Hamas insta o mundo a pressionar Israel para que interrompa a “guerra de fome”
O Hamas anunciou nesta terça-feira que as negociações por um cessar-fogo em Gaza não prosseguiam neste momento.

Não faz sentido iniciar negociações, nem examinar novas propostas de cessar-fogo enquanto persistem a guerra da fome e a guerra de extermínio na Faixa de Gaza, declarou a AFP Bassem Naïm, membro do gabinete político do movimento islâmico palestino. O mundo deve pressionar o governo Netanyahu para pôr fim aos crimes da fome, da sede e aos assassinatos em Gaza, acrescentou ele.
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As alegações surgem no dia seguinte ao anúncio do governo israelense de uma nova campanha militar que prevê a “conquista” da Faixa de Gaza e um deslocamento em massa de sua população para dentro do território.
A operação envolve um ataque de grande escala e o deslocamento da maioria da população da Faixa de Gaza para fora das zonas de combate, declarou o general de brigada Effi Defrin, porta-voz do exército.
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Condenações internacionais
O plano foi fortemente criticado na terça-feira, tendo o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Nol Barrot, afirmado que o governo israelense estava em infração com o direito humanitário. O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou na segunda-feira que ficou “alarmado” pelo plano israelense.
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A China manifesta profunda preocupação com a situação entre Palestina e Israel. Somos contra as ações militares contínuas de Israel em Gaza e esperamos que todas as partes implementem de forma contínua e eficaz o acordo de cessar-fogo.
A Faixa de Gaza, onde quase todos os 2,4 milhões de habitantes foram deslocados, frequentemente, desde o início do conflito, enfrenta um bloqueio imposto por Israel desde 2 de março e vive uma séria crise humanitária.
O porta-voz da Defesa Civil em Gaza, Mahmoud Bassal, anunciou na terça-feira que três palestinos, incluindo uma criança, faleceram após ataques israelenses que ocorreram ao amanhecer em diversas áreas da Faixa de Gaza. O exército israelense reiniciou a operação no território em 18 de março, após suspender um cessar-fogo de dois meses com o Hamas.
O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declara que seu objetivo é “derrotar” o movimento islamista, que provocou a guerra com o ataque de 7 de outubro de 2023 contra Israel, e “resgatar os reféns” sequestrados naquele dia.
O exército israelense fez um apelo a milhares de reservistas. Um alto dirigente das forças armadas declarou, na segunda-feira, que existia uma “janela” para negociações sobre a libertação dos reféns até o término da visita do presidente americano, Donald Trump, ao Oriente Médio, prevista para os dias 13 a 16 de maio.
Israelenses demonstram contra proposta.
Milhares de israelenses protestaram na segunda-feira em Jerusalém, durante a abertura de uma sessão parlamentar, para demonstrar sua oposição ao novo plano do governo.
Não apoiamos mais este governo, nem as decisões dele. Benjamin Netanyahu e a extrema direita estão no poder e o utilizam de forma abusiva contra o povo, o exército e os civis em geral, declarou Raheli ao correspondente da RFI em Jerusalém, Michel Paul. “Essas crianças que estamos matando hoje não fizeram nada: são apenas crianças!” acrescentou a manifestante.
O ataque de 7 de outubro de 2023 causou a morte de 1.218 indivíduos israelenses, predominantemente civis, conforme levantamento da AFP com base em informações oficiais. Deste total, 58 permanecem sob custódia em Gaza, sendo 34 confirmadas como falecidas pelo exército israelense. O Hamas mantém também os restos mortais de um militar israelense falecido em 2014, durante uma operação em Gaza.
A ofensiva israelense de retaliação ceifou, pelo menos, 52.567 vidas em Gaza, na sua grande maioria civis, conforme informações do ministério da Saúde do governo do Hamas, que são avaliados como confiáveis pela Organização das Nações Unidas.
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Fonte: Metrópoles