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Inteligência artificial: vídeos de IA ganham destaque nas redes

Após a viralização da trend do Studio Ghibli, em que usuários transformavam fotos em animações utilizando inteligência artificial (IA), um novo tipo de conteúdo gerado por essa tecnologia ganhou destaque nas redes sociais. Chamados de “Brain Rot Memes” ou “memes do apodrecimento cerebral”, esses vídeos absurdos e sem sentido, criados por IA, desafiam a lógica e conquistam milhões de visualizações.

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O que é “brain rot”?

A combinação de animais com objetos aleatórios, conhecidos como “Brain Rot”, tornou-se popular entre a geração Z. Vídeos com gatinhos em situações humanas, jacarés que se transformam em aeronaves militares ou tubarões usando tênis, este tipo de conteúdo sem sentido, está ganhando destaque nas plataformas de vídeos curtos.

A psicóloga clínica Juliana Gebrim explica que o “Brain Rot” é um tipo de conteúdo que induz o internauta a um estado de transe. A especialista aponta que, devido ao caráter bizarro e inesperado desses vídeos, eles tendem a viralizar.

O termo se tornou meme, mas revela uma realidade: o excesso de estímulos rápidos e superficiais pode tornar o cérebro apático. A pessoa se acostuma com recompensas imediatas e perde a tolerância para conteúdos que demandam maior concentração ou reflexão.

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Juliana ressalta que o termo “apodrecer o cérebro” é uma expressão exagerada, porém atenta a uma questão relevante. Para a psicóloga, a partir do instante em que o usuário consome esse tipo de conteúdo, o cérebro se adapta a um ritmo acelerado. “Com o tempo, pode haver um impacto na concentração, na paciência, na capacidade de refletir com mais profundidade. Assim, não se trata de que o cérebro apodrece, mas ele pode funcionar de forma cada vez mais superficial se esse for o tipo de estímulo predominante”, explica.

Os vídeos intitulados “Brain Rot” acumulam milhões de acessos nas plataformas de vídeo rápido. A plataforma chinesa TikTok monetiza vídeos publicados em sua rede social, onde os produtores utilizam Inteligência Artificial para obter ganhos com vídeos que “derretem a mente”.

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Juliana destaca que o cérebro humano tem afinidade por novidades e recompensas imediatas, características observadas nos conteúdos denominados “Brain Rot”. Contudo, a psicóloga adverte que, ao se habituar a esse tipo de estímulo, os usuários da internet apresentam menor tolerância ao tédio e menor paciência para conteúdos mais extensos com desenvolvimento completo.

Isso pode ter um impacto significativo em jovens, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento, podendo apresentar maior dificuldade em manter o foco em atividades que demandam mais tempo, como estudo, leitura ou conversas atentas.

Por fim, a psicóloga clínica manifesta que o consumo desse tipo de conteúdo pode ser prejudicial a longo prazo. Além disso, esse tipo de estímulo pode afetar nossa memória de trabalho, que é aquela que utilizamos para raciocinar, resolver problemas e tomar decisões. O excesso de estímulo superficial e fragmentado pode deixar a mente mais dispersa e menos preparada para tarefas que exigem foco e organização.

Geração Z

Segundo a pesquisa Bem-Estar 2022, da Betterfly, 60% dos profissionais da Geração Z – nascidos entre 1995 e 2010 – relataram apresentar sintomas de exaustão e burnout no ambiente de trabalho.

A psicóloga Denise Milk, especialista em saúde mental no ambiente corporativo, aponta que o fenômeno da “infoxicação”, associado ao excesso de informações, é um dos principais fatores que pode contribuir negativamente para o adoecimento emocional dos jovens que apresentam essa tendência. “O excesso de informações impede o aprofundamento das questões, gerando desinteresse e promovendo relações superficiais”, explica.

Fonte: Metrópoles

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