Fusão entre J&F e Eldorado eleva J&F ao posto de maior grupo empresarial do Brasil

Com faturamento de R$ 434 bilhões em 2024, a holding dos irmãos Batista emprega mais de 300 mil funcionários em oito segmentos de atuação.

17/05/2025 7h03

8 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Após mais de oito anos de disputa, o maior conflito empresarial do país chegou ao fim na quinta-feira (15) com a aquisição integral da Eldorado Celulose Brasil pela J&F por mais de R$ 15 bilhões.

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A vitória consolida a holding dos irmãos Batista como o maior grupo empresarial do Brasil, com receita de R$ 434 bilhões em 2024 e R$ 340 bilhões em ativos.

O encerramento dessa disputa é muito importante para a J&F porque nos permite focar totalmente nos negócios, que é o que sabemos fazer de melhor. Ao resolver esse litígio de maneira amigável, abrimos um novo capítulo na história da Eldorado, afirmou, com exclusividade, Aguinaldo Filho, presidente da J&F.

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A resolução do conflito, que se estendeu por quase uma década, gerou otimismo no mercado, com foco na expansão de investimentos no setor de celulose, à medida que a empresa avalia novas possibilidades.

O retorno da participação da Paper Excellence para a J&F deve estimular o interesse da Eldorado por investimentos. A expectativa é que a Eldorado retome o ritmo de busca por ativos, intensificando sua atuação no mercado de fusões e aquisições, conforme declarado por Daniel Gildin, sócio da Fortezza Partners.

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A J&F atua, além do setor de celulose, em diversos outros segmentos, como alimentos, mineração, energia, cosméticos e limpeza, ecossistema financeiro e comunicação.

A holding procurou na última década consolidar sua liderança em áreas onde já é líder global, como a de proteína animal, bem como ampliar sua posição em setores que historicamente são rentáveis para o Brasil, como mineração e celulose.

Essa diversificação desempenha um papel importante no negócio que é mitigar riscos. A holding está exposta a commodities, mas também à tecnologia, financeiro e outros. Assim, quando um deles apresenta um desempenho inferior, os demais podem compensar esse resultado. E agora o aumento na posição do setor de celulose fortalece essa diversificação, afirmou Arthur Horta, analista de investimentos da GTF Capital.

Acompanhe a atuação da empresa em cada segmento.

Proteína

A JBS é um dos principais pilares da J&F e contribui significativamente para a receita da holding. A empresa brasileira se destaca como a maior do mundo no setor de proteínas, atendendo a mais de 350 mil clientes e operando com mais de 600 unidades em 20 países.

A empresa do setor alimentício concluiu o ano de 2024 com receita líquida de R$ 416,9 bilhões, representando um aumento de 14,6% em relação ao ano anterior. Um dos pontos positivos do resultado foi o crescimento de 128% na receita de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), que atingiu R$ 39 bilhões durante o período.

O portfólio de marcas da empresa engloba Friboi, Maturatta, Seara, Seara Gourmet, Doriana, Incrível!, Swift, Pilgrim’s Pride, Huon, Savora, Moy Park e King’s, entre outras.

A empresa, além do setor frigorífico, opera com negócios relacionados como couro, biodiesel, colágeno, embalagens naturais, higiene pessoal e limpeza, reciclagem, embalagens metálicas e serviços de transporte e soluções em gestão de resíduos.

Celulose

A Eldorado Brasil, empresa do setor de celulose que esteve envolvida em uma disputa de oito anos entre a J&F e a Paper Excellence, é uma das maiores do segmento global.

Especialistas apontam que a empresa atingiu a produção total, superando em 20% as metas iniciais estabelecidas na sua inauguração em 2012.

O negócio operacionalmente está bem, operando em capacidade máxima. Com este problema solucionado, a J&F pode acelerar outros investimentos em celulose no Brasil. Não temos essa informação ainda, mas essa possibilidade aumenta com a resolução do conflito jurídico e societário, afirmou Daniel Utsch, gestor de renda variável da Nero Capital.

A Eldorado Brasil Celulose registrou receita líquida de R$ 17 bilhões no quarto trimestre de 2024, com aumento anual de 30%. Os resultados recentes e a aquisição da totalidade das ações da J&F, por cerca de R$ 15 bilhões, indicam aos investidores que a empresa identifica um fluxo de caixa futuro das operações que justifica um preço elevado, segundo Daniel Utsch.

A energia é fundamental para a vida e o funcionamento de todos os sistemas.

A J&F também atua no mercado de geração e comercialização de energia por meio da Âmbar Energia. A empresa também oferece transporte de gás natural, visando atender aos desafios de expansão e diversificação da matriz energética.

A Âmbar atua em comercialização por meio da subsidiária Âmbar Comercializadora de Energia, com sede em São Paulo. Trata-se de uma empresa que comercializa, importa e exporta energia elétrica.

As instalações de geração de energia incluem as usinas de Uruguaiana (RS), Candiota (RS) e Araucária (PR), além do Projeto Integrado de Energia Cuiabá, com usinas termelétricas e um conjunto de gasodutos que transportam o gás natural de Chiquitos, na Bolívia, até Cuiabá, no Mato Grosso.

A Eletrobras comercializou seu portfólio de termelétricas a gás natural para a Âmbargreen por R$ 4,7 bilhões, o que aumentou a capacidade instalada da holding dos irmãos Batista para 4,6 gigawatts (GW) de potência.

Extração de minérios.

Em 2022, a holding dos irmãos Batista realizou uma das suas mais recentes movimentações ao ingressar no setor de mineração com a aquisição do ativo Lhg Mining, localizado no Mato Grosso do Sul, anteriormente pertencente à Vale.

Após a compra da Lhg Mining pelo grupo J&F, a empresa intensificou seus esforços para expandir a capacidade produtiva, elevando a produção de minério de ferro e manganês de 2 milhões para 12 milhões de toneladas em um período de dois anos.

Manutenção.

Originalmente estabelecida como setor de Higiene e Limpeza da JBS, a Flora se tornou uma empresa independente em 2007, incorporada ao portfólio do Grupo J&F. Em 2023, a empresa atingiu um número de 2.400 colaboradores e obteve um faturamento de R$ 2,2 bilhões.

A Flora reúne atualmente 15 marcas. São elas: Minuano, Francis, Neutrox, Albany, OX Cosméticos, Brisa, Assim, Phytoderm, Kolene, Karina, Vyvedas, Mat Inset, Capi Vida, Hydratta e No Inset.

Finanças e tecnologia.

Atualmente, o grupo J&F possui dois ativos importantes para o sistema financeiro: o Banco Original e o PicPay.

O banco foi adquirido em 2011 e opera unicamente no atacado, com foco nos segmentos de empresas, corporativo e agronegócio, que nortearam sua trajetória. O Original tem uma carteira de crédito no atacado no valor de R$7,1 bilhões.

Com atuação cada vez mais focada em tecnologia, o PicPay alcançou mais de 33 milhões de usuários ativos, oferecendo um portfólio de produtos e serviços como conta digital, cartão, empréstimos, investimentos e seguros, e, mais recentemente, inovação por meio do Open Finance.

O começo

O negócio, atualmente bilionário, iniciou-se em meados do século XX, em um açougue denominado Casa de Carnes Mineiras, em Anápolis (GO). Em 1953, a empresa foi lançada como um modesto comércio do patriarca do grupo, José Batista Sobrinho, que visitava propriedades rurais adquirindo e vendendo gado.

Na década de 1960, a açougue deu um passo importante ao instalar matadouros nas cidades goianas de Anápolis e Formosa. Nos anos 1970, a J&F passou a liderar o mercado de carne em Brasília. Na década seguinte, a graxaria da varejista de carnes deu origem à empresa Flora Higiene e Cosméticos.

Nos anos 1980, os filhos mais jovens do patriarca, Wesley e Joesley Batista, ingressaram no negócio. O primeiro foi responsável pela administração de um frigorífico em Luziânia (GO), enquanto o segundo atuou como gerente industrial da Minuano. A empresa seguiu em expansão ao firmar um arrendamento de um frigorífico em Anápolis (GO), local onde tudo começou, no início dos anos 1990.

Na transição do milênio, a Bordon foi incorporada, e a Friboi estabeleceu-se como líder no setor de proteína bovina no Brasil.

Expansão

A expansão internacional começou em 2005, com a aquisição da Swift Armour, na Argentina, e, nos dois anos seguintes, foram adquiridos mais seis frigoríficos naquele país vizinho.

Em 2006, a Friboi iniciou sua atuação no mercado financeiro internacional com a emissão de títulos, e, no ano subsequente, realizou sua oferta pública inicial e passou a operar sob o nome JBS.

Em julho de 2007, a JBS adquiriu a Swift Co., que apresentava uma receita cinco vezes maior. Em menos de um ano, a operação se tornou lucrativa com a gestão de Wesley Batista.

A diversificação de proteínas foi expandida em 2009, com a aquisição da Pilgrim’s Pride, que também coincidiu com a incorporação da Bertin S.A., o que solidificou a JBS como o maior produtor de proteína animal global.

A estratégia de crescimento expandiu-se para novos segmentos. A partir de 2011, a J&F adquiriu o Banco Matone, que resultou no Banco Original, e lançou a Eldorado Brasil Celulose.

Em 2013, a JBS expandiu sua atuação nas cadeias de aves e suínos no Brasil com a aquisição da Seara. No mesmo ano, adquiriu o Canal Rural. Dois anos depois, surgiu a Âmbargreen. Já em 2021, a JBS adquiriu a Vivera, terceira maior empresa de proteína vegetal da Europa, e ingressou no segmento de aquicultura com a compra da australiana Huon. Em 2022, comprou a espanhola Biotech e anunciou a criação de um centro de pesquisa em Santa Catarina, ambos voltados ao desenvolvimento de carne cultivada.

A mais recente iniciativa de diversificação foi a criação da LHG Mining, em 2021, através da aquisição dos ativos de minério de ferro e manganês da Vale no Mato Grosso do Sul.

Fonte: CNN Brasil

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