Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) identifica esquema de empresas de fachada envolvendo 7 entidades que movimentaram R$ 1,7 bilhão

Aposentada por incapacidade, faxineira e beneficiária do Bolsa Família são diretores oficiais. Organizações contrataram lobistas e representantes do INSS.

02/05/2025 2h55

3 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

A Polícia Federal investiga pelo menos sete associações que movimentaram R$ 1,7 bilhão desde contratos de cooperação técnica com o INSS, suspeitas de envolver dirigentes como “laranjas” para empresários que lucram com descontos indevidos de aposentados.

Entre os membros dessas associações, encontram-se beneficiários do programa Bolsa Família, aposentados com quase 90 anos e renda familiar de R$ 1,3 mil, parentes e até uma faxineira de empresa que recebeu milhões de reais provenientes de associações envolvidas no esquema. Essa relação entre empresas de fachada e empresários foi revelada pelo Metrópoles na série de reportagens Farra do INSS.

As investigações demonstraram que o esquema fraudulento de descontos em mensalidades sobre aposentados, que prejudicou milhões de brasileiros nos últimos anos, afetou diretamente e negativamente a ordem de espera de benefícios em todo o país e causou prejuízo operacional de R$ 5,9 milhões ao INSS.

Aposentados que ocupavam cargos de liderança em organizações, frequentemente, buscaram a assessoria de empresários e do lobista Antonio Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Há suspeitas de que algumas dessas associações tenham efetuado pagamentos de propina a seus dirigentes.

LEIA TAMBÉM:

A Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) firmou, em 2021, um acordo de cooperação técnica com o então diretor José Carlos de Oliveira (PSD), que posteriormente se tornou ministro da Previdência no governo Jair Bolsonaro (PL). A entidade já havia arrecadado R$ 168 milhões desde então. Na época, a entidade era dirigida por Raimunda da Cunha, que tinha 81 anos.

A associação também buscou ampliar os poderes de Roberto Marinho Luiz da Rocha, advogado que figura nos repasses financeiros da própria entidade. A associação é, ainda, uma das pagadoras de Cecília Mota, conectada a várias organizações e suspeita de atuar como operadora de pagamentos a servidores do INSS.

Titular do Bolsa Família foi presidente de organização.

Outra organização no mesmo perfil é a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), que obteve faturamento de R$ 233 milhões. Anteriormente conhecida como ABSP, foi expulsa pelo INSS em 2019. Seu contrato foi readmitido pelo ex-diretor André Fidelis, suspeito de receber propinas de entidades e do “Careca do INSS”, que atuava em diversas associações. Ele também está sob suspeita de receber de Cecília Mota e ter realizado mais de uma dezena de viagens a Portugal com ela.

A AAPEN contava com Maria Eudenes dos Santos como presidente, beneficiária do Bolsa Família e do Auxílio Brasil. Ela procurou Tiago Alves de Araújo, que viajou 15 vezes a Portugal com Cecília Mota e recebeu R$ 120 mil de seu escritório.

Aposentadoria por invalidez

Maria das Graças Ferraz, aposentada por incapacidade, era presidente da Unaspub, que procurou o apoio de Antônio Lúcio Caetano Margarido, proprietário de uma série de empresas de seguros e com movimentações milionárias. A empresa de “Careca do INSS” também constava na lista de beneficiárias da Unaspub, que recebeu credenciamento do INSS em 2022.

A Associação Universo, apontada como suspeita de pagar propina a André Fidelis através de uma empresa de marketing esportivo, também está relacionada a uma extensa lista de empresários e realizou pagamentos a diversas empresas. Sua presidente é Valdira Prado, de 79 anos. A entidade obteve uma receita de R$ 255 milhões desde 2022, após ser credenciada pelo INSS.

A faxineira assume a direção.

A Ambec, Unsbras (atualmente Unabrasil) e Cebap, apontadas como pagadoras de R$ 12 milhões ao apelidado “Careca do INSS”, possuem diretores parentais e funcionários de empresas vinculadas ao empresário Maurício Camisotti. Uma das entidades é registrada como faxineira de uma das empresas.

Entre 2021 e 2023, Ambec, Cebap e Unsbras foram credenciadas ao INSS por José Carlos de Oliveira, Edson Yamada e André Fidelis, gerando faturamento de R$ 852 milhões após a aceitação pelo órgão.

Fonte: Metrópoles

Ative nossas Notificações

Ative nossas Notificações

Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.