Irã não considera viável o acordo nuclear com os Estados Unidos, afirmam fontes
Os países reiniciam as negociações em Roma na sexta-feira (23).

Irã e Estados Unidos iniciarão nesta sexta-feira (23) a quinta rodada de negociações nucleares de alto risco em Roma, em um cenário de crescente ceticismo em Teerã sobre as perspectivas de um acordo, considerando o endurecimento da posição de Washington.
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Duas fontes iranianas informaram à CNN que as negociações não parecem provávelmente levar a uma resolução, com os EUA insistindo que Teerã desmonte seu programa de enriquecimento de urânio – uma exigência que, segundo autoridades iranianas, causaria o colapso das negociações nucleares.
Os informantes indicaram que a participação da Irã nas negociações de Roma tem como objetivo apenas avaliar a posição mais recente de Washington, e não buscar um possível avanço.
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O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, reafirmou as posições intranscendentes de Teerã antes de se deslocar para a Itália nesta sexta-feira (23).
“Descobrir o caminho para um acordo não é ciência de foguetes”, ele publicou na rede social X antes do voo. “Zero armas nucleares = temos um acordo. Zero enriquecimento = NÃO temos um acordo.”
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Irá viajar para Roma para a quinta rodada de conversas indiretas com os Estados Unidos.
Descobrir o caminho para um acordo não é uma ciência espacial.
A ausência de armas nucleares = temos um acordo. A ausência de enriquecimento = não temos um acordo.
É hora de decidir…
Seyed Abbas Araghchi (@araghchi) 22 de maio de 2025
A administração Trump exigiu que o Irã interrompesse todas as atividades de enriquecimento de urânio, que, segundo o negociador americano Steve Witkoff, “permite a transformação em arma”.
O urânio, um combustível nuclear fundamental, pode ser utilizado para a fabricação de uma bomba se contiver concentrações elevadas de enriquecimento.
O Irã declara que seu programa nuclear é pacífico e manifesta disposição para se comprometer a não enriquecer urânio para fins bélicos, como parte de um acordo.
Em declarações na quinta-feira (22), Araghchi afirmou que o país está aberto a um monitoramento reforçado por inspetores internacionais, mas não abrirá mão de seu direito de buscar energia nuclear, incluindo o enriquecimento de urânio.
Washington se oferece para diminuir as sanções econômicas severas em troca da desnuclearização.
Estados Unidos buscam o fim da concentração de riqueza.
Os Estados Unidos já haviam emitido sinais conflitantes sobre se o Irã teria permissão para enriquecer urânio, porém nas últimas semanas fortaleceram sua posição, afirmando que nenhum enriquecimento será autorizado.
Essa alteração levou autoridades em Teerã a questionar o compromisso dos Estados Unidos com uma resolução, visto que o Irã tem reiterado que o enriquecimento é uma barreira nas negociações.
As duas fontes iranianas informaram à CNN que os iranianos apresentam crescentes dúvidas sobre a sinceridade dos Estados Unidos nas negociações.
As declarações da imprensa e o comportamento negociador dos Estados Unidos frustraram significativamente os círculos políticos em Teerã.
Elas persistiram em afirmar que, “do ponto de vista dos tomadores de decisão no Irã”, quando os EUA sabem que aceitar o enriquecimento zero é inviável e ainda assim insistem nisso, é um indicativo de que fundamentalmente não estão buscando um acordo e estão utilizando as negociações como um instrumento para aumentar a pressão.
Inicialmente, algumas autoridades iranianas consideravam que Washington poderia buscar um acordo “ganha-ganha”. No entanto, atualmente existe um consenso de que o governo Trump está conduzindo as negociações para um impasse.
Eles persistiam em afirmar que, apesar de que nem os Estados Unidos, nem o Irã queiram abandonar a mesa de negociações, a posição de Washington está tornando os diás improdutivos e é improvável que as reuniões formais se prolonguem.
De acordo com informações, Teerã não considera mais sérios os esforços dos Estados Unidos para se afastar da postura inflexível de Israel em relação ao Irã e avalia as propostas americanas como seguindo a agenda do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que defende que nenhuma enriquecimento seja autorizado no Irã.
Delegados iranianos em Roma planejam, na sexta-feira (23), apurar se Washington alterou sua postura.
A capital iraniana provavelmente adotará uma posição mais inflexível, a menos que os Estados Unidos façam propostas concretas.
Estados Unidos reforçam sanções antes de negociações.
Os Estados Unidos exercem pressão sobre o Irã por meio de novas sanções e ameaças de guerra, apesar da manutenção das negociações diplomáticas.
O Departamento de Estado dos EUA anunciou na quarta-feira (21) novas medidas, designando o setor de construção iraniano como controlado diretamente ou indiretamente pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) e 10 materiais estratégicos que, de acordo com o departamento, o Irã está utilizando em relação aos seus programas nuclear, militar ou de mísseis balísticos.
Com essas medidas, os Estados Unidos possuem poderes de sanções mais amplos para evitar que o Irã adquira materiais estratégicos para seu setor de construção sob o controle do IRGC e seus programas de proliferação, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce.
A representante do Ministério das Relações Exteriores do Irã criticou o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em relação à medida, descrevendo-a como “tão ultrajante quanto ilegal e desumana”.
As rodadas sucessivas de sanções dos Estados Unidos apenas reforçam a profunda convicção do nosso povo de que os tomadores de decisões americanos estão determinados a fazer todos os esforços malignos para impedir o desenvolvimento e o progresso do Irã. Essas sanções, anunciadas na véspera da quinta rodada de negociações indiretas entre Irã e EUA, colocam ainda mais em dúvida a disposição e a seriedade americanas para a diplomacia.
Fonte: CNN Brasil