados nas decisões de investimento em branding.
É o que sempre afirmo: a Geração Z já possui uma voz, mas precisa ser ouvida, além de ter liberdade para compartilhar ideias, a fim de ajudar a marca a se aproximar dos novos consumidores.
Nas sociedades contemporâneas, onde o consumo é cada vez mais social e digital, as empresas devem priorizar a construção de conexões genuínas, inclusive através do ambiente online, aproveitando as oportunidades oferecidas pela economia criadora.
Luiz Menezes é o fundador da Trope.
Fonte: Metrópoles