Mundo

Jornais apontam para “conspiração” na decisão de Macron sobre a eleição do novo papa

Segundo uma reportagem do jornal francês Le Monde, publicada na quinta-feira (1º/5), o presidente francês Emmanuel Macron e o movimento católico Sant’Egidio estariam atuando nos bastidores para impulsionar seus candidatos preferidos à sucessão papal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A organização católica, próxima ao papa Francisco e reconhecida pela mediação de conflitos, atua no apoio aos necessitados e na diplomacia alternativa, sobretudo no continente africano.

Após a morte do papa, em 21 de abril, jornais próximos ao governo da primeira-ministra italiana de extrema direita, Giorgia Meloni, discutem os planos de Emmanuel Macron. O presidente francês é acusado de buscar promover seus candidatos no Vaticano.

O Le Monde examinou essa hipótese, apresentada por alguns veículos da imprensa conservadora italiana. A manchete do jornal La Verità na terça-feira (29/4) foi “Macron quer até escolher o papa”. Já o Libero, que compartilha a mesma linha editorial, optou pelo título “Macron se intromete até no conclave”.

LEIA TAMBÉM!

O jornal italiano Il Tempo classificou a ação do presidente francês como um “intervenção digna de um Rei-Sol moderno”, em referência a Luís XIV.

A suspeita surgiu, segundo o Le Monde, após um almoço com quatro cardeais na embaixada francesa próximo à Vaticano, citado em reportagens publicadas pelos jornais franceses Le Figaro e Le Parisien. Parte da imprensa conservadora italiana interpretou a reunião como uma “campanha” para eleger um papa francês.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O encontro ocorreu no sábado (26/4) após os funerales de Francisco, Macron e quatro dos cinco cardeais franceses eleitores: Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, considerado papável, François Bustillo, bispo de Ajaccio, Christophe Pierre, núncio apostólico nos Estados Unidos, e Philippe Barbarin, arcebispo emérito de Lyon.

As especulações dos observadores italianos ganharam força após o jantar realizado na noite anterior no renomado restaurante Dal Bolognese, na Piazza del Popolo, entre Macron e o fundador da comunidade de Sant’Egidio, Andrea Riccardi, com quem ele mantém contato próximo.

Matteo Zuppi, o possível candidato da comunidade Sant’Egidio.

Durante o pontificado de Francisco, a comunidade Sant’Egidio adquiriu relevância nas relações internacionais da Santa Sé. O cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, que possui origem no movimento e é próximo do antigo papa, também é considerado para o cargo de pontífice.

Ele é reconhecido por suas posições a favor dos migrantes e contra os projetos de reformas constitucionais da maioria dominada pela extrema direita de Meloni. A simples afinidade com o governo francês permitiu que surgisse a suspeita de que o cardeal tem o apoio da França no conclave, em oposição aos interesses do governo italiano.

Na quarta-feira (30), o jornal Il Foglio ironizou o “grande plano” de Macron imaginado pela direita, atribuindo a “fofoca” a alguns membros do círculo de Meloni e suas preferências por candidatos mais conservadores. Integrantes de Sant’Egidio afirmam que não existe nenhuma “conspiração” e que “Macron busca apenas entender o processo, não influenciá-lo”.

Vaticano instala chaminé que anuncia a escolha do novo papa.

O Vaticano instalou, na sexta-feira (2/5), a chaminé que anunciará que os cardeais, fechados na Capela Sistina a partir da próxima semana, elegeram o sucessor do papa Francisco. Um total de 133 cardeais votarão a partir da próxima quarta-feira (7/5) para escolher o novo líder espiritual dos 1,4 bilhão de católicos.

Realizam quatro votações diárias: duas pela manhã e duas à tarde, exceto no primeiro dia. Ao final do conclave, os cardeais queimam as cédulas de votação em um forno para anunciar o resultado ao mundo: fumaça preta, caso não haja a maioria de dois terços, e branca, se pronunciarem a famosa frase “Habemus papam”, para indicar que o sumo pontífice foi escolhido.

A Capela Sistina possui dois fornos conectados à mesma chaminé. No mais antigo, são queimados os votos e as anotações dos cardeais. O segundo, mais recente, é utilizado para divulgar o resultado da eleição. Deste, com o auxílio de substâncias químicas, emana fumaça preta (caso os cardeais não alcancem um consenso) ou branca, quando um novo papa é escolhido.

A equipe de bombeiros da Santa Sé instalou a chaminé, escalando até o topo do telhado da capela. O trabalho não chamou a atenção da maioria dos turistas presentes. De acordo com o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, apenas quatro dos 133 cardeais elegíveis para votar ainda não haviam chegado a Roma.

Ele confirmou as ausências do espanhol Antonio Cañizares e do queniano John Njue. Oitenta por cento dos participantes foram selecionados por Francisco. Muitos deles vêm da “periferia” do mundo, áreas que foram historicamente marginalizadas pela Igreja Católica.

Não existirá um Francisco II.

O cúpula é uma reunião que se remonta à Idade Média, quando a escolha de um governante era vista como revolucionária. As decisões são mantidas estritamente confidenciais, sob pena de excomunhão imediata. Celulares e qualquer acesso à internet são proibidos. Os cardeais não têm permissão para ler jornais, ouvir rádio ou assistir televisão. Qualquer contato com o mundo exterior é proibido.

O cardeal salvadorenho Gregorio Rosa Chávez, de 82 anos, afirmou que “o mundo precisa de uma pessoa completamente coerente”. Muitos cardeais acreditam que a eleição será rápida, mas o especialista em Vaticano Marco Politi é cético.

“Este é o primeiro conclave em 50 anos em que há um forte sentimento de fratura dentro da Igreja”, explicou Politi, que prevê uma escolha “entre um papa que desacelera e outro que avança lentamente”. “Não haverá Francisco II”, resumiu.

Consulte a matéria completa no RFI, parceiro do Metrópoles.

Fonte: Metrópoles

Sair da versão mobile