Guillermo del Toro reinventa Frankenstein: trauma, perdão e redenção no filme

Adaptação de “Frankenstein” de Del Toro explora trauma e perdão, com atuações de Oscar Isaac, Jacob Elordi e Mia Goth. O filme inverte a narrativa do livro

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(Imagem de reprodução da internet).

A adaptação de Frankenstein, dirigida por Guillermo del Toro, apresenta uma interpretação distinta do romance de Mary Shelley, focando em temas de perdão e trauma, em vez do horror gótico tradicional. O filme, com atuações de Oscar Isaac, Jacob Elordi e Mia Goth, promove uma análise aprofundada, gerando discussões entre os fãs da obra original e novos espectadores.

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A seguir, destacamos as principais diferenças entre a adaptação e o livro de 1818, com spoilers.

Na obra original, Victor Frankenstein é retratado com uma infância estável e amorosa, sem grandes eventos trágicos. No entanto, o filme inverte essa narrativa, mostrando uma infância marcada pela morte da mãe e pela figura de um pai severo e controlador.

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Essa experiência molda a obsessão de Victor por controlar a vida e desafiar a morte, transformando-o de um jovem ambicioso em um homem atormentado por traumas.

No livro, Elizabeth é apresentada como uma personagem passiva, criada como prima e prometida de Victor. Contudo, no filme, ela assume um papel mais ativo, sendo uma cientista independente e questionadora. Com forte presença intelectual e moral, ela se torna central na reflexão sobre os limites da ciência e desenvolve uma conexão afetiva com a Criatura.

Na obra de Mary Shelley, o monstro é responsável por atos violentos, incluindo o assassinato do irmão de Victor e, posteriormente, Elizabeth. No filme, a Criatura reage com violência apenas em legítima defesa, reforçando sua condição de vítima da intolerância e do abandono, e não de vilão.

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O filme introduz Henrich Harlander, um magnata morrendo de sífilis que financia os experimentos de Victor com interesse pessoal. Essa figura representa a elite que busca dominar a ciência pela promessa da imortalidade, simbolizando uma crítica moderna à exploração da ciência por ganância.

No livro, a cena da criação do monstro é breve e envolta em mistério. Já no filme, o processo é meticuloso, gráfico e perturbador. O espectador acompanha Victor manipulando corpos com frieza, em uma sequência visual intensa que evidencia sua obsessão e desumanização.

A obra de Shelley termina em tragédia, com Victor morto e a Criatura desaparecendo na neve. Del Toro opta por um desfecho conciliador, no qual criador e criatura têm um último diálogo marcado pelo arrependimento e pelo desejo de perdão. A cena final abandona o tom sombrio do livro e propõe uma saída mais humana e esperançosa.

A adaptação de Frankenstein, sob a direção de Guillermo del Toro, oferece uma perspectiva renovada sobre o clássico de Mary Shelley, explorando temas de trauma, perdão e redenção. As mudanças estruturais e temáticas do filme geram um debate interessante, convidando o público a refletir sobre a natureza humana e os perigos da ambição desmedida.

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