General admite autoria do plano para assassinar Lula e Moraes

Mário Fernandes é um dos envolvidos no núcleo 2 da trama de corrupção.

24/07/2025 22h21

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(Imagem de reprodução da internet).

O general Mário Fernandes reconheceu, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal na quinta-feira 24, a autoria do plano denominado Punhal Verde e Amarelo, que, conforme a Polícia Federal, previa a morte do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro da Corte Alexandre de Moraes. Ele reduziu a relevância do documento.

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Fernandes, que está preso desde novembro de 2024, é um dos seis réus do núcleo 2 da tentativa de golpe de Estado. Ele irá a julgamento pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.

A Polícia Federal apreendeu, durante a investigação, o material relacionado ao plano do general.

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Este arquivo digital representa um pensamento meu que foi digitalizado. Um conjunto de dados, um pensamento, uma análise de riscos. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém.

Fernandes declarou se arrepender da digitalização. Ele informou ao STF que optou por imprimir o plano devido à preferência de não ler documentos em telas. “O que é mais importante: não passa de uma compilação de dados, com a visão de um militar. Apenas isso, não foi compartilhado ou apresentado a ninguém.”

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Além disso, são réus do núcleo 2:

Elaboração de plano para cometer homicídio.

A Polícia Federal concluiu que o plano para assassinar Moraes, previsto para 15 de dezembro de 2022, não prosseguiu em razão da negativa do comando do Exército em participar do golpe de Estado.

A denúncia da Procuradoria-Geral da República indica que indivíduos utilizando apelidos implementaram um esquema para capturar e assassinar o ministro.

A operação Contragolpe foi desencadeada em novembro de 2024, quando a Polícia Federal prendeu quatro militares do Exército, pertencentes às forças especiais conhecidas como “kids pretos”: Rodrigo Bezerra, Rafael Oliveira, Mário Fernandes e o tenente-coronel Helio Ferreira Lima. O policial federal Wladimir Matos Soares também foi preso, sendo alvo da denúncia julgada nesta terça-feira.

A polícia obteve acesso a mensagens de um grupo de conversas denominado “Copa 2022”, criado por indivíduos envolvidos em atividades golpistas, com o propósito de monitorar Moraes. Os agentes participantes utilizaram codinomes de países, incluindo Alemanha, Áustria, Japão e Gana.

Apesar das pressões exercidas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada.

A Polícia Federal apura que Bolsonaro organizou reuniões com comandantes militares e com o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. As reuniões eram lideradas por Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha).

Na manhã de 7 de dezembro de 2022, Bolsonaro convocou os chefes militares à Alvorada para apresentar a minuta do golpe e pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano de abolição do Estado Democrático de Direito, de acordo com o relato da Polícia Federal.

Garnier e Paulo Sérgio se uniram à intenção golpista, enquanto Freire Gomes e Baptista Júnior se manifestaram contra a ruptura institucional.

Em 15 de dezembro, Mário Fernandes encaminhou uma mensagem ao general Luiz Eduardo Ramos, então secretário-geral da Presidência, informando que Freire Gomes estaria indo ao Palácio da Alvorada para aparentemente manifestar sua concordância com o golpe.

“Jovem negro, algumas fontes indicaram que o comandante da Força autorizaria, hoje, a ir ao Alvorada para informar ao presidente que ele podia dar ordem”, dizia a mensagem, segundo a transcrição da PF.

Freire Gomes realmente esteve no Alvorada, como fez Ramos. Contudo, não ocorreu adesão institucional do Exército à ruptura.

Fonte por: Carta Capital

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