Garotinho afirma que Xaud é “testa de ferro” de Sarney e Jucá na CBF

Ex-governador do RJ, Garotinho, alega que Xaud exercerá influência como interventor, ex-presidente do STJD e político de Roraima.

25/05/2025 18h33

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(Imagem de reprodução da internet).

O ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho declarou na sexta-feira (23.mai.2025) que o presidente eleito da CBF, Samir Xaud, é o “testa de ferro” de Fernando Sarney, interventor que substituiu Ednaldo Rodrigues, Flávio Zveiter e Romero Jucá. Para Garotinho, o trio “vai mandar na CBF”.

A definição de quem liderará a CBF é uma trinca: Fernando Sarney, Flávio Zveiter e a família Jucá. O resto é apenas questão de conveniência daqueles ali, afirmou o ex-governador em entrevista ao podcast Geral Pod.

A criança questionava a credibilidade de Samir Xaud para a disputa presidencial da CBF, dizendo: “Como surgiu um candidato de Roraima, que não tem time na 2ª ou 3ª divisão, para se tornar presidente?”.

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O médico Samir Xaud, de 41 anos, foi confirmado no domingo (25.mai) como o novo presidente da instituição, com o apoio de 25 das 27 federações estaduais. Ele era dirigente da Federação de Futebol do Roraima e foi candidato único.

Xaud substituirá Ednaldo Rodrigues, que foi afastado da presidência da CBF por decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) e que nomeou o vice Fernando Sarney como interventor para conduzir novas eleições.

Rodrigues desistiu de buscar reparação no STF. Segundo informações fornecidas aos advogados, a decisão foi motivada pelo desejo de restabelecer a tranquilidade no futebol nacional.

Este ato, calmo e deliberado, demonstra o esforço do Peticionário [Ednaldo] para superar este último incidente do processo judicial, recusar interpretações que prejudicam sua reputação e a de sua família, e reiterar, perante esta Suprema Corte, como sempre faz, seu compromisso com o respeito à Justiça, aos fatos e à estabilidade institucional da Confederação Brasileira de Futebol. […] [Ednaldo] afirma que, em relação às novas eleições convocadas pelo interventor, não está concorrendo a nenhum cargo ou apoiando qualquer candidato, desejando sucesso e boa sorte àqueles que irão assumir a gestão do futebol brasileiro.

Para Garotinho, a construção da candidatura de Xaud foi articulada pelo presidente do MDB de Roraima, Romero Jucá (MDB-RR), pelo filho do ex-presidente José Sarney, Fernando Sarney, e pelo ex-presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Flávio Zveiter. O ex-governador também menciona outras figuras políticas e jurídicas.

O vice-presidente da CBF tomou posse como interventor na confederação, decisão do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, do TJ-RJ, que afastou Ednaldo de suas funções. Sarney foi responsável por conduzir as novas eleições.

Fernando apresentou requerimento no Supremo em maio para determinar a inexistência do acordo celebrado no início do ano que validou a legalidade das eleições de 2022 e manteve Ednaldo Rodrigues à frente da presidência da entidade. O pedido foi indeferido.

Fernando é filho do ex-presidente da República José Sarney, irmão da deputada federal Roseana Sarney (MDB-MA) e do secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal José Sarney Filho (PV-MA).

O empresário está na CBF desde 1998, quando ocupou o cargo de relações governamentais. Sarney participou de todas as administrações seguintes, incluindo a de Ednaldo.

Para Garotinho, Ednaldo voltou ao cargo por determinação liminar do ministro do STF Gilmar Mendes, o que o fez ser “excluído” da gestão. O ex-governador responsabiliza-o pela condução que levou à desistência de Ednaldo da eleição da CBF, em conjunto com Romero Jucá, que teria indicado Samir Xaud como candidato à presidência.

Fernando Sarney seria rapidamente afastado. Por ter atuado nos governos de Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo del Nero, Rogério Caboclo e estava envolvido com Ednaldo. Não se tratava de uma continuidade. Eles encontraram um indivíduo desconhecido de Roraima, afirmou o ex-governador.

A Power360 tentou contatar Fernando Sarney, porém não obteve sucesso em localizar um telefone ou e-mail válido para fornecer informações sobre o conteúdo desta reportagem. Esta publicação continuará buscando contato com o dirigente esportivo e este texto será atualizado caso haja alguma declaração enviada.

Romero Jucá preside o MDB de Roraima. Foi governador e senador pelo estado. Também exerceu os cargos de ministro da Previdência no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2005, e de ministro do Planejamento, no governo de Michel Temer (MDB-SP). No Senado, atuou como líder do governo do emedebista.

Para Garotinho, Jucá é o “melhor amigo” de Samir Xaud. No podcast, o ex-governador declarou que o político se articulou com Flávio Zveiter e Fernando Sarney para lançar Xaud e evitar que Ednaldo recorresse ao STF solicitando sua permanência à frente da CBF.

A Power360 contatou Romero Jucá via aplicativo de mensagens para verificar se ele desejava comentar sobre as alegações de Anthony Garotinho. Mensagens de texto no WhatsApp foram enviadas às 11h. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada.

Flávio Zveiter, advogado e ex-presidente do STJD, concorreu à presidência da CBF em 2023, durante o primeiro afastamento de Ednaldo Rodrigues, porém a eleição não aconteceu devido à readenção do dirigente. Na eleição de domingo (25.mai), Zveiter foi eleito vice-presidente na chapa vencedora com Xaud.

De acordo com Garotinho, Zveiter esteve envolvido na articulação devido aos seus vínculos com o Judiciário do Rio de Janeiro. Flávio é filho de Luiz Zveiter, que também comandou o STJD, além de ter sido desembargador do TJ-RJ. Garotinho atribui a influência de Flávio no processo ao parentesco com Luiz.

O Tribunal de Justiça do Rio, que já havia tido uma liminar cassada por Gilmar Mendes, volta a cassar Ednaldo. Quem conseguiu? Quem deu a decisão? É aquele sobrenome que já falamos, que é bem influente.

Três presidentes de federações sabem que não é bom negócio discutir com a CBF, que não é bom brigar com a família Zveiter e muito menos com um cidadão que está há 30 anos na CBF, que é o tempo que o interventor está.

A Power360 tentou contatar Flávio Zveiter, porém não obteve sucesso em localizar um telefone ou e-mail válido para fornecer informações sobre o conteúdo desta reportagem. Este jornal digital continuará buscando contato com o dirigente esportivo e este texto será atualizado caso haja alguma manifestação enviada.

O ministro da Casa Civil e o líder do governo no Senado são apontados como aliados de Ednaldo Rodrigues na Bahia. Segundo Garotinho, os dois ex-governadores baianos mantiveram contato com o ex-presidente da CBF em 2023, após sua readenção.

Flávio Zveiter tentou se opor a Ednaldo naquela ocasião. Ednaldo é baiano. Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Jaques Wagner, senador pelo PT da Bahia – dois governadores da Bahia –, apoiavam ele, alegou Garotinho.

Este jornal digital também buscou os petistas para perguntar se desejariam se manifestar em relação às declarações de Anthony Garotinho. Foram enviadas mensagens de WhatsApp às 16h25 e às 17h04. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

O ministro do STF atuou como relator no caso julgado na Corte que restabeleceu Ednaldo Rodrigues à liderança da CBF em dezembro de 2023, após a Justiça do Rio de Janeiro o remover devido a irregularidades no processo eleitoral.

Desde agosto de 2023, o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), do qual Gilmar é sócio e fundador, mantém uma relação direta com a CBF Academy Brasil. O ramo da confederação possui uma parceria com a instituição para fornecer cursos para treinadores, preparadores físicos e gestores esportivos.

Segundo Garotinho, o ministro do STF teria orientado Ednaldo a renunciar à eleição. “Gilmar Mendes, segundo fontes, teria afirmado: ‘Eu vou aconselhar ele [Ednaldo Rodrigues] a desistir da eleição’.” Quando a renúncia é atribuída, é a Romero Jucá e Sarney que recebem a responsabilidade, declarou.

À Assessoria de Comunicação do ministro, a pedido, foi informado que ele não ofereceu nenhum tipo de orientação a Ednaldo.

Este jornal digital também buscou Samir Xaud por meio da presidência da Federação Roraimense de Futebol para perguntar se desejava se manifestar em relação às alegações de Anthony Garotinho. O e-mail foi enviado às 12h31. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.

Ouça o discurso completo de Anthony Garotinho.

E todos se perguntavam, está disponível no meu blog, como surgiu um homem de Roraima. Como um homem de Roraima, que não possui clube sequer na segunda ou terceira divisão, de repente apareceu para se tornar presidente da CBF. Eu disse, “vamos ver para onde isso vai chegar”. Comecei então, buscando a família dele. Zé Xaud, pai dele, foi por 40 anos presidente da Federação de Roraima de futebol.

Quem é o melhor amigo do Zé Zaud? Quem é o melhor amigo dele? Dizem que é Romero Jucá, que foi senador, líder do governo Sarney e Fernando Henrique no Senado. Quem é o interventor nomeado para presidir a eleição? O filho do Sarney.

Quem tentou disputar com Ednaldo foi Flávio Zveiter. Havia, no topo do poder brasileiro, um forte apoio a Ednaldo, que é baiano. Rui Costa, ministro da Casa Civil, e Jaques Wagner, senador pelo PT na Bahia, o apoiavam. Também apoiava Ednaldo dois ex-governadores da Bahia.

Então o Ednaldo agiu, obteve a liminar com o Gilmar Mendes, que como vocês sabem, ele possui contrato com a CBF, mas conseguiu retornar ao cargo. Nesse contexto, o filho de Sarney se demitiu. O Fernando Sarney, que prestava suporte. Você está equivocado. Quem irá comandar a CBF, é o que está no meu blog, é uma trinca. Fernando Sarney, Flávio Zveiter e a família Jucá.

O orçamento da CBF para este ano é de R$ 2,4 bilhões, com despesas de R$ 1,2 bilhão. Assim, há R$ 1,2 bilhões excedentes, sem a realização da Copa do Mundo.

E aqui, o que se observa. Recorda-se um fato notável. Sarney foi destituído no Maranhão somente quando Flávio Dino ascendeu ao poder. Exatamente. Flávio Dino tornou-se ministro da Justiça de Lula após encerrar o governo dele no Maranhão. Indicação do Supremo Tribunal Federal.

O presidente Lula poderia indicar fulano, poderia indicar ciclano. Sarney vai no ouvido dele e diz assim, bota o Flávio Dino. Ele não pode se envolver mais com política. Aí o Sarney passa de novo a controlar a política do Maranhão. E passa a ter influência.

Dado que o Flávio Dino não deseja confrontar a família Sarney, que é poderosa, e considerando que o Gilmar Mendes será alvo de uma nova ação de Ednaldo, o aconselhamento seria para que ele desistisse da eleição.

Quando se abandona a eleição, culpam Romero Jucá e Sarney. Então, o presidente seria alguém de Romero Jucá ou de Sarney. Fernando Sarney seria incriminado, pois participou dos governos de Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo del Nero e Rogério Caboclo, e estava envolvido no Edinaldo. Não se trata de uma renovação. Escolheram um desconhecido de Roraima, que nem sequer tinha histórico, para ser presidente da federação.

Faltava uma ponta. Qual era essa ponta? A manutenção das federações. Porquanto o Ednaldo, antes de tentar segurar as federações, recebeu o salário dos presidentes da federação, multiplicando-o por 3, 4 e 5.

Os valores subiram de R$ 30.000 para R$ 150 mil e de R$ 120 mil para R$ 300 mil. Ele afirmava: “Não vão conseguir montar a chapa, os caras estão todos comigo”.

Assim, o Tribunal de Justiça do Rio, que já havia tido uma liminar cassada por Gilmar Mendes, voltou a cassar Ednaldo. Quem conseguiu? Quem deu a decisão? Tem um sobrenome bom aí, né? É aquele sobrenome que já falamos dele. Que é bem influente nessa região.

Conseguiu, então, a trinca ficou formada. Os presidentes de federação sabem que não é bom negócio brigar com a CBF. Não é bom brigar com a família Zveiter. E muito menos com um cidadão que está há 30 anos dentro da CBF, que é o tempo que o interventor está lá.

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Fonte: Poder 360

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