Fundadora da Casa Poéticas Negras comenta sobre a importância da literatura para todas as fases da vida em seu retorno à Flip

Parceria estabelecida busca incluir vozes críticas no debate da Festa Literária Internacional de Paraty.

30/07/2025 12h55

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(Imagem de reprodução da internet).

A Casa Poéticas Negras retorna à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) em 2025, agora como parte oficial do programa “Casas parceiras”. A programação do espaço destaca narrativas negras, indígenas, LGBT+ e femininas, com nomes como Andreone Medrado, coordenadora do Núcleo de Consciência Negra da Universidade de São Paulo (USP). Estará previsto o encontro da escritora Conceição Evaristo com o escritor angolano Ondjaki, que dividirão o palco pela primeira vez.

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Ser uma das 25 casas parceiras do evento representa um reconhecimento de grande poder. Isso contribui para a defesa de uma literatura autêntica que espelha o que é o Brasil: um Brasil negro, periférico, indígena, múltiplo, afirma Angela Damasceno, fundadora da Casa Poéticas Negras, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Fundada em 2018, a casa opera continuamente como um ambiente informal de educação em Paraty (RJ), com iniciativas focadas na emancipação de comunidades carentes. “Operamos durante todo o ano ouvindo o território. O que esse território tem a nos dizer? Quais são as cores que atravessam esses corpos, que são caiçaras, quilombolas, indígenas, de negros periféricos?”, descreve Damasceno.

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Ela considera a presença de Andreone, travesti negra, como a representação de um “corpo dissidente, que pensa, escreve e transforma”. “A presença dela escancara o quanto a literatura precisa, urgentemente, passar por todas as existências”, afirma a organizadora. A escritora participa de duas mesas, uma sobre afetividade e outra sobre colonialismo.

A 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ocorrerá entre quinta-feira (30) e domingo (3), em Paraty.

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Representantes de um Brasil que não é contado.

A edição deste ano incorpora lideranças como a artista indígena Eva Potiguara e a professora quilombola Joana Maria Bispo. “Observo essas lideranças em um sentido muito amplo, da história do Brasil que não é contada.” […]. Uma liderança quilombola como Brito traz um reflexo desse Brasil distante, com uma linguagem muito própria. A linguagem de Brito faz parte do Assentamento Terra Vista, e também dos povos, diz Damasceno. Já Potiguara, segundo Damasceno, “traz essa herança indígena dentro da autoria como uma escritora indígena, as óticas que ela carrega dentro da sua palavra, literatura, obra”.

O encerramento da casa será com o inédito encontro entre Conceição Evaristo e Ondjaki, em celebração aos 50 anos da Editora Pallas. “Conceiçãoe Ondjaki trazem esse abraço do continente, esse encontro que pode conectar por meio de palavras nesse transatlântico, oceano que nos divide, esses históricos que traduzem essa África vibrante, esse Brasil rico, que bebe e se farta dessa fonte”.

Ângela Damasceno ressalta o papel da Casa Poéticas Negras como um projeto com raízes no território. “Nós existimos, resistimos, escrevemos [¦] a nossa própria história, o nosso próprio caminho. É esse verbo ‘aquilombar’. Tentamos que essa contribuição seja diária.”

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

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