Homem picado por cobras colabora na produção de soro inovador

Cientistas isolaram anticorpos do sangue de Tim Friede, que por anos injetou doses mínimas de veneno em seu organismo.

05/05/2025 18h14

2 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Picadas de cobra ainda representam um risco sério à saúde em muitas regiões do mundo, principalmente em áreas rurais. Cientistas norte-americanos desenvolveram um novo antídoto mais amplo e seguro, feito com anticorpos de um homem que se “imunizou” voluntariamente por quase 20 anos com venenos de cobras altamente letais.

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Estudo publicado em 2 de maio na revista Cell Press demonstra que o antídoto conseguiu proteger contra 19 espécies de cobras perigosas do mundo em testes com camundongos.

Histórico imunológico singular

Pesquisadores identificaram anticorpos presentes no sangue de Tim Friede, um norte-americano que reside em Wisconsin. Ele é colecionador de répteis e administrou repetidamente pequenas quantidades de veneno de cobras, como a mamba-negra e a naja-real, buscando criar resistência.

Quase toda picada é dolorosa, como uma picada de abelha multiplicada por cem. Eu nunca quis bancar o durão e fazer vídeos para o YouTube. Eu queria pegar as piores cobras do planeta e vencê-las, disse Tim em entrevista ao National Geographic em 2022.

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Sem supervisão médica, Friede experimentou várias reações graves durante o procedimento, incluindo convulsões e febre, mas sobreviveu e, desenvolveu uma imunidade rara e útil para a ciência.

Em comunicado, Jacob Glanville, CEO da Centivax, afirmou que o indivíduo se submeteu a centenas de picadas e autoimunizações com doses crescentes de 16 espécies de cobras altamente letais, que normalmente matariam um cavalo.

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Ele ressaltou que o histórico imunológico do doador é singular e que os anticorpos produzidos por Friede possuem capacidade de neutralizar múltiplas neurotoxinas simultaneamente.

Antídoto pode proteger até contra 19 espécies de cobras.

Os cientistas elaboraram um tratamento, utilizando um conjunto de venenos de 19 espécies de cobras elapídias, como najas, mambas e taipans. Posteriormente, avaliaram diversos anticorpos derivados de Friede em camundongos submetidos à exposição aos venenos.

O resultado foi a criação de um coquetel contendo três componentes principais: dois anticorpos humanos e uma molécula denominada varespladib, que age por inibir toxinas.

O coquetel protegeu os camundongos de doses letais de veneno de 13 das 19 espécies testadas, oferecendo proteção parcial contra as demais. Os pesquisadores acreditam que a mesma combinação pode funcionar contra outras cobras não incluídas nos testes.

Cães podem ser beneficiados.

Após os resultados positivos em modelos animais, o próximo passo será testar o antídoto em cães atendidos em clínicas veterinárias na Austrália após picadas de cobra. A equipe também trabalha em uma formulação contra a outra grande família de cobras venenosas, as víboras, comuns em diversas regiões do mundo.

Os pesquisadores buscam desenvolver um antídoto universal, ou pelo menos dois – um para serpentes elapídeos e outro para viperídeos. Além disso, planejam obter apoio de fundações, governos e empresas farmacêuticas para possibilitar a produção em larga escala e a condução de testes clínicos.

Isso é crucial, pois, embora ocorram milhões de casos de envenenamento por cobras por ano, a maioria ocorre em países em desenvolvimento, afetando desproporcionalmente as comunidades rurais.

O estudo contou com o apoio do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, do Departamento de Energia e do programa de pesquisa para pequenas empresas dos Institutos Nacionais de Saúde.

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Fonte: Metrópoles

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