Foto de “genocídio” de Trump é do Congo, não da África do Sul

A imagem exibida na reunião com o presidente Cyril Ramaphosa mostra combates entre forças militares e rebeldes do grupo M23.

22/05/2025 19h15

2 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou uma imagem de um vídeo da Reuters gravado na República Democrática do Congo na quarta-feira (21) como evidências de assassinatos em massa de sul-africanos brancos.

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“Não são todos fazendeiros brancos que estão sendo enterrados”, declarou Trump, exibindo uma cópia impressa de um texto acompanhada de uma imagem, durante a reunião no Salão Oval da Casa Branca com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.

O vídeo publicado pela Reuters em 3 de fevereiro, e depois confirmado pela equipe de verificação de fatos da agência de notícias, apresentava trabalhadores humanitários removendo sacos contendo cadáveres na cidade de Goma, na República Democrática do Congo.

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A imagem foi obtida de uma gravação da Reuters realizada após combates intensos entre rebeldes do M23 e o governo da República Democrática do Congo, que conta com o apoio de Ruanda.

Descongruência de informações com as imagens.

A publicação apresentada a Ramaphosa durante a reunião na Casa Branca foi feita pela American Thinker, uma revista conservadora online, acerca de conflitos e tensões raciais na África do Sul e no Congo.

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A imagem do post do blog não continha legenda, porém identificava-a como uma “captura de tela do YouTube” com um link para uma reportagem em vídeo sobre o Congo, da Reuters.

A Casa Branca não se manifestou em resposta a uma solicitação de comentário. Andrea Widburg, diretora editorial da American Thinker e autora da publicação original, escreveu em resposta a uma consulta da Reuters que Trump havia “identificado incorretamente a imagem”.

Adicionalmente, ressaltou que a publicação, que descreveu como um “governo marxista disfuncional e obcecado pela questão racial” de Ramaphosa, evidenciou a “crescente pressão sobre os sul-africanos brancos”.

O autor original da filmagem afirmou que o ocorrido foi um choque.

A imagem foi capturada durante a filmagem de um enterro coletivo, ocorrido após um ataque do M23 à Goma, realizado pelo correspondente de vídeo da Reuters, Djaffar Al Katanty.

“Naquele dia, foi muito difícil para os jornalistas entrarem… Tive que negociar diretamente com o M23 e coordenar com o CICV (Comitê Internacional da Cruz Vermelha) para obter permissão para filmar”, disse Al Katanty. “Apenas a Reuters possui vídeo.”

Al Katanty afirmou que ter visto Trump segurando o documento com a captura de tela do vídeo foi surpreendente.

Al Katanty afirmou que o presidente Trump utilizou sua imagem e cenas filmadas na RDC para tentar convencer o presidente Ramaphosa de que, em seu país, indivíduos brancos são vítimas de assassinatos cometidos por pessoas negras.

Ramaphosa esteve em Washington nesta semana para fortalecer os relacionamentos com os Estados Unidos, em meio às críticas contínuas de Trump nos últimos meses sobre as leis de terras da África do Sul, a política externa e as alegações de abusos contra a minoria branca, que o país nega.

Trump interrompeu a reunião transmitida ao vivo com Ramaphosa para exibir um vídeo que, de acordo com o presidente dos EUA, apresentava provas de genocídio de fazendeiros brancos na África do Sul.

Essa teoria, que se espalha em grupos de extrema-direita há anos, é baseada em alegações falsas.

Em seguida, Trump passou a analisar cópias impressas de textos que, segundo ele, descreviam assassinatos de sul-africanos brancos, repetindo “morte, morte, morte, morte terrível”.

Fonte: CNN Brasil

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