Grupo Rão Inova no Mercado de Delivery
No cenário competitivo dos aplicativos de delivery, dominado por grandes nomes como iFood e Rappi, além de novas empresas com forte investimento, como as chinesas Meituan (Keeta) e Didi Chuxing (99Food), um grupo carioca decidiu seguir um caminho diferente.
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O Grupo Rão, que começou vendendo sushi, lançou seu próprio aplicativo de delivery, chamado Mundo Rão, apostando em tecnologia própria e em um relacionamento direto com os consumidores. Desde seu lançamento, o app já contabilizou mais de 800 mil pedidos e possui 87 mil usuários ativos, representando 20% dos pedidos da marca, com algumas lojas alcançando até 40%.
Objetivos e Crescimento do Aplicativo
A meta do grupo é ambiciosa: alcançar 30% dos pedidos até 2026, diminuindo a dependência de plataformas de terceiros. Esse movimento ocorre em um período de transformação no setor, onde o delivery foi o único canal a registrar crescimento no food service em 2025, com um aumento de 11% em relação ao ano anterior, conforme a pesquisa CREST do Instituto Foodservice Brasil (IFB).
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Com um faturamento anual de R$ 220 milhões, o Rão decidiu se transformar em uma foodtech, investindo em inteligência artificial, business intelligence (BI) e logística própria. Henrique Lemos, fundador do grupo, destaca que os custos com marketplaces superam R$ 1 milhão mensais, enquanto a infraestrutura do aplicativo custa apenas R$ 10 mil, impactando positivamente a margem de lucro e a sustentabilidade do negócio.
Trajetória de Henrique Lemos
Henrique Lemos, nascido no Rio de Janeiro, sonhava em ser jogador de futebol e passou por clubes como Vasco e Bangu. Após desistir da carreira esportiva, trabalhou na autoescola do pai, onde aprendeu sobre atendimento ao cliente e gestão de negócios. A ideia de entrar no ramo da gastronomia surgiu ao conversar com um amigo, levando-o a se tornar sócio de um pequeno restaurante de sushi.
Apesar de não ter experiência em administração de restaurantes, Lemos se dedicou a organizar o negócio e a aprender sobre o setor. O sucesso inicial levou à abertura de um restaurante em Botafogo e à expansão da marca, que passou a operar sob o modelo de franquias em 2016, com a introdução de novas unidades como Rão Burger e Rão Pizza.
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Inovação com Dark Kitchens
Antes mesmo do conceito de “dark kitchen” se popularizar, o Rão já operava em cozinhas dedicadas exclusivamente à entrega, que eram chamadas de “caverna”. O modelo enxuto e a presença digital permitiram um crescimento acelerado, mas a relação com os clientes se deteriorou com a ascensão do iFood.
Juliana Cicereli, especialista em tecnologia para food service, entrou para ajudar a recuperar o vínculo com os consumidores. Ela enfatiza que, enquanto no marketplace o cliente é “alugado”, no aplicativo próprio ele se torna fiel.
Desenvolvimento do Mundo Rão
A transformação digital começou em 2021, quando Lemos conheceu Cesar Pinheiro, responsável pela criação do aplicativo de entrega. O grupo investiu mais de R$ 1,5 milhão na formação de uma equipe de desenvolvedores e lançou o sistema Família Rão, seguido pelo Mundo Rão, que integra todas as marcas da rede.
Implementar uma cultura tecnológica em uma empresa tradicional foi um desafio, mas hoje o grupo se considera uma foodtech estruturada, utilizando BI e inteligência artificial. Ferramentas como o DataRão permitem monitorar o comportamento de compra dos clientes e o desempenho dos franqueados.
Visão para o Futuro
O próximo objetivo é transformar o Mundo Rão em um superapp, que incluirá novos segmentos de negócios, como produtos para pets e fitness. Lemos afirma que não deseja competir diretamente com o iFood, mas busca independência em relação a ele.
O grupo aposta na fidelização dos clientes, oferecendo preços até 20% mais baixos no aplicativo próprio e um ticket médio 19% maior. Além de expandir seu ecossistema, Lemos pretende criar uma vitrine para marcas cariocas, promovendo o empreendedorismo no Rio de Janeiro.
O plano inclui uma delegação empresarial à China, onde o CEO está negociando parcerias de tecnologia e novos produtos. O Grupo Rão, que evoluiu de um pequeno restaurante para uma holding de tecnologia avaliada em centenas de milhões, demonstra que há espaço no mercado de delivery para quem valoriza dados, relacionamento e propósito.