Gilmar Mendes critica parlamentares e ONGs que atuam de forma irresponsável no debate sobre o marco temporal
O ministro atua como responsável pela elaboração das peças processuais sobre o assunto no STF e busca conciliar um entendimento entre os povos indígenas e o Congresso.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu o diádurante a comissão sobre o marco temporal e criticou parlamentares e ONGs que “agem irresponsavelmente” nos debates sobre as terras indígenas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Observou que parlamentares defendem posições despreparadas, de maneira demagógica, negligenciando que estão oferecendo ilusões, enquanto diversas ONGs acabam fomentando invasões e conflitos. Ambos agem de forma irresponsável, pois não garantem a paz no campo, o que se torna um negócio vantajoso para esses intermediários.
O ministro não mencionou especificamente quais organizações não governamentais ou parlamentares estariam agindo de maneira irresponsável. As declarações do ministro marcaram o início de um novo ciclo de audiências sobre a questão, que retomaram na segunda-feira e prosseguirão até o dia 25 de junho.
Leia também:

Gilmar Mendes permite que Virginia Fonseca permaneça em silêncio na CPI das Bets

No caso envolvendo a “Globo”, o STJ decidiu que não é responsabilidade do ofensor aprovar o texto do direito de resposta

Dino suspende processo contra Juscelino Filho
Mendes é o relator das ações apresentadas pelo PL, PP e Republicanos para assegurar a validade do projeto de lei que firmou o princípio do marco temporal e de processos questionando sua constitucionalidade.
“Propomos outra saída viável para o impasse, com base em uma reconciliação, uma nova forma de solução para a jurisdição constitucional, visando resolver definitivamente o problema do conflito no campo e não adiá-lo indefinidamente”, concluiu o ministro.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
De acordo com a teoria do marco temporal, os povos indígenas detêm direito às terras que encontravam-se em sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que se encontravam em processo de disputa judicial naquele período.
Em 2023, além de encaminhar o caso para mediação, Mendes recusou o pedido de organizações para suspender a resolução do Congresso que ratificou o arcabouço, decisão que gerou insatisfação entre os povos indígenas.
Em seguida, representantes da Articulação dos Povos Indígenas (Apib) se retiraram da conciliação. A entidade considerou que os direitos dos indígenas são inegociáveis e não há paridade no debate. Os representantes da Câmara dos Deputados, do Senado e do governo federal prosseguiram nos debates.
Em dezembro de 2022, a Câmara dos Deputados rejeitou o veto do presidente Lula (PT) ao projeto de lei que regulamentou o marco. Em setembro, o Supremo Tribunal Federal já havia se manifestado contrariamente ao marco. A decisão da Corte foi considerada pela equipe jurídica do Palácio do Planalto para justificar o veto presidencial.
(Com informações da Agência Brasil).
Fonte: Carta Capital