Investigador do INSS identificou irregularidades nos pagamentos de benefícios em 2020

A Polícia Federal foi informada sobre o aumento de filiados da Conafer acima do normal. A investigação sobre o caso só foi iniciada em 2025.

14/05/2025 23h45

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Edifício sede do INSS, em Brasília| Sérgio Lima/Poder360 - 12.mai.2025

Um servidor do INSS informou à PF em 2020 sobre um esquema de descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas, envolvendo a Conafer. A investigação que apura o desvio de até R$ 6,5 bilhões, envolvendo sindicatos e outras entidades, foi iniciada em 2025, resultando no afastamento do presidente do INSS.

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De acordo com informações do Jornal Nacional, um indivíduo, que não se identificou, procurou a Polícia Federal após receber ameaças de morte. Ele trabalhava na área responsável pela análise dos descontos em benefícios previdenciários.

O profissional informou à emissora TV Globo que as ameaças iniciaram-se após identificar irregularidades em auditorias que analisavam os descontos aplicados por associações, sobretudo na interrupção dos acordos da Conafer.

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Ele relatou um aumento súbito e incomum no número de associados à organização. Em janeiro de 2020, a Conafer contava com aproximadamente 80 mil filiados com descontos concedidos nos benefícios do INSS. Em outubro, mesmo com o acordo interrompido, o número subiu para além de 250 mil.

Um relatório da CGU (Controladoria Geral da União) aponta que a Conafer apresentou o maior aumento absoluto no volume de descontos indevidos, saltando de R$ 400 mil por ano em 2019 para R$ 57 milhões em 2020, atingindo R$ 202 milhões em 2023.

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A Polícia Federal instaurou inquérito após a acusação, mas o caso foi encerrado em 2024 sem indiciamentos. A Polícia Civil do Distrito Federal iniciou uma ação em 2020 em razão de denúncias de aposentados do INSS sobre deduções indevidas.

Em fevereiro de 2021, o referido funcionário do instituto compareceu para prestar depoimento e reiterou as suspeitas em relação à Conafer.

O acordo entre a Confederação e o INSS, que possibilitava o desconto direto em folha, foi estabelecido em 2017 e interrompido em setembro de 2020 após a constatação de irregularidades.

Posteriormente, a análise desses acordos passou a ser responsabilidade da Diretoria de Atendimento, o que permitiu a recuperação do convênio com a Conafer.

Em março de 2021, o presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes, compareceu à Polícia Civil do Distrito Federal e negou responsabilidade por descontos indevidos, indicando falhas à Dataprev como causa. Ele se recusou a informar seus rendimentos, sob justificativa de confidencialidade.

Em 2025, a Justiça do Distrito Federal determinou que a Polícia Federal conduziria a investigação do caso, resultando no afastamento do ministro da Previdência e do presidente do INSS.

A Poder360 buscou a Conafer, o INSS e a Polícia Federal para obter esclarecimentos sobre a reportagem, porém nenhuma resposta foi encaminhada até a publicação. O espaço permanece aberto para manifestação.

A PF executou, na quarta-feira (14.mai.2025), duas buscas e apreensões na operação Sem Desconto, que apura um esquema de descontos irregulares em aposentadorias e pensões do INSS.

A Polícia Federal informou em nota que os mandados judiciais foram autorizados pela 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal e cumpridos em Presidente Prudente, cidade do estado de São Paulo.

As pessoas conectadas à Conafer são alvo de investigação da Polícia Federal por suspeitas de fraude no INSS, conforme apurado pelo Metrópoles.

O líder da organização seria o empresário mineiro Carlos Roberto Ferreira Lopes. Ele é proprietário da empresa de gado Concepto Vet e da holding Farmlands, sediada nos Estados Unidos. O filho administra uma empresa de mineração em Minas Gerais, a Lagoa Alta.

Fonte: Poder 360

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