Hospital da Unicamp implementa política de atendimento a pessoas trans, travestis, intersexo e não-binárias

“O principal impacto é a institucionalização de um cuidado mais humanizado”, declara a enfermeira Isabela Nogueira.

2 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, implementou uma política institucional para o atendimento de pessoas trans, travestis, intersexo e não-binárias. A nova diretriz inclui ações como o reconhecimento do nome social, a adequação do ambiente ao gênero da pessoa atendida e a formação contínua dos profissionais de saúde desde o primeiro contato na recepção até a alta hospitalar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

“O principal impacto é a garantia desses direitos, […], institucionalizar um cuidado mais humanizado”, afirma Isabela Cristina Nogueira, enfermeira e mestre em Ciências da Saúde e integrante do Grupo de Trabalho de Diversidade e Humanização do HC. “Essa política direciona tanto as nossas ações enquanto profissionais, mas também pensa na estrutura hospitalar, no cuidado assistencial, na organização gerencial desse hospital”, explica, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.

Apesar do HC já possuir ambulatórios específicos, como o de gênero, o atendimento à população LGBT+ ainda apresentava dificuldades nos demais setores. A política surge para responder a esse desafio e, segundo Nogueira, é resultado de um processo coletivo, motivado por um episódio classificado como “evento sentinela”, um caso que evidenciou falhas na abordagem da diversidade por parte das equipes de saúde.

LEIA TAMBÉM!

Era difícil até mesmo conversarmos [sobre o caso que motivou a iniciativa] pois se trata de uma violação de direitos quando nossas equipes não sabem quais são os direitos dessa pessoa. […]. Não sabíamos como conduzir esse caso justamente por falta de discussão, indica.

A política foi construída por um grupo interdisciplinar de profissionais voluntários e contou com apoio da gestão do hospital e da Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp.

Primeiro passo

A pesquisadora acredita que a proposta, que já está disponível ao público, pode inspirar outras instituições de saúde. “Essa política está divulgada e estamos completamente à disposição para conversar e colaborar com outras instituições para que essa política sirva de exemplo, inclusive para os hospitais universitários”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para Nogueira, hospitais universitários desempenham um papel central na luta contra a transfobia e na promoção de uma saúde integral. “A saúde é muito mais ampliada. […]. O hospital universitário tem o mesmo papel da universidade de avanço nos direitos humanos. Um papel social importante, de garantir que os princípios e diretrizes do SUS [Sistema Único de Saúde] sejam aplicados”, defende.

Ele ressalta que a política representa um ponto de partida para ações mais abrangentes. “Afirmamos que a política foi apenas o primeiro passo, uma primeira abordagem sobre a temática da diversidade, mas a intenção é que possamos trabalhar questões de gênero, de raça e de classe, que estão em nossas relações diárias”, aponta.

A iniciativa está em consonância com outras ações implementadas este ano pela universidade, incluindo a autorização de vagas para pessoas trans, travestis e não-binárias nos processos seletivos.

Para audir e visualizar.

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Fonte por: Brasil de Fato

Sair da versão mobile