Incidências de violência contra professores e estudantes aumentam 140% em três anos

Estudo aponta que o discurso de ódio se deslocou da deep web para a internet convencional. Consulte o Poder360.

16/06/2025 14h17

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(Imagem de reprodução da internet).

As publicações com ameaças a estudantes, docentes e gestores escolares no Brasil aumentaram 140% entre 2021 e 2024, conforme dados divulgados na quarta-feira (11.jun.2025) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O volume subiu de 43.830 para 105.192. O ano de 2025 registra um volume ainda maior, com 88.000 posts até 21 de maio.

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Em colaboração com a empresa de monitoramento Timelens, o estudo revela uma alteração no padrão de circulação dos conteúdos. Em 2023, por exemplo, 90% das mensagens com discurso de ódio foram restritas à deep web, uma parte da internet que não aparece em buscas comuns. Em 2025, essa proporção diminuiu para 78%, demonstrando que as ameaças agora circulam mais livremente na web tradicional.

A pesquisa revelou que tanto meninos quanto meninas apresentam taxas semelhantes de cyberbullying – 12% em cada grupo. Contudo, observa-se uma distinção no comportamento agressivo: 17% dos meninos declararam ter adotado atitudes hostis no ambiente virtual, em comparação com 12% das meninas. A porcentagem de comentários que celebram autores de ataques em escolas também cresceu. Em 2011, no ano do ocorrido em Realengo (RJ), 0,2% das mensagens possuíam essa conotação. Em 2025, esse percentual já atingiu 21%.

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Manoela Miklos, pesquisadora sênior do fórum, declarou que o aumento da violência contra meninas e mulheres no ambiente digital se deve a “não haver separação entre o mundo online e o offline – é uma vida só, híbrida”. Segundo ela, se não compreendermos bem essa experiência, não conseguiremos criar respostas eficazes para protegê-las. Para a pesquisadora, o cenário atual exige responsabilidade compartilhada entre Estado, escolas, famílias e sociedade para combater o que ela chama de “raiva silenciosa” cada vez mais ignorada pelas plataformas.

A pesquisa indicou que 95% das meninas relatam possuir pelo menos um amigo próximo com quem compartilhar confidências. No grupo masculino, essa porcentagem é de 85%. Em relação à satisfação com a imagem corporal, menos de 50% dos jovens manifestaram essa sensação.

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“Quando o algoritmo substitui o afeto e a escuta, o risco deixa de ser virtual”, afirmou Renato Dolci, diretor de dados na Timelens. Segundo ele, “os jovens não estão apenas consumindo conteúdo – estão formando identidade em espaços que valorizam o exagero e a exclusão”.

O estudo também analisou o impacto da sexualização precoce entre estudantes do 9º ano, quando os estudantes têm, em média, 14 anos de idade. A proporção de meninas que já tiveram relação sexual aumentou de 19%, em 2015, para 22,6% em 2019. Entre os meninos, houve queda de 35% para 34,6%. Isso gera uma pressão adicional sobre os meninos para “acompanharem” as colegas.

Fonte por: Poder 360

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