Impeachment de Moraes é tentativa de “pautar debate” para 2026, afirma analista
Analista considera pedidos de impeachment como estratégia da direita radical para impactar as eleições e o Senado em 2026.

A possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro intensificou ainda mais as tensões entre o Judiciário e o Legislativo. Recentemente, parlamentares da oposição protocolaram pedidos de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
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A cientista política Graziele Albuquerque, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, avalia que os pedidos, embora sem perspectiva concreta de avançar, cumprem uma função política. “O objetivo é muito mais pautar o assunto para relembrar que, sim, o impeachment de ministro pode acontecer”, aponta.
Para Albuquerque, a movimentação da oposição visa as eleições de 2026. “Não tenho dúvida de que os partidos de extrema direita tentarão comandar votos para candidatos ao Senado, especialmente falando de partidos de extrema direita e não propriamente de uma direita democrática”, complementa.
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Ela ressalta que a tensão entre os poderes não é recente, porém se intensificou nos últimos anos. “Temos um Congresso que adquiriu muito poder, notadamente o poder orçamentário, que é tradicionalmente do Executivo, sem que isso fosse compensado”, critica.
A cientista política indica que “o 8 de janeiro parece muito inequívoco em relação a isso”.
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O STF não vai âmorder a iscaâ
Contudo, ela acredita que provocações bolsonaristas não produzirão o efeito desejado. “Não acredito que ‘morder a isca’ seja o caso de um tribunal que está muito consciente dos passos que tem dado e tem sido muito cauteloso para evitar prejuízos no processo judicial”, observa.
A leitura de Graziele aponta que a Corte “aprendeu muito depois da Lava Jato”, criticada por abusos e parcialidade. Compara, afirmando que “O Supremo vem dando passos firmes, porém muito conscienciosos para evitar que o tribunal seja acusado de acodamento ou medidas autoritárias”.
Contudo, ela reconhece o contexto de pressão, uma vez que “existe um Judiciário que é árbitro, mas que também é alvo em determinados aspectos”.
A pressão existe, incluindo questionamentos sobre as decisões judiciais nas redes sociais, mas, na medida do possível, o Judiciário tem tentado não abrir tanto o flanco para que essas críticas o atinjam. Nesse momento histórico, há mais coesão do que propriamente discordância, avalia.
Ela considera que a evolução ou não das tensões dependerá do contexto político na retomada da sessão legislativa.
A questão da anistia, a questão do impeachment e das restrições de poder dos ministros flutuam, dependendo do contexto político. A popularidade do governo, os indicadores econômicos e, principalmente, a disputa de 2026 influenciarão significativamente grande parte dessas discussões.
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Fonte por: Brasil de Fato