Fralía inaugura nova planta em São Gonçalo do Rio Abaixo para atender demanda internacional e expandir portfólio de produtos de alto valor agregado.
A empresa mineira Fralía, especializada na transformação de cacau em insumos para a indústria alimentícia, planeja triplicar sua capacidade produtiva em Minas Gerais com a construção de uma nova fábrica. Este projeto representa uma nova fase de expansão, visando conectar-se ao avanço agrícola do estado, aumentar a presença internacional e alcançar R$ 300 milhões em faturamento na próxima década.
A nova unidade está sendo construída em São Gonçalo do Rio Abaixo, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, onde a sede da companhia está localizada. O projeto, do tipo greenfield, foi projetado para operar com alto nível de automação, eficiência energética e foco em produtos de maior valor agregado.
“É uma fábrica moderna, já pensada e planejada para o fim a que se destina. Nós sentimos a dor desse crescimento e, de certa forma, essa obra representa uma correção de rota. Ao mesmo tempo, prepara a empresa para o futuro”, afirma o CEO Matheus Pedrosa.
A Fralía foi uma das vencedoras do Prêmio Negócios em Expansão da EXAME, na categoria Alimentos e Bebidas, e cresceu mais de 400% na última década. Atualmente, atende 250 clientes ativos no Brasil e na América do Sul.
A expansão da Fralía ocorre em um contexto de reconfiguração do mercado brasileiro de cacau. O cultivo, antes concentrado na Bahia e no Pará, começa a se fortalecer no norte de Minas, impulsionado por projetos de pesquisa e mudanças climáticas que afetam grandes produtores africanos.
Os primeiros estudos sobre a viabilidade do cultivo na região começaram em 2013, sob a coordenação do professor Victor Martins Maia, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). “Hoje, a região já conta com aproximadamente 600 hectares de cacau plantados, com produtividade até dez vezes maior do que a média do sul da Bahia”, afirma Maia.
Enquanto consolida sua base produtiva, a Fralía também fortalece sua estratégia de relacionamento comercial. Um dos diferenciais é o Fralía Escudo, um modelo de contrato com preços fixos que protege as indústrias da volatilidade do mercado global.
“A gente literalmente salvou a vida de clientes nos últimos anos. Quando o cacau disparou no mercado internacional, nossos contratos já garantiam o preço travado”, diz Pedrosa. Outro programa é o Fralía com Você, um sistema de fidelização que oferece cashback, bonificações e experiências exclusivas para clientes recorrentes.
Com a nova planta, a capacidade de produção da Fralía deve chegar a 1.000 toneladas por mês. A companhia opera diretamente com o consumidor industrial, sem intermediários, utilizando um funil digital interno que integra vendas e relacionamento comercial.
Atualmente, 98% das entregas são gerenciadas por equipes internas, o que permite maior controle de margens e experiência de compra. A nova estrutura facilitará a diversificação do portfólio para atender às demandas específicas de indústrias no Brasil e no exterior.
A meta é alcançar R$ 300 milhões em faturamento na próxima década e se consolidar entre as fornecedoras nacionais mais inovadoras e rentáveis do setor. “Não queremos ser os maiores em volume. Queremos ser os mais relevantes em inovação, eficiência e relacionamento”, resume Pedrosa.
Flávio Roscoe, presidente da FIEMG, destaca que o projeto simboliza um novo ciclo industrial no estado. “O que diferencia a Fralía é a visão de negócios da liderança. Para eles, inovação não é opcional. Existe uma cultura estratégica, e não só técnica, dentro da companhia”, conclui.
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