O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que há mais de quatro décadas lidera um movimento de insurgência na Turquia, anunciou nesta segunda-feira 12 sua dissolução e o fim da luta armada. A medida ocorreu como parte de um acordo estabelecido entre o grupo e o governo do líder turco, Recep Tayyip Erdogan, em março deste ano.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A partir de hoje, não haverá operações armadas ou atividades políticas sob o nome do PKK, afirmou um comunicado divulgado pelo grupo nesta segunda-feira, acrescentando que o grupo “concluiu sua missão histórica”. “A luta do PKK rompeu com a política de negação e aniquilação do nosso povo e levou a questão curda a um ponto de solução por meio de políticas democráticas.”
O governo turco reagiu com cautela ao anúncio. “Se a nova decisão do PKK for totalmente implementada e todas as suborganizações e estruturas ilegais do partido forem fechadas, este será um ponto de virada”, afirmou Ömer Çelik, porta-voz do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), de Erdogan, segundo a agência de notícias Anadolu. Ele disse ainda que a dissolução foi “um passo importante em direção a uma Turquia livre do terrorismo”.
LEIA TAMBÉM!
O diretor de comunicações da Presidência turca, Fahrettin Altun, declarou em publicação no X que Ancara tomará as medidas necessárias para garantir os progressos em direção a um país “livre do terrorismo”. Ele garantiu que o processo de paz não é de curto prazo ou superficial, e que todas as etapas ocorrem de forma sensível e transparente.
A dissolução do grupo proporcionará ao presidente Erdogan a chance de promover o desenvolvimento na região sudeste da Turquia, majoritariamente curda, onde a insurgência tem causado prejuízos à economia local há décadas.
Âcalan conduz processo de dissolução.
Desde o início da insurgência do PKK em 1984, o conflito, que ceifou mais de 40 mil vidas, impactou significativamente a economia da região e intensificou as tensões sociais.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O grupo, que propunha a formação de um Estado curdo ou de uma região autônoma no leste turco, é considerado uma organização terrorista pela Turquia, União Europeia (UE) e Estados Unidos.
O congresso ocorreu em virtude de um chamado de seu líder, Abdullah Öcalan, detido na Turquia desde 1999, que em fevereiro solicitou o encerramento da luta armada contra a Turquia. A agência informou que Öcalan seria responsável por liderar o processo. No entanto, não foram apresentados detalhes sobre a forma como o desarmamento e a dissolução seriam implementados.
O 12º Congresso do PKK decidiu dissolver sua estrutura organizacional e pôr fim à luta armada, informou a agência de notícias Firat, próxima ao grupo, na declaração de encerramento do encontro realizado na semana passada no norte do Iraque, onde o grupo está sediado. Um líder do PKK disse que todos os 232 membros da organização concordaram unanimemente com a decisão.
Questões em aberto
A partir de agora, as questões centrais serão como conduzir esse processo, quem supervisionará o desarmamento e o que acontecerá com os combatentes da organização. Conforme a agência de notícias ANF, afiliada ao PKK, a organização exige garantias legais para assegurar o processo.
O PKK havia anteriormente ligado sua dissolução à libertação de Öcalan, embora isso ainda não tenha sido confirmado por Ancara.
Ainda não se sabe como o processo afetará a milícia curda Unidades de Proteção do Povo (YPG) na Síria, que lidera uma força aliada dos EUA contra o grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI) e é considerado pela Turquia como um grupo afiliado ao PKK. O próprio YPG já havia afirmado que o apelo de Âcalan não se aplicaria ao grupo.
Várias tentativas anteriores de solucionar o conflito, incluindo um acordo de cessar-fogo entre 2013 e 2015, não obtiveram sucesso.
(Reuters, DPA)
Fonte: Carta Capital